«O facto de haver eleições legislativas, que não estavam previstas, no ano em que estamos empenhadíssimos nesta batalha autárquica, não é motivo para atrapalhação. Pelo contrário, é um motivo para irmos mais longe no contacto, no esclarecimento, na mobilização, nos caminhos que se abrem para falar com muita gente. O que se coloca é ganhar mais pessoas para esta força popular, para esta força unitária que é a CDU».

As palavras são do Secretário-Geral do PCP, Paulo Raimundo, ao intervir, na terça-feira, 15, na sessão pública de apresentação do candidato da CDU à presidência da CMS, João Dias.

O acto decorreu em Serpa, no auditório do Musibéria, repleto de apoiantes. Na tribuna, além dos oradores, estiveram João Efigénio Palma, actual presidente da Câmara de Serpa; Manuela Pica, mandatária concelhia da candidatura da CDU; Ângelo Alves, da Comissão Política do Comité Central do PCP e responsável pela Direcção Regional do Alentejo do PCP; Miguel Violante, do Comité Central e responsável pela Organização Regional de Beja do PCP.

Paulo Raimundo saudou o grupo coral feminino «As Ceifeiras de Pias», que tinha aberto a sessão com duas modas: «Aquilo a que assistimos foi cante, foi cultura, foi arte, mas mostrou também luta, trabalho, dedicação, construção colectiva – e a CDU é isso tudo».

Realçou que João Dias é o primeiro rosto de uma «equipa de gente séria, bem conhecedora da realidade do concelho de Serpa, de gente honesta para dar continuidade a um projecto que está ao serviço, e só ao serviço, do povo desta terra».

Destacando que o projecto autárquico no concelho de Serpa «não dorme à sombra daquilo que realizámos, e foi muito», vincou que a CDU «está aqui para trabalhar, para unir a população do concelho de Serpa, e não para dividir, e é com a CDU que a população concelhia conta para o presente e para o futuro». Reiterou que o concelho de Serpa «não precisa de aventuras, o que precisa é de mais CDU, mais força, mais empenho, mais mobilização e mais envolvimento da população para resolver os grandes desafios que enfrentamos». E enalteceu «o «esforço, o empenho e a dedicação» do actual executivo camarário, de maioria CDU.

Antes das eleições autárquicas, previstas para Setembro ou Outubro, haverá legislativas antecipadas, já marcadas para 18 de Maio. A propósito, o Secretário-Geral do PCP referiu que «é uma evidência a falta que faz um deputado que represente este povo, esta gente de trabalho do distrito de Beja, que seja a sua voz na AR». Disse que no último ano não houve essa voz, mas que «vai voltar a haver», pois que com «a dedicação e a força da CDU», Bernardino Soares será eleito como uma voz do Alentejo no Parlamento. E insistiu: «O desafio que temos aqui no distrito de Beja é muito grande, não é fácil, sabemos disso. Mas aquilo que serve a população deste magnífico concelho de Serpa, o povo deste distrito, é aquilo que ficou às claras, de forma evidente, durante este ano – é que é urgente e necessário que a voz do povo, a voz do trabalho, o cante, voltem à AR».

Como o código postal…
O primeiro candidato da CDU pelo círculo de Beja, nas eleições legislativas, Bernardino Soares, usou da palavra para garantir a grande determinação da CDU em «dar combate à direita e à política de direita, e lutar por uma política que seja justa para a população, que promova o desenvolvimento e que combata as injustiças sociais».

Defendeu para o distrito de Beja, tal como para o País, o aumento de salários e reformas; a luta contra a precariedade; o reforço dos serviços públicos, a começar na saúde; o investimento público (fazer o IP8 até Ficalho, investir na ferrovia, aproveitar o aeroporto de Beja…); aumentar a produção nacional (agricultura sustentável, mais indústria transformadora, ligada à agricultura e à extracção de minério); potenciar o rico património cultural da região.

Nas eleições deste ano, cada voto vai contar – lembrou Bernardino Soares. E esclareceu que não são duas batalhas, é uma só: «tudo o que fizermos para termos um bom resultado nas legislativas é como o código postal – é meio caminho andado para termos um bom resultado nas autárquicas».

Mariana Silva, dirigente do Partido Ecologista «Os Verdes», que com o PCP, a Associação Intervenção Democrática e outros democratas constituem a CDU, também interveio. Disse que João Dias «é o rosto de um colectivo de mulheres e homens que estão preparados para continuar a cumprir Serpa, defendendo a qualidade de vida da população, protegendo o património cultural e natural, apoiando a agricultura e a protecção dos solos, assegurando o ordenamento do território».

Valorizar por igual todo o território

O candidato da CDU à presidência da CMS, João Dias (de 51 anos, enfermeiro, deputado à AR pelo PCP entre 2018 e 2024 eleito pelo círculo de Beja), comprometeu-se a «ouvir quem interessa, o povo do concelho» e a valorizar por igual todo o território concelhio. Elogiou os trabalhadores municipais e garantiu-lhes condições laborais dignas e instalações modernas e de qualidade, com equipamentos e formação contínua, para que possam desempenhar as suas funções com segurança e eficiência.

Defendeu lutar pela reintegração do Hospital de S. Paulo no Serviço Nacional de Saúde; valorizar o movimento associativo cultural e desportivo; apoiar a economia concelhia, a sua modernização e inovação; combater o despovoamento; e, com trabalho, honestidade e competência, em permanente diálogo com a população, continuar a promover o desenvolvimento para todos.

Para «preparar Serpa para a economia do século XXI», João Dias afirmou que «é preciso ter ambição e ser capaz de atrair a investigação e os estudos superiores para Serpa, dando continuidade ao trabalho feito no Ensino Secundário, focado em áreas como a cultura, as novas tecnologias, as energias renováveis e a gestão sustentável», o que «constituirá uma alavanca para atrair investimentos inovadores, formar os nossos jovens nas competências do futuro e fixar talentos que, hoje, são obrigados a partir». «Imaginemos um concelho com um centro de conhecimento, onde empresas de novas tecnologias encontram mão-de-obra qualificada, infra-estruturas modernas e parcerias com universidades», perspectivou o candidato, assegurando: «Este não é um projecto utópico. São passos estratégicos, que é necessário começar a preparar para garantir que o concelho é um protagonista do progresso».