- Nº 2682 (2025/04/24)

No 155.º aniversário de Lénine: o valor da sua obra e a actualidade do seu pensamento

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Vladimir Ilitch Lénine, o dirigente da Revolução de Outubro de 1917 e do primeiro Estado socialista, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, nasceu em 22 de Abril de 1870.

Assinalar o 155.º do seu nascimento e lembrar o seu papel, com o seu partido, na luta emancipadora dos trabalhadores e dos povos de todo o mundo, sendo um dever de memória, é sobretudo motivo de inspiração e de confiança para a luta na actualidade pela superação revolucionária do capitalismo, contra o imperialismo e contra a guerra, pela democracia, o progresso social, a paz e o socialismo.

Ao evocar Lénine recordamos que a fundação do PCP, com os seus objectivos revolucionários, sendo criação do movimento operário português, deve muito a Lénine e à projecção em Portugal e em todo o mundo da primeira revolução socialista vitoriosa.

Ao evocar Lénine, sublinhamos a actualidade da teoria revolucionária que guiou o seu partido “bolchevique” na insurreição que derrubou o czarismo e conduziu à conquista do poder pela aliança de operários e camponeses. Teoria que explica o mundo e indica como transformá-lo e que, fundada por Marx e Engels, passou à história como marxismo-leninismo, em resultado do seu desenvolvimento criativo por Lénine na época do imperialismo.

Ao evocar Lénine evocamos a determinação, a coragem e a criatividade com que enfrentou os maiores obstáculos no caminho da revolução e a sua ilimitada confiança, mesmo nos momentos em que tudo parecia perdido, na força da luta dos trabalhadores e das massas populares e no papel de vanguarda do partido comunista.

Ao evocar Lénine evocamos a sua sólida posição de classe e o seu firme combate tanto ao oportunismo de direita como ao dogmatismo esquerdista, distinguindo sempre o inimigo e a tarefa principal em cada fase e etapa da luta, e definindo as correspondentes alianças ou convergências da classe operária, mesmo que limitadas e transitórias, sem nunca perder de vista o objectivo supremo da construção de uma sociedade sem exploradores nem explorados.

Ao evocar Lénine evocamos o internacionalista consequente, o intransigente lutador contra o imperialismo e contra a guerra, o fundador do movimento comunista internacional com a criação da III Internacional, a Internacional Comunista, e o contributo histórico da Revolução de Outubro e do exemplo das primeiras realizações do poder soviético para o movimento operário nos países capitalistas e para o movimento de libertação nacional.

Ao evocar Lénine evocamos o criador do primeiro partido revolucionário “de novo tipo” que, com base na análise marxista da peculiar situação da Rússia czarista e, no plano mundial, da fase superior do capitalismo, foi o lúcido intérprete das mais sentidas aspirações das massas trabalhadoras, a começar pela Paz e pela Terra, e se tornou na vanguarda que as conduziu ao poder.

Lénine legou aos trabalhadores e aos povos de todo o mundo um elevado exemplo de vida e uma obra ímpar escrita no calor da luta e visando, com a análise concreta da situação concreta, responder aos problemas do desenvolvimento da própria luta. Entre outras, obras como “Que Fazer?”, “Duas tácticas da social-democracia na revolução democrática”, ”O esquerdismo, doença infantil do comunismo”, “Materialismo e Empiriocriticismo”, “O Estado e a Revolução”, “O imperialismo, fase superior do capitalismo”, lidas e estudadas tendo em conta o seu contexto histórico, continuam a ser factores de inspiração para a luta nos dias de hoje. A vida e a obra de Lénine encerram experiências e lições de valor universal.

Prosseguir a luta com a memória de Lénine
É certo que a URSS, o Estado de operários e camponeses fundado por Lénine, já não existe. Mas esse imenso salto atrás no processo libertador, não apaga a realidade de que os grandes avanços civilizacionais do século XX estão indissoluvelmente ligados à Revolução de Outubro – esses “Dez dias que abalaram o mundo” –, às suas inéditas realizações e ao papel da União Soviética na vida internacional, em que avulta a Vitória sobre o nazi-fascismo, cujo 80.º aniversário este ano se comemora. Nem põe em causa a possibilidade e necessidade do socialismo. Pelo contrário. O aprofundamento da crise estrutural do capitalismo que aí está e os imensos perigos que resultam das tentativas do imperialismo para inverter o declínio da sua influência no plano mundial, tornam objectivamente mais necessária e actual do que nunca a superação revolucionária do capitalismo.

A memória de Lénine incita-nos a persistir com coragem no combate por uma sociedade de igualdade e de justiça social, a confiar na força invencível da luta dos trabalhadores e do povo, a cuidar do reforço do Partido e da sua ligação às massas, a desenvolver a luta contra o militarismo e a guerra e a contribuir para o necessário reforço do movimento comunista e revolucionário internacional e da frente anti-imperialista.

Dando continuidade ao imenso legado de Lénine, o PCP continua com confiança e profundamente empenhado na luta em defesa dos direitos, interesses e anseios dos trabalhadores e do povo português, pela ruptura com a política de direita, por uma alternativa patriótica e de esquerda capaz de abrir caminho à resolução dos problemas do País, pela democracia avançada com os valores de Abril no futuro de Portugal, pelo socialismo e o comunismo.