Israel desrespeita cessar-fogo e ataca a Faixa de Gaza
Israel retomou os bombardeamentos contra a população palestiniana na Faixa de Gaza, provocando muitas centenas de mortos, desaparecidos e feridos. A resistência palestiniana denunciou que os ataques são uma flagrante violação de todas as convenções internacionais e humanitárias.
Ataques aéreos israelitas provocaram centenas de mortos e desaparecidos em poucas horas
Centenas de palestinianos foram mortos na terça-feira, 18, em consequência do recomeço dos bombardeamentos israelitas contra a Faixa de Gaza. Entre os mortos há famílias inteiras, incluindo crianças, mulheres e idosos.
Em Telavive, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, proclamou o reinício da guerra e advertiu que o seu alcance será ampliado gradualmente nos próximos tempos.
A agressão ocorre num momento de degradação da situação humanitária no território devido ao encerramento, desde 2 de Março, das passagens fronteiriças por parte de Israel, impedindo assim a entrada de ajuda humanitária e sanitária.
Estes ataques representam uma flagrante violação de todas as convenções internacionais e humanitárias, denunciou o gabinete de imprensa das autoridades da Faixa de Gaza, que acusam as forças de ocupação israelitas de continuarem os seus massacres como parte do genocídio incessante contra o povo palestiniano. «Os brutais massacres que a ocupação continua a cometer confirmam uma vez mais que esta só conhece a linguagem do assassinato, da destruição e do genocídio e revelam as suas verdadeiras intenções de derramar o sangue de inocentes», destacou.
Israel violou acordo
Entre 19 de Janeiro e 1 de Março, vigorou na Faixa de Gaza um cessar-fogo, como a primeira fase do acordo estabelecido entre a resistência palestiniana e Israel, que contempla ainda mais duas fases, que Israel se recusa a cumprir.
Na noite de 1 para 2 deste mês, depois de expirar o período estipulado para a primeira fase do acordo, que durou 42 dias, e mantendo-se a recusa de Israel em discutir a segunda fase do acordo assinado, as autoridades israelitas anunciaram que o enviado especial dos EUA para o Médio Oriente, Steve Witkoff, propôs um novo plano que prolongava o cessar-fogo temporário na Faixa de Gaza, mas que desrespeitava os termos e os compromissos que haviam sido assumidos por Israel no acordo que havia anteriormente firmado.
Quando em Doha representantes do governo israelita e da resistência palestiniana, além dos mediadores dos EUA, Catar e Egipto, discutiam as propostas de paz, Israel retomou a guerra de agressão contra a Faixa de Gaza.
Catástrofe humanitária
Cerca de 80 por cento da população palestiniana na Faixa de Gaza não tem acesso regular a alimentos devido ao criminoso bloqueio israelita ao território, o que ameaça provocar uma fome generalizada.
Em Ramala, as autoridades avisaram no início desta semana que, após mais de 15 dias de fecho das passagens fronteiriças por onde transita a ajuda humanitária, a situação começa a ser desesperada. No território palestiniano costeiro, seis das 25 padarias encerraram por falta de farinha e há uma grave escassez de água potável, que afecta mais de 90 por cento da população. Responsáveis municipais da cidade de Gaza alertaram que a interrupção do fornecimento de energia e combustível será fatal para o funcionamento de serviços e instalações essenciais, agravando ainda mais a actual situação de catástrofe humanitária e sanitária.
Entretanto, os EUA bombardearam o Iémen, desde sábado, 15, provocando dezenas de vítimas. Em resposta, os iemenitas anunciaram na terça-feira, 18, ter levado a cabo um ataque contra o porta-aviões norte-americano «USS Harry S. Truman».
PCP denuncia e manifesta solidariedade
Numa nota de dia 18, o PCP salienta que este novo massacre «confirma que Israel não abandonou a intenção de prosseguir com o genocídio», como aliás já o confirmava a «decisão de impedir a entrada naquele território palestiniano da ajuda humanitária, em violação aberta dos termos do acordo». Desde a sua entrada em vigor, denuncia, as forças israelitas «continuaram a matar diariamente na Faixa de Gaza, ao mesmo tempo que prosseguem uma violenta agressão e campanha repressiva na Cisjordânia, causando centenas de mortos, efectuando prisões em massa, bombardeando indiscriminadamente campos de refugiados, com dezenas de milhar de deslocados».
«Israel pratica o terrorismo de Estado, massacra o povo palestiniano, ocupa ilegalmente território do Líbano e da Síria, incumpre acordos que assina, provoca deliberadamente uma crise humanitária de enormes proporções, ameaça, agride e desrespeita a Organização das Nações Unidas e em especial algumas das suas agências, como é o caso da UNRWA», salienta ainda o PCP, para quem a «criminosa acção de Israel é inseparável da escalada de confrontação e guerra que o imperialismo norte-americano leva a cabo no Médio Oriente».
O PCP reafirma ainda a sua «solidariedade de sempre com o povo palestiniano e a sua luta de libertação nacional e apela à firme condenação da violação do acordo de cessar-fogo por parte de Israel e de mais este hediondo crime contra o povo palestiniano».