Por Abril! Com a coragem de sempre!
As realizações da Revolução foram alcançadas a pulso, com luta, trabalho, projecto
Faltam poucas horas para que, por todo o País, em centenas e centenas de iniciativas, os trabalhadores e o povo sejam os grandes protagonistas das comemorações dos 51 anos da Revolução do 25 de Abril.
Mais de meio século depois do dia inicial, inteiro e limpo, o carácter popular dessas comemorações, envolvendo várias gerações, é a prova mais viva de que apesar da brutal ofensiva ideológica de natureza reaccionária e retrógrada que marca a realidade nacional, Abril persiste, vive no ideário e na luta do nosso povo, continua a marcar a nossa realidade e é por isso, e também… futuro.
A Revolução portuguesa é uma das mais importantes realizações históricas do povo português, um poderoso acto de emancipação social e nacional que transformou toda a realidade social, económica, política e cultural, terminou com a guerra colonial e alterou profundamente o modo como Portugal se passou a relacionar com o mundo. Foi uma verdadeira Revolução democrática e nacional, ainda que inacabada. A sua enorme magnitude e conquistas influenciam até aos dias de hoje a nossa vida e a evolução do nosso País.
Abril não foi um mero momento, golpe ou mudança política. Foi um processo revolucionário que não começou em 1974 nem se esgotou em 1976. Germinou durante décadas numa longa e heróica luta dos trabalhadores e do povo, que se articulou com as lutas de libertação nacional nas antigas colónias portuguesas. Foi fruto de inúmeras lutas e da corajosa acção de revolucionários, democratas e patriotas, entre os quais, e com justo destaque, os comunistas. Essa é a razão pela qual Abril, os seus valores e ideais, continuam vivos e actuais e a mobilizar forças e massas populares, apesar de décadas de contra-revolução. A revolução portuguesa não foi “apenas” a conquista da liberdade. Assumiu desde sempre uma opção e um inequívoco conteúdo transformador de classe, assentando sempre na mais ampla unidade de classes e camadas antimonopolistas na luta antifascista.
A magnitude das conquistas da Revolução é inseparável do papel central dos trabalhadores e das massas populares na luta que, em lutas profundamente ligadas à vida de todos os dias, desgastou e derrotou o regime fascista e o capital monopolista a ele associado. Foi esse conteúdo de classe, e a corajosa luta e intervenção do PCP, que determinou a direcção e o caminho para o derrubamento do fascismo e os objectivos da revolução portuguesa. No dia 25 de Abril de 1974, com um mar de gente na rua, com o PCP afirmando-se como a grande força da Revolução, o povo confirmou-se como obreiro e dono do seu próprio destino e provocou uma autêntica explosão de vontades e de projectos para o País que renascia. Por mais que se tente reescrever a História, esta é a explicação da criatividade revolucionária, energia popular, alegria, convicções e determinação que marcaram a Revolução de Abril.
Abril teria sido impossível se não tivesse havido quem, nas mais difíceis condições de luta, tivesse a plena consciência e a certeza cientificamente edificada de que era possível derrotar o poder e o terror da ditadura fascista e que isso implicava derrotar todas as suas bases, desde logo a económica, ligando sempre essa luta dos trabalhadores e do povo pela paz, a justiça e o progresso. A Revolução portuguesa não foi um caminho linear, teve avanços e recuos, como qualquer processo de luta transformador. Foi ela própria uma conquista. As realizações históricas da Revolução tiveram de ser alcançadas a pulso, com luta, trabalho, projecto, muita determinação e muita arte na construção da unidade dos trabalhadores e do povo.
Estes são ensinamentos que devemos ter muito presentes nos dias de hoje. Comemorar Abril é ter a certeza de que a luta é o caminho, de que é possível derrotar a política de direita e as forças reaccionárias, que os trabalhadores são sempre os grandes obreiros dos avanços civilizacionais, e que o futuro deste País está nas mãos do povo! A luta continua! Amanhã, dia 25, no 1.º de Maio e também nas urnas, no dia 18! Com a coragem de sempre, porque a nossa vida importa!