Um ano depois do golpe nas Honduras

Resistência apela à luta

A Frente Nacional de Resistência Popular sublinha que o país é um campo de batalha entre «a dominação e a liberdade» e alerta para a situação desesperada em que se encontra a oligarquia.

«O golpe foi uma acção desesperada da oligarquia»

Num manifesto político divulgado na página oficial do movimento, a FNRP lembra que, depois do golpe de 28 de Junho de 2009, a oligarquia «nunca imaginou que enfrentaria um dos sinais de coragem e dignidade mais importantes na história da América Latina». As Honduras são agora um campo de batalha entre «o velho e o novo», onde se enfrentam «as hordas de criminosos do fascismo internacional» e «as forças políticas progressistas e democráticas e os sectores sociais historicamente oprimidos».

«A Resistência –diz o documento - é a expressão genuína da combinação revolucionária das forças que fizeram fracassar os planos do império norte-americano e da oligarquia local», tornando-se um «um sujeito social e político».

Para a FNRP, «o golpe militar foi uma acção desesperada da oligarquia contra o início de um processo de transformação que estava a ser levado a cabo pelo governo do presidente Manuel Zelaya», o qual, «apesar de ter chegado ao poder por dentro do sistema definido para preservar interesses económicos dos ricos, foi capaz de fazer um exercício legítimo de soberania nacional, colocando o Estado ao lado dos pobres e em favor da mudança», demonstrando «grande coragem e ousadia para enfrentar uma oligarquia parasitária, corrupta e criminosa».

«O que começou como uma tentativa de pequenas reformas para fortalecer a produção nacional e reduzir a recente privatização dos serviços públicos e os recursos que ainda tinha o Estado, foi evoluindo para um compromisso com a transformação estrutural do Estado e da sociedade, através a instalação da Assembleia Nacional Constituinte», explicam.

Oligarquia desesperada

«A situação da oligarquia é desesperada», analisa a FNRP, já que, adiantam, «os poderes do Estado são usados para uma acentuada crise fiscal e financeira que pode degenerar na falência do país». Já não são capazes de obter os crédito necessários no mercado internacional, diz a Resistência.

Por outro lado, a resistência popular reforça-se, «aumentando a sua capacidade organizativa e de coordenação a nível nacional», sendo ainda capaz de «manter a unidade na diversidade ideológica» dentro da FNRP, atrevendo-se a lutar por uma sociedade mais justa.

Relembrando os mártires que deram a vida no combate pela liberdade e a democracia e exigindo que os responsáveis pelas mortes e as torturas sejam punidos, a FNRP sublinha que «é preciso intensificar a exigência da convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte» verdadeiramente representativa dos hondurenhos, que refunde um Estado soberano e comprometido com o progresso democrático e o bem-estar do povo, que desmantele a repressão e o crime com que a oligarquia defende o poder.

É igualmente urgente «cancelar as ilegais concessões dos sectores estratégicos da economia, tais como as telecomunicações, energia, água, florestas, portos, mineração, hidrocarbonetos e aeroportos» e «implementar um economia mista, que permita a participação das pessoas, distribua equitativamente a riqueza e satisfaça as legítimas aspirações e reivindicações das pessoas de uma vida digna».

A concluir, a FNRP apela ao povo hondurenho para que organize frentes de resistência nas «aldeias, vilas, distritos, povoados, municípios, departamentos, e em organizações sociais, sindicatos, federações, empresas rurais ou associações profissionais». O objectivo é «reforçar a organização» e intensificar a luta.



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