Milhares e milhares nas ruas com a CGTP-IN por mais salário e melhores pensões
No sábado, dia 5, milhares e milhares de trabalhadores de todos os distritos e sectores de actividade saíram às ruas, com faixas, bandeiras e palavras de ordem, correspondendo ao apelo da CGTP-IN, para aumentar a mobilização e luta por mais salário e melhores pensões, em defesa dos serviços públicos e das funções sociais do Estado. Ficou expresso o compromisso de prosseguir esta luta, nas comemorações do 25 de Abril, na grande jornada do 1.º de Maio e também nas eleições de 18 de Maio.
Direitos e salários dos trabalhadores são factores essenciais de desenvolvimento
No Porto, reunindo trabalhadores deste distrito e de Viana do Castelo, Braga, Vila Real, Bragança e alguns concelhos de Aveiro, que saíram, pouco depois das 10 horas, do Campo 24 de Agosto, para a Avenida dos Aliados. Aqui, intervieram Beatriz Castro, do Secretariado da DN da Interjovem, e Filipe Pereira, da Comissão Executiva do Conselho Nacional da CGTP-IN e Coordenador da União dos Sindicatos do Porto.
Em Coimbra, a partir das 10h30, manifestaram-se trabalhadores do distrito anfitrião e de Leiria, Castelo Branco, Viseu, Guarda e outros concelhos de Aveiro. Saíram da Avenida Fernão de Magalhães (junto ao Centro de Saúde) para a Praça 8 de Maio, contando com a participação do Secretário-Geral da CGTP-IN, Tiago Oliveira. As intervenções estiveram a cargo de João Maduro, da Interjovem, e Luísa Silva, do Conselho Nacional da CGTP-IN e coordenadora da União dos Sindicatos de Coimbra.
Para Lisboa convergiram trabalhadores deste distrito e de Setúbal, Santarém, Portalegre, Beja, Évora e Faro. Concentraram-se no Príncipe Real, de onde partiram, pouco passava das 15 horas, para o Cais do Sodré. Do palco, instalado na Praça do Duque da Terceira, intervieram Rodrigo Azevedo, do Secretariado da DN da Interjovem, e o Secretário-Geral da CGTP-IN, Tiago Oliveira.
Ainda mais importante
«No actual contexto político, esta nossa iniciativa de hoje assume ainda maior importância», sublinhou Tiago Oliveira, de tarde, em Lisboa, notando que «se fartam de nos falar de instabilidade política e de incertezas», «mas, instabilidade na vida vivem os trabalhadores há tempo demais».
Até às eleições legislativas, «há quem se prepare para discutir tudo e não discutir nada». Para a CGTP-IN, «é preciso que digam abertamente, sem esconder, o que querem e o que perspectivam, na resposta urgente à melhoria das condições de vida e de trabalho, na resposta urgente, que é necessária, aos serviços públicos, na resposta urgente, que é fundamental para o desenvolvimento do País», «sem esquecer que não há desenvolvimento de nenhum país, sem a melhoria das condições de vida do seu povo».
Tiago Oliveira acentuou «a importância de, nesta campanha, discutirmos os problemas concretos dos trabalhadores e do País», e concretizou: «salários, horários de trabalho, combate à precariedade, contratação colectiva, serviços públicos, Serviço Nacional de Saúde, escola pública, Segurança Social, habitação».
O Governo PSD/CDS, tal como sucedeu com governos anteriores, foi «obrigado pela luta dos trabalhadores a dar resposta a algumas situações», mas «realizou uma política que, não só não resolveu, como agravou os problemas», «contando sempre, como no futebol, com o apoio das suas “equipas B”, a IL e o CH, em todas as matérias fundamentais». Tal política «manteve e acrescentou mecanismos de contenção salarial, para aumentar a exploração», acusou Tiago Oliveira, citando como exemplo «o Acordo Tripartido, celebrado com patrões e a UGT». Por outro lado, «contou com o PS para viabilizar o seu Programa de Governo e o Orçamento do Estado para 2025».
