Faleceu no passado sábado, com 73 anos, o camarada António Malaquias Abalada, funcionário do PCP na Organização Regional de Santarém.
Filho de
trabalhadores rurais, António Abalada, que era natural de Alpiarça,
cedo se envolveu na luta política, tendo sido preso pela primeira vez,
em 1950, numa das jornadas de luta mais intensas que Alpiarça conheceu,
tinha então 23 anos.
Em 1959, já integrado na organização de Alpiarça
do PCP, como membro do Comité Local, é de novo preso pela sua
participação activa nas lutas de 1958 e enviado para a cadeia
de Aljube e depois para Caxias. Sai da prisão em 1960 mas volta a ser
preso em Abril de 1962, no seguimento de uma das maiores greves dos operários
agrícolas por melhores salários.
Em 1963 sofre a última e mais prolongada prisão, primeiro para
a cadeia do Aljube, de onde é transferido para o Forte de Peniche, onde
se manteve até 1969, altura em que sai com liberdade condicionada.
Camarada de grande coragem e convicção, continuou a participar
nas lutas do operariado agrícola, integrado nas comissões de luta
e de defesa dos trabalhadores nas praças de jorna de Alpiarça.
Em 1972, é um dos fundadores da primeira Associação de
Produtores de Melão em Vila Franca de Xira, participando também,
em 1973, na negociação do horário de trabalho, único
no País, feito em função da hora solar.
A sua casa servia, ainda, como ponto de apoio a muitos camaradas que viviam
na clandestinidade.
A partir do 25 de Abril, prosseguiu o seu trabalho militante, já como
funcionário do Partido e sempre ligado às questões do mundo
rural.
Foi deputado do PCP à Assembleia Constituinte pelo círculo de
Santarém.
Na mensagem de condolências à sua família, a Direcção
da Organização Regional de Santarém do PCP lembra o "combatente
pela liberdade, por um mundo mais justo, pelos valores de Abril, pelo socialismo"
que foi António Abalada, afirmando que o seu exemplo "obriga-nos
a que, com maior abnegação, com maior clarividência, com
firmeza de princípios e com base na nossa ideologia, aprofundemos a nossa
ligação ao povo português e o nosso combate pelo que conquistámos
com Abril".
O seu funeral foi uma demonstração viva do respeito e admiração
que António Abalada inspirava a quantos o conheciam, nele se integrando
diversos membros da direcção do PCP, entre os quais, Luísa
Araújo, Albano Nunes, Jerónimo de Sousa, José Casanova,
Raimundo Cabral, Eugénio Pisco, Armando Rodrigues, Jorge Ferreira.
«Avante!» Nº 1472 - 14.Fevereiro.2002