Imperialismo norte-americano incrementa estratégia contra a China

Um documento interno da Secretaria da Defesa dos EUA, divulgado recentemente por órgãos de comunicação do país, é revelador das orientações da Administração Trump em matéria de política externa. Nesse documento, assinado pelo próprio Secretário da Defesa Pete Hegseth, surge clara a reorientação da máquina de guerra norte-americana para a região do Indo-Pacífico, confrontando a China, reafirmada nesse documento como a «maior ameaça aos EUA».

A pretexto de Taiwan, os EUA pretendem aumentar a presença na região de tropas, submarinos, bombardeiros, unidades especiais e artilharia moderna com elevada capacidade destrutiva. Numa visita recente à base de Guam, no Índico, Hegseth reafirmou esta reorientação face à China e considerou que os militares ali instalados serão «pontas de lança» para as operações militares norte-americanas.

Refere-se também ditas «ameaças» mais próximas – «no nosso hemisfério», lê-se no documento –, como o Canal do Panamá ou a Gronelândia, onde há dias esteve o vice-presidente dos EUA, Vance, numa visita à base militar norte-americana de Pitufikk, mal vista pelas autoridades locais. O próprio presidente Trump reiterou, numa entrevista televisiva, que os EUA têm a intenção de anexar a Gronelândia durante o seu mandato.

Estas prioridades levam a que os EUA «assumam riscos» noutras regiões, como a Europa ou o Médio Oriente. A estratégia passa por continuar a pressionar os aliados da NATO e outros para que gastem mais em armamento e contingentes militares e assumam um papel mais preponderante nos conflitos que se travam naquelas regiões. As reuniões de Riade, entre os EUA e a Rússia, devem ser lidas à luz da táctica dos EUA.

China defende diálogo
O ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, instou os EUA a fortalecerem o diálogo bilateral, aumentarem a compreensão mútua, evitarem mal-entendidos e gerirem as diferenças com os princípios da igualdade e do respeito. O chefe da diplomacia chinesa fez essas declarações durante uma reunião, no dia 26 de Março, em Pequim, com o vice-presidente da direcção do Conselho Nacional de Relações EUA-China, Evans Greenberg.

Wang Yi salientou que os dois países têm interesses amplos e um vasto espaço de cooperação, o que permite benefícios mútuos. «A China está disposta a dialogar e negociar com os EUA para resolver as preocupações razoáveis das duas partes», declarou, segundo a agência noticiosa Xinhua.

O encontro ocorreu num contexto de tensão causada pela guerra tarifária promovida pelos EUA contra a China e outros países. No momento em que o ministro Wang Yi apelava ao diálogo, Washington incluiu mais uma dezena de entidades chinesas, incluindo subsidiárias da companhia tecnológica Lenovo, na lista de restrições de exportação do Departamento de Comércio dos EUA.

Pequim denunciou o abuso destes instrumentos de controlo de exportações e a imposição de sanções unilaterais ilegais de forma indiscriminada por parte dos EUA a pretexto da sua «segurança nacional». O governo chinês considerou que tais acções constituem um comportamento hegemónico típico, assim como uma grave violação do direito internacional e das normas básicas das relações internacionais.

 



Mais artigos de: Internacional

Argentina saiu às ruas para dizer «nunca mais!»

Centenas de milhares de manifestantes encheram a emblemática Praça de Maio, em Buenos Aires, no Dia da Memória, Verdade e Justiça, 24 de Março. Na Argentina, a data recorda o início da ditadura militar, durante a qual milhares de pessoas foram presas, torturadas e assassinadas. Muitas delas ficaram desaparecidas.

Prosseguem contactos entre os EUA e a Rússia

Delegações dos EUA e da Rússia prosseguem contactos com vista à normalização das relações diplomáticas entre os dois países e a uma eventual solução para o conflito que se trava no Leste da Europa. Moscovo reiterou, entretanto, que se opõe categoricamente à anunciada instalação de forças militares de países da NATO na Ucrânia.

Venezuela destaca normalidade da produção petrolífera e de gás

A administração norte-americana agravou as sanções contra países e empresas petrolíferas que operam e comercializam com a Venezuela. O Governo venezuelano ripostou afirmando que as empresas de países terceiros não necessitam de autorização de nenhum outro governo estrangeiro para operar ou comercializar com a Venezuela, devendo respeitar apenas o quadro legal venezuelano.

Revolução Cidadã e Pachakutik assinam acordo no Equador

No Equador, o movimento político Revolução Cidadã (RC) e o partido indígena Pachakutik (PK), juntamente com outras organizações sociais, assinaram um acordo programático com vista à segunda volta da eleição presidencial, a 13 de Abril. Num acto de massas, em Tixán, na província andina de Chimborazo, a 275 quilómetros de...

Administração Trump ataca Iémen e ameaça o Irão

Lusa Os EUA efectuam desde há duas semanas bombardeamentos maciços contra diferentes cidades do Iémen, incluindo Saná, a capital. Há um número indeterminado de mortos e feridos e uma enorme destruição de habitações e outras...

Só com paz é possível desenvolvimento

Em dois anos, a guerra civil no Sudão, que não cessa, custou já pelo menos 24 mil mortos, 14 milhões de refugiados e deslocados e uma enorme devastação nesse país africano. O conflito armado começou em meados de Abril de 2023, alegadamente por divergências entre os dois principais chefes militares sudaneses, até então...