Palestina condena silêncio perante crimes israelitas
Diferentes forças políticas palestinianas condenaram o silêncio por parte de alguns face ao genocídio cometido por Israel na Faixa de Gaza ao longo do último ano e meio. Ali, desde 2 de Março, por imposição das forças israelitas, não entram água, alimentos, medicamentos e combustível.
Silêncio face aos crimes israelitas é cumplicidade
O Conselho Nacional Palestiniano instou as organizações internacionais e os Estados do mundo a fazerem cessar o bloqueio imposto por Israel contra a Faixa de Gaza, que impede a entrada de água, alimentos, medicamentos, combustíveis e outros produtos vitais. Qualificou de genocídio a ofensiva militar israelita contra a população palestiniana neste território e afirmou que o mundo deve intervir para romper o injusto e mortal cerco à Faixa de Gaza imposto durante meses, que converteu a vida de mais de dois milhões de pessoas num inferno insuportável.
Realçou que o povo palestiniano sofre «uma grave escassez de alimentos básicos, faltam medicamentos e abastecimentos vitais». Denunciou que as crianças, incluindo recém nascidos, estão desnutridos e que muitos deles morreram de fome ou desidratação, no meio de um colapso total do sistema de saúde. Criticou a escalada militar sem precedentes, evidenciada pelos bombardeamentos indiscriminados e os ataques sistemáticos contra hospitais, centros de saúde e tendas de campanha de deslocados.
«Crime atroz»
Entretanto, um dirigente da Fatah criticou o silêncio de instâncias internacionais perante a agressão militar israelita em curso contra a Faixa de Gaza, a qual qualificou de «crime atroz», acusando Israel de violar «todas as convenções e proibições internacionais».
Quase todos os hospitais no território palestiniano estão fora de serviço devido aos sistemáticos bombardeamentos e ao bloqueio israelita que impede a entrada de medicamentos e equipamentos vitais. Além disso, denunciou os assassinatos de civis, incluindo crianças, a deslocação massiva de cidadãos e a violação de mulheres. E reiterou que o silêncio face a estes crimes equivale a cumplicidade.
Destacou ainda a importância da unidade entre os palestinianos e que todas as forças palestinianas devem estar sob a égide da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), que é o único representante do povo palestiniano.
Do seu lado, a Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP) advertiu que a aliança entre os EUA e Israel representa uma ameaça para os povos do Médio Oriente. A FPLP denunciou os sistemáticos ataques israelitas contra a Faixa de Gaza e os ataques norte-americanos contra o Iémen – considerando que estes são inseparáveis dos crimes de genocídio contra o povo palestiniano – e criticou o silêncio e a cumplicidade de várias instâncias internacionais.
A aliança entre Washington e Telavive representa «um inimigo directo dos nossos povos, um inimigo a que há que fazer frente com toda a resistência, firmeza e perseverança», considera a FPLP, que apelou ao povo norte-americano que repudie estes horríveis massacres.
«Um inferno na terra»
A continuação dos ataques sionistas coincide com as ordens do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, de intensificar a pressão sobre a resistência palestiniana para obrigá-la a aceitar as condições de Telavive.
Calcula-se que pelo menos 40 por cento do território da Faixa de Gaza esteja hoje controlado directamente pelo exército israelita e que 500 mil palestinianos tenham sido deslocados à força, uma vez mais, como resultado do reinício dos ataques militares, a 18 de Março.
O responsável do Comité Internacional da Cruz Vermelha na Faixa de Gaza qualificou as condições de vida neste território como «um inferno na terra», devido às agressões e ao bloqueio pelas forças de Telavive. «A vida quotidiana em Gaza converteu-se numa missão de sobrevivência interminável», lamentou.
Agências das Nações Unidas e organizações não-governamentais, palestinianas e internacionais, convergem na denúncia da catastrófica situação humanitária na Faixa de Gaza, causada pelos contínuos ataques israelitas e pelo bloqueio total que impede há mais de 45 dias a entrada de produtos vitais, ameaçando de fome mais de dois milhões de pessoas e constituindo uma flagrante violação das convenções, tratados e princípios internacionais.
Os números de vítimas são devastadores: a agressão israelita à Faixa de Gaza já causou pelo menos 51.025 mortos, a maioria mulheres e crianças, e mais de 116.400 feridos, além de milhares de pessoas que estão desaparecidas.
Ataques ao Iémen
Além das agressões contra a Faixa de Gaza e dos ataques militares na Cisjordânia, Israel prossegue os ataques e a ocupação de zonas no Líbano e, igualmente, na Síria, perante ténues protestos do actual governo em Damasco.
A par disso, os EUA intensificam os bombardeamentos aéreos contra o Iémen. No dia 18, os ataques da aviação norte-americana flagelaram, entre outros alvos, o porto petrolífero de Ras Isa, provocando mais de uma centena de mortos e feridos e destruição de infra-estruturas. 70% das importações e 80% da assistência humanitária ingressa no Iémen através de Ras Isa e dos portos de Hodeidah e As-Salif. Já no dia 20, registaram-se novos ataques na zona da capital iemenita, Saná.
Nas últimas semanas, a aviação dos EUA efectuou dezenas de ataques contra diversos alvos no Iémen, provocando centenas de vítimas e danos materiais.
Desde há mais de um ano que os hutís atacam, sobretudo no Mar Vermelho, navios ao serviço de Israel e seus aliados, principalmente dos EUA e do Reino Unido, exigindo o fim do genocídio na Faixa de Gaza e em solidariedade com a legítima resistência do povo palestiniano contra a política de ocupação de Israel.