CGTP-IN mobiliza e apela à resistência
Mobilizar os trabalhadores e a opinião pública, e com eles discutir as formas de luta a adoptar para resistir travando os ataques aos seus direitos e condições de vida é o propósito da «Semana de acção, de protesto e de proposta», convocada pela CGTP-IN, que decorrerá por todo o País, de 11 a 17 de Julho.
Combater a destruição de direitos, das condições de vida e de trabalho
«Atenta a qualquer aproveitamento do período de férias, por parte do Governo PSD/CDS-PP, para avançar com medidas anti-sociais», a Intersindical decidiu agendar uma semana de luta, que consistirá em plenários descentralizados, nos locais de trabalho, e acções várias em todos os distritos. «Promover a troca de opiniões nos locais de trabalho e por todo o País, com os trabalhadores e as populações, sobre as formas de luta a adoptar para travar o ataque aos direitos e às condições de vida povo português», explicou ao Avante! o membro da Comissão Executiva do Conselho Nacional, Arménio Carlos.
Com estas acções, que se «desenvolverão em coordenação com as comissões de trabalhadores e os representantes sindicais na área da saúde e segurança no trabalho», a central pretende, desta forma, afirmar que «as políticas que nos pretendem impor não são inevitáveis e que temos propostas alternativas, que respondem aos anseios dos trabalhadores e das populações, indispensáveis para romper com esta politica de direita que aponta para o retrocesso social», considerou, lembrando que as propostas da central já «foram apresentadas durante as eleições».
Acompanhado por Valter Lóios, coordenador da Interjovem/CGTP-IN, organização juvenil sindical que tem também uma acção nacional, marcada para o próximo 9 de Julho, no Parque Eduardo VII, em Lisboa ( ver página 6), Arménio Carlos explicou como, com estas acções, através de «uma grande diversidade de iniciativas», a CGTP-IN pretende «mobilizar e envolver a população para combater as propostas da troika e do Governo de direita, por serem profundamente injustas e tenderem a acentuar a política de elevada precariedade, de cada vez mais desemprego e de aumento das desigualdades e da pobreza que temos tido».
Alargar a unidade
Salientando «um vasto conjunto de reuniões e encontros com os activistas sindicais e centenas de reuniões e de plenários, tanto no sector público, como no privado», Arménio Carlos revelou que «para alargar a base da unidade sindical» esta semana culminará com «iniciativas de rua, que demonstrarão os problemas concretos dos trabalhadores no plano dos salários, da precariedade, da defesa dos postos de trabalho e da luta pela melhoria das suas condições de vida, bem como das dos desempregados, dos pensionistas e dos reformados».
Concentrações, manifestações e tribunas públicas terão lugar, «sempre envolvendo os trabalhadores e as populações, procurando que as acções, nas grandes cidades, tenham expressão mais significativa, designadamente em Lisboa, Porto, Braga, Coimbra, Aveiro, Faro, Alentejo, Santarém, Leiria e Viana do Castelo».
Para 11 de Julho, em Coimbra, está marcada uma sessão-debate, subordinada às alterações à legislação laboral, ao ataque à contratação colectiva e à «necessidade constante da sua afirmação no terreno enquanto instrumento de progresso social», ao estabelecimento de serviços mínimos e outros condicionamentos vividos nos locais de trabalho, decorrentes de tentativas de impedimento do exercício do direito de greve», explicou o dirigente da CGTP-IN.
Uma luta de todos
«A luta dos trabalhadores dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC) diz respeito a todos os trabalhadores e, por isso, é também uma luta tanto pelos interesses nacionais como pelos postos de trabalho e a produção nacional», considerou Arménio Carlos.
Na passada sexta-feira, a central solidarizou-se com a luta dos trabalhadores dos ENVC (ver páginas centrais), ameaçados por um despedimento colectivo, através de um comunicado onde manifestou total apoio à concentração de protesto destes trabalhadores que estava agendada para ontem, naquela cidade.
Para Arménio Carlos, a situação, naquela empresa, «demonstra bem a subordinação do Governo aos interesses económicos e financeiros das grandes potências estrangeiras, com a destruição de empregos e a tentativa de degradação de uma unidade industrial de extrema importância, pela sua capacidade técnica e as elevadas potencialidades e competências que tem demonstrado, tanto no plano interno como externo».
Para combater esta e as outras privatizações, a CGTP-IN «retomará um trabalho, em todas as empresas ameaçadas de privatização, para concretizar uma linha comum de intervenção em defesa dos direitos desses trabalhadores, dos utentes, das populações e do País».
Tomar a iniciativa
Mantendo como prioridade a luta pelo direito e efectivação da contratação colectiva, a central pretende «tomar a iniciativa, privilegiando um trabalho direccionado para as bases, no local de trabalho, onde se verifica o confronto de classe. É aí que temos de reforçar as nossas posições, para que esta central, criada pelos trabalhadores em 1970, continue a reforçar a sua credibilidade junto de quem a criou», considerou Arménio Carlos, lembrando que «reforçar a organização sindical de base e a acção reivindicativa, nos locais de trabalho, são objectivos centrais de toda a acção da CGTP-IN. Com esse objectivo, a central realizará, em data a anunciar, um encontro de quadros para melhor organizar a acção em cada sector.
A renegociação é inevitável
Outro forte motivo para a convocação da «Semana de acção, de protesto e de proposta» deve-se ao facto de que «aquilo que falhou na Grécia não pode resultar em Portugal», considerou Arménio Carlos.
Para a CGTP-IN, renegociando-se a dívida, «o Estado ficará em melhores condições para poder promover o investimento público e desenvolver, de forma sustentada, a economia nacional».
Outra necessidade urgente é a de «produzir mais e melhor, tanto para exportar como para responder às necessidades do mercado interno», explicou, avisando que se estas medidas não forem adoptadas, «o País não sairá da recessão em que o PS, o PSD e o CDS o colocaram».
«É neste quadro que partidos de esquerda coerentes, como o Partido Comunista Português, são fundamentais pelas suas acções de denúncia e de apresentação de propostas alternativas», afirmou, considerando que o PCP «continua a ser um importantíssimo aliado do movimento sindical e dos trabalhadores, em tudo o que respeita ao desenvolvimento da sua luta, e, só por si, isso é muito importante nos tempos que vivemos».