Citou dados da DGERT (Ministério do Trabalho), indicando que «o patronato, ao mesmo tempo que quer travar o aumento do salário mínimo nacional, procura que as tabelas salariais fiquem pouco acima» do SMN. Assim, uma grande parte dos trabalhadores aufere salários baixos, «porque temos um problema, a chantagem e a arma, que os sucessivos governos têm dado ao patronato, da caducidade da contratação colectiva».
O Secretário-Geral da CGTP-IN criticou «anos e anos da mesma conversa». Em resposta à exigência de «melhores salários, mais direitos, melhor futuro, ouvimos sempre, do outro lado, que é preciso responder aos interesses da empresa, leia-se, do capital», «como se os direitos e o aumento dos salários não fossem factor essencial de desenvolvimento».
Prosseguir a luta
«É por isso que a acção e organização dos trabalhadores é fundamental», para «conduzir lá, na empresa ou no serviço onde estamos, a força da luta, a força de quem trabalha, o sério e firme combate contra quem continua, através da exploração de quem trabalha, a encher os bolsos», apelou.
Na intervenção do Secretário-Geral, como na Resolução aclamada logo a seguir, foram reafirmadas as principais reivindicações da confederação, dirigidas ao Governo e ao patronato, tendo à cabeça o aumento geral dos salários em 15 por cento, pelo menos, num valor não inferior a 150 euros, a valorização das carreiras e profissões, a fixação do salário mínimo nacional em mil euros, a reposição do direito de contratação colectiva, revogando a caducidade e demais normas gravosas da legislação laboral, e a redução do horário de trabalho semanal para 35 horas.
A CGTP-IN vê nestas reivindicações «objectivos das lutas que travaremos no futuro imediato», nas empresas e locais de trabalho, e que «vamos afirmar nas comemorações populares do 25 de Abril e na grande jornada de luta do 1.º de Maio». A luta por estes objectivos, assegurou Tiago Oliveira, será levada também «às eleições de 18 de Maio, usando o voto para dar mais força, na Assembleia da República, a quem defende os direitos dos trabalhadores», e «vai continuar depois das eleições».
Na Resolução, sublinha-se que «foi com a luta que garantimos aumentos de salários e direitos e que demos um contributo essencial para rechaçar ataques a direitos fundamentais», confiando que «será com a luta que enfrentaremos o patronato e derrotaremos novas ofensivas do capital e a acção das forças e projectos reaccionários» e «abriremos caminho para a construção de um País mais justo».
Solidariedade do PCP e da CDU
A par da mobilização de militantes e apoiantes para participarem nesta manifestação nacional da CGTP-IN, o PCP e a CDU tiveram delegações de dirigentes, deputados e candidatos, a reafirmar solidariedade com a luta, nas três cidades.
Em Lisboa, o Secretário-Geral do Partido, Paulo Raimundo, integrou-se na manifestação no Largo Trindade Coelho, acompanhado por Francisco Lopes, João Ferreira, João Oliveira, Patrícia Machado e Paula Santos, membros dos organismos executivos do Comité Central.
Ali esteve também uma delegação do Partido Ecologista «Os Verdes», com Heloísa Apolónia, José Luís Ferreira e Mariana Silva, da Comissão Executiva Nacional.
Em declarações aos jornalistas, Paulo Raimundo saudou esta «grande jornada de luta, convocada pela CGTP-IN, pela vida melhor a que as pessoas têm direito». «É hoje muito evidente que só há uma forma de aumentar salários, como temos dito, é aumentando os salários», «não é com manobras no IRS, não é com este ou aquele subsídio», insistiu o dirigente comunista.
Paulo Raimundo reiterou a necessidade de «uma luta que avance, que seja muito forte, que aumente - agora, antes das eleições, nas eleições e depois das eleições», porque «é esta luta que vai determinar a consagração de direitos, tal e qual como foi a luta que consagrou direitos, o Governo não deu nada, teve de ceder a esta luta».