Cerca de 700 pessoas participaram, domingo, em Corroios, Seixal, num almoço comemorativa do 104.º aniversário do PCP. Paulo Raimundo apelou à defesa da paz, da solidariedade e da cooperação entre os povos.
A entrada do Secretário-Geral do PCP foi notada pela gigante ovação e salva de palmas que ecoou no espaço. Seguiu-se um «belo almoço», preparado, confeccionado e servido, com muito orgulho, pelos camaradas do concelho, como foi valorizado por Paulo Raimundo, na intervenção que encerrou a iniciativa. O momento contou ainda com as palavras de Catarina Menor, da Direcção Nacional da JCP, de Paulo Silva, presidente da Câmara Municipal do Seixal, e de Paula Santos, da Comissão Política e líder parlamentar do PCP. No palco estiveram membros de todas as organizações de freguesia do concelho do Seixal, da Comissão Concelhia e dos organismos executivos do Comité Central.
«Tempos sombrios»
Depois de recordar o papel fundamental do Partido na luta contra o fascismo e no criar de condições que possibilitaram o 25 de Abril, um dos mais altos momentos da história do País, Paulo Raimundo destacou a importância da realização do XXII Congresso do PCP, que se realizou nos dias 13, 14 e 15 de Dezembro de 2024, no concelho vizinho de Almada, sob o lema «Força de Abril. Tomar a iniciativa, com os trabalhadores e o povo. Democracia e socialismo», que foi «um sinal de esperança para enfrentar os tempos sombrios que o mundo atravessa».
Denunciou «toda a desumanidade» dos «crimes de Israel sobre a população palestiniana» com «as armas dos EUA». O apelo soltou a palavra de ordem «Palestina vencerá», tantas vezes gritadas em inúmeras acções, em todo o País e no mundo.
«É preciso pôr fim à matança em curso», reforçou, chamando de «criminosos» tanto aqueles que cometem os crimes, como os que são cúmplices desses mesmos crimes. «Os hipócritas da União Europeia, mas também o Governo português, têm as mãos manchadas do sangue da Palestina», acusou, reclamando «acções fortes que ponham fim à barbárie que está em curso», até porque «os povos não precisam da corrida aos armamentos, da guerra e da confrontação», mas «de paz. É esta a grande urgência.»
Confronto com a República Popular da China
O Secretário-Geral do PCP falou também sobre o «posicionamento táctico do imperialismo norte-americano relativamente» à Ucrânia, que «não tem nada a ver com paz». «O que há, isso sim, é manter a todo o custo os interesses dos EUA e recentrar toda a sua força, o seu confronto, com a República Popular da China», esclareceu, avisando: «Trump não é um acidente do sistema», antes «um valioso e perigoso instrumento de um capitalismo que não hesita em recorrer à guerra e ao fascismo», que apelidou de «bestas e monstros». «É particularmente triste e preocupante ver as potências imperialistas europeias a insistirem até ao limite no prolongamento da guerra», apontou, lamentando o facto de nunca haver «dinheiro para a saúde, a educação, as pensões, os salários, combater a pobreza», mas sempre existirem «meios e recursos para o armamento e para a guerra». «É preciso, tal como o PCP tem dito desde a primeira hora, acabar com esta loucura», frisou Paulo Raimundo.
Agravamento dos problemas nacionais
Sobre o governo PSD/CDS, disse que «mais não foi do que uma comissão gestora dos interesses dos grupos económicos», que sempre contou com o apoio decisivo do Chega, da Iniciativa Liberal e do PS. «São todos responsáveis pelo agravar dos problemas» de «quem trabalha e trabalhou uma vida inteira» e «o País não aguenta mais a promiscuidade entre o poder político e o poder económico», com «toda a corrupção» que lhe está associada, acusou o dirigente comunista, referindo-se aos dois milhões de pessoas «empurradas para a pobreza», ao «assalto» à Segurança Social, ao «desmantelar do Serviço Nacional de Saúde», aos «ataques» aos direitos laborais.
Relativamente à «entrega» dos recursos públicos aos grupos económicos, Paulo Raimundo deu a conhecer que o governo decidiu privatizar, na 25.ª hora, a Silopor, uma empresa estratégica para o País, com um papel muito importante na regulação do preço da armazenagem do cereal (58 por cento do total nacional), relevante nos preços dos produtos alimentares. «O assalto é tão grande e tão descarado» que o executivo PSD/CDS «decidiu perdoar 157 milhões de euros de divida» à empresa que gere a Silopor, transferindo riqueza do Estado para o sector privado.
Resolver os problemas da maioria
Também por isso, o Secretário-Geral do PCP pediu mais votos e deputados da CDU nas eleições legislativas de 18 de Maio, que é «a única solução que está colocada para resolver os problemas da maioria». «Seja qual for o cenário pós-eleitoral, é na CDU, é nos seus votos, nos seus mandatos, que estará, como acontece hoje, a força determinada de combate e de construção, de denúncia e de soluções, a força de convergência e de esperança», afiançou. Para hoje está prevista a apresentação dos primeiros candidatos da CDU aos 22 círculos eleitorais e no dia 8 de Abril é apresentado o compromisso eleitoral.