PROJECTAR EM MAIO A FORÇA DE ABRIL

«Centenas e centenas de milhares saíram à rua para afirmar Abril»

Por todo o País, o povo saiu à rua para afirmar os valores de Abril. Foi uma impressionante resposta de massas face à situação nacional e internacional que vivemos e à ofensiva antidemocrática de reabilitação da ditadura fascista, contra Abril e as suas conquistas, que visa apagar os seus valores, aprofundar o domínio dos grupos económicos sobre a economia e a vida nacional para acumular lucros brutais, promover forças e projectos reaccionários e atacar os direitos dos trabalhadores e do povo.

Foi uma notável forma de o povo afirmar, mais uma vez, a sua identificação com o 25 de Abril e o regime democrático que ele fez nascer, a contrastar com a decisão do Governo de cancelar iniciativas, a propósito das solenes exéquias pelo falecimento do Papa Francisco, quando, como o PCP sublinhou, «homenagear o Papa Francisco não é com cancelamentos, é acima de tudo afirmar os valores da paz e da justiça, que nortearam a sua intervenção e que constituem também valores da Revolução de Abril».

A massiva participação da juventude nestas comemorações constituiu também mais uma clara demonstração de que a Revolução de Abril e os seus valores não são uma mera recordação para os que a viveram, mas constituem um património de referência e esperança para o País, capaz de mobilizar a jovem geração em sua defesa e pela afirmação dos seus valores.

Sendo diversas as iniciativas que decorreram por todo o País, merece registo particular a manifestação da Avenida da Liberdade em Lisboa, um verdadeiro mar de gente que inundou o imenso espaço entre o Marquês de Pombal e o Rossio, num clima de combativa afirmação antifascista e de festa popular, cheia de força, coragem e determinação.

Amanhã é o 1.º de Maio, a grande jornada dos trabalhadores, convocada pela CGTP-IN com expressões em todos os distritos do País e que vai acolher o poderoso impulso democrático que vem das comemorações do 25 de Abril, dando expressão às reivindicações dos trabalhadores, a partir das empresas e locais de trabalho, culminando as muitas lutas que se vêm travando em torno da sua acção reivindicativa.

Um momento particularmente importante que propicia uma nova arrancada na luta pelos salários e as pensões, pela habitação, em defesa dos serviços públicos, com destaque para o SNS, sujeito a um continuado processo de desmantelamento, de que é expressão o recente encerramento de diversas urgências hospitalares, e pela paz. Um momento que incita a um novo desenvolvimento da luta pela ruptura com a política de direita que o Governo PSD/CDS prossegue e por uma outra política que dê centralidade à valorização do trabalho e dos trabalhadores, promova o progresso social e a paz.

Momento significativo que incita igualmente à intensificação do combate nas batalhas eleitorais que este ano se realizam, a começar já pelas eleições legislativas de 18 de Maio, travando esta batalha com uma campanha de massas, privilegiando o contacto directo, o esclarecimento e a mobilização para o apoio à CDU. CDU, a força política que é portadora de uma política alternativa com soluções para os problemas nacionais e respostas às justas reivindicações e aspirações dos trabalhadores.

O reforço da CDU, com mais votos e mais deputados, será no plano eleitoral, a melhor forma de garantir que as reivindicações dos trabalhadores, que tantas lutas têm travado, tenham tradução no plano institucional em defesa dos seus interesses e não para promover os interesses do capital monopolista como têm feito PSD e CDS e os seus sucedâneos do Chega e IL e que o PS, apesar das diferenças, também tem apoiado nas questões essenciais.

A quebra do fornecimento de energia eléctrica em Portugal, ocorrida anteontem, pela perturbação, custos e impactos que provocou, exige medidas de apoio e socorro às populações bem como o apuramento rigoroso das causas que estiveram na origem desta falha e a identificação das opções que se colocam para garantir no futuro a segurança e a soberania energéticas em Portugal.

Exige também uma rápida avaliação dos impactos e prejuízos decorrentes deste acontecimento, bem como medidas de reparação de danos e apoio a sectores afectados.

Como se viu nas comemorações do 51.º aniversário do 25 de Abril e se voltará a ver amanhã na jornada de luta do 1.º de Maio, a força de Abril determinou tais avanços na sociedade portuguesa que, apesar dos retrocessos que a política de direita vem imprimindo, muitas delas, reflectidas no texto da Constituição, graças à luta dos trabalhadores e do povo e ao insubstituível papel do PCP e da CDU, mantêm-se de pé. E, sobretudo, mantêm-se vivos os seus valores, como demonstrou esta extraordinária mobilização popular, com grande participação juvenil, em sua defesa e pela sua projecção no futuro de Portugal.

Uma força assim é um positivo sinal de confiança de que é possível garantir uma grande participação no 1.º de Maio, já amanhã; de que é possível intensificar a luta pela resposta aos problemas; de que é possível esclarecer e mobilizar apoios à CDU para que se abra caminho a uma outra política no rumo de Abril.