Plenário Nacional de Sindicatos promete combater os ataques do Governo

Intensificar a luta

Muitas centenas de dirigentes e delegados sindicais, afectos à CGTP-IN, e membros de comissões de trabalhadores, participaram, quinta-feira, num Plenário Nacional de Sindicatos, onde foram discutidas as medidas a tomar contra a revisão da legislação laboral, a intervenção a desenvolver nos locais de trabalho para efectivar os direitos consagrados na contratação colectiva e assegurar a melhoria dos salários, de forma a combater a pressão que vem sendo exercida com vista à sua redução progressiva. Também o combate ao desemprego e à precariedade, assim como as acções a desenvolver nesta área, estiveram em debate.

Austeridade e maiores sacrifícios para quem trabalha

Image 10881

Este Plenário Nacional de Sindicatos aconteceu por decisão do Conselho Nacional da CGTP-IN, reunido no dia 27 de Junho, de intensificar a acção sindical ao longo do Verão.

Na Resolução aprovada no encontro, que mais tarde foi entregue na residência oficial do Primeiro-ministro, depois de um desfile até S. Bento, em Lisboa, os dirigentes e delegados sindicais, assim como os membros de comissões de trabalhadores, alertam para a degradação da situação económica e social, «consequência directa das políticas de austeridade, do Governo PSD/CDS, que provocaram a recessão económica, o encerramento de empresas e o agravamento do desemprego, a diminuição do poder de compra decorrente da redução dos salários e das pensões, o roubo dos subsídios de Férias e de Natal, o aumento do custo de vida e das despesas no acesso à saúde à educação, o agravamento das desigualdades e o empobrecimento generalizado da população».

Neste documento, a CGTP-IN refere ainda que as alterações ao Código do Trabalho, aprovadas com os votos favoráveis dos deputados do PSD/CDS (com a abstenção do PS), «têm como objectivo impor mais austeridade e maiores sacrifícios a quem trabalha e constituem um retrocesso social e civilizacional que tem que ser combatido por todos quantos defendem a justiça social».

«A decisão do Presidente da República em promulgar estas alterações entra em rota de colisão com a Constituição da República, porque infringe vários dos seus princípios e normas, designadamente, entre outros, os princípios da dignidade da pessoa humana, do direito ao trabalho e à segurança no emprego, da conciliação da vida profissional com a vida familiar, da liberdade sindical e do direito à contratação colectiva», acusa a Intersindical.

 

Abusos e ingerências

 

Da mesma forma, defende a CGTP-IN, a negociação colectiva «não pode sujeitar-se a abusos e a ingerências absurdas e ilegais do Governo, que têm por objectivo impor o trabalho forçado e gratuito», ou ser «substituída por decisões unilaterais das administrações e do grande patronato».

«A contratação colectiva tem de constituir um instrumento de harmonização social no progresso, um elemento privilegiado para prevenir os conflitos sociais e um factor de desenvolvimento económico e de coesão social do País», reclama-se na Resolução, onde se manifesta oposição ao «definhamento do sector produtivo», à «desregulação das relações de trabalho e o condicionamento dos seus direitos, liberdades e garantias dos trabalhadores», ao «aumento da exploração e o empobrecimento generalizado das famílias», ao «aumento da dependência externa e da dívida», à «fragilização da democracia» e à «perda de soberania».

«Lutar contra esta politica que empurra o País para o precipício, a classe média para a pobreza, os pobres para a miséria e os excluídos para fora das estatísticas, é um imperativo nacional, logo uma prioridade de todo o movimento sindical unitário», afirma a CGTP-IN, que apela à prossecução da «luta» contra as «reestruturações selvagens», quer de empresas públicas, quer de áreas importantes da Administração Pública, que visam «degradar e reduzir as funções sociais do Estado, o Poder Local democrático e o serviços públicos».


Acção reivindicativa


Na Resolução aprovada no Plenário Nacional de Sindicatos, a CGTP-IN saúda os trabalhadores e trabalhadoras de todos os sectores de actividade que têm realizado ou vão realizar greves e outras formas de luta «por melhores salários e condições de trabalho, na defesa de direitos», contra «a política do Governo e as posições retrógradas do patronato», pela «exigência de uma mudança de política que responda às necessidades e anseios dos trabalhadores e das suas famílias» e que «coloque o País no rumo de progresso e da justiça social».

Os dirigentes e delegados sindicais, assim como os membros das comissões de trabalhadores, anunciaram ainda que vão dinamizar, no imediato, em todos os locais de trabalho, a mobilização dos trabalhadores, «com vista a assumirem, desde já, o compromisso de desenvolverem as acções e as lutas que forem necessárias para defender a contratação colectiva e impedir a eliminação ou diminuição dos direitos existentes».

De igual forma, será intensificada a acção sindical integrada nos locais de trabalho, dos sectores privado e público, «articulando o reforço de organização sindical de base com a dinamização, envolvimento e mobilização dos trabalhadores na acção e luta reivindicativas, de forma a concretizar as suas reivindicações, nomeadamente a actualização dos salários, incluindo o aumento do Salário Mínimo Nacional, a transformação dos vínculos laborais precários em definitivos e a efectivação dos direitos consagrados nas convenções colectivas de trabalho».

Do Plenário saiu ainda o apelo à participação dos jovens trabalhadores na iniciativa que a Interjovem e outras organizações de jovens vão promover no dia 14 de Junho (ver página 6), em Lisboa, e a promessa da participação activa na «quinzena de informação, esclarecimento e mobilização», até ao dia 20 de Julho, que, a nível nacional, vai fazer de cada local de trabalho «um espaço de discussão e de acção contra a revisão da legislação laboral, pela redinamização da acção reivindicativa, tendo como princípio fundamental de orientação sindical que, nos sectores e nas empresas, a lei aplicável e a contratação colectiva».



Mais artigos de: Em Foco

Lutar convivendo

Largas centenas de pessoas rumaram, no passado domingo, do centro da cidade do Porto à praia fluvial de Porto de Rei, em Resende, para participar no Passeio das Mulheres CDU do Porto. Há já mais de 22 anos que esta iniciativa traz ao convívio do Partido gente que, embora possa não partilhar da militância comunista, partilha do mesmo sentimento de necessidade de lutar contra as injustiças causadas por sucessivos governos de direita e contra os ataques – cada vez mais ferozes – aos trabalhadores e aos seus direitos.