Desenvolvimento de Monforte passa pelo projecto de coesão da CDU

Em Monforte – concelho do distrito de Portalegre – a CDU tem desenvolvido, em sucessivos mandatos, uma gestão autárquica exemplar, com foco no desenvolvimento sustentável e na coesão territorial. Para as próximas eleições autárquicas, a Coligação PCP-PEV avançou com a candidatura de Fernando Saião a presidente do município, continuando assim o trabalho de proximidade com as populações. O Avante! conversou também com a vereadora Mariana Mota sobre os desafios do actual mandato, que passaram, por exemplo, por valorizar o património arquitectónico e cultural, melhorar as escolas e equipamentos educativos, requalificar a rede viária.

«O nosso trabalho vem daquilo que são as necessidades da população»

O Monforte Sacro, Museu inaugurado em Outubro de 2023 no centro histórico da vila, no antigo edifício da Igreja do Espírito Santo, é uma das obras mais emblemáticas realizada pelo Executivo da CDU neste mandato autárquico, por representar um importante projecto cultural e histórico, destacando-se pela preservação e valorização do património artístico local, especialmente os cerca de 16 mil azulejos do século XVIII que retratam a vida da Rainha Santa Isabel. No espaço e através de uma aplicação de realidade aumentada, aos visitantes é proporcionada uma experiência educacional e interactiva, que vai para além da simples observação das obras.

Como nos explicou a vereadora Mariana Mota, aqueles azulejos foram salvos da demolição, em 1946, do Convento do Bom Jesus de Monforte, fundado em 1520, que foi alvo de lento e inexorável abandono. O projecto foi iniciado durante um mandato da CDU, presidido por Rui Maia da Silva, na sequência de um desafio lançado ao município e à Santa Casa da Misericórdia, detentora dos azulejos, por parte de um conjunto de historiadores.

Entretanto, foi firmado em 2002/2003 um protocolo entre a Câmara, a Santa Casa da Misericórdia e a Faculdade de Letras. «Os nossos serviços [municipais] estiveram envolvidos na inventariação, catalogação e montagem dos painéis de azulejos, sempre acompanhados por uma equipa técnica, especialistas em azulejaria e museologia», explicou. Depois, «chegou a fase de dar vida àqueles azulejos e como os divulgar. Após várias reuniões, verificámos que aquele imóvel do município, que já tinha sido uma igreja, um quartel dos bombeiros, uma associação, seria ideal para acolher os painéis», referiu a vereadora. Concretizada esta fase, pretende-se agora, «juntando o útil ao agradável», criar um circuito com outros municípios, como Estremoz, Coimbra ou Alenquer, para «valorizar a figura da Rainha Santa Isabel», acrescentou.

Atrair novas empresas
Para além do turismo cultural, religioso e histórico, Fernando Saião, vereador e candidato a presidente da Câmara Municipal, destacou outros projectos, como a Área de Acolhimento Industrial [antiga zona industrial], cujo espaço está lotado. Nesse sentido, o município «comprou um espaço contíguo ao existente, com cerca de sete hectares, com sete lotes, para a instalação de novas empresas e indústrias». Simultaneamente, já se fixaram no território outras empresas de painéis fotovoltaicos, o que reflecte o potencial de Monforte no sector das energias renováveis.

Segundo Fernando Saião, ali está também em desenvolvimento um projecto para a produção de hidrogénio verde, na freguesia de Assumar, devido à proximidade com a rede de alta tensão da Redes Energéticas Nacionais, e uma central de biogás, entre os concelhos de Monforte e Arronches, que utilizará subprodutos da extração de azeite.

«Aqui há uma cadeia de diminuição da pegada ecológica», destacou. «O aparecimento de uma empresas é como uma “bola de neve”, e acabam por aparecer outras que lhe são sucedâneas e complementares», acrescentou Mariana Mota, dando como exemplo uma outra empresa de asfasto que se implantou no concelho e que desencadeou a reabertura de algumas pedreiras desactivadas.

Tudo somado permite criar alguns postos de trabalho e trazer «mão-de-obra qualificada, com espírito crítico e inovação, o que é positivo para o território», referiu a vereadora, salientando haver um «crescimento efectivo» de população, apesar do saldo, desde os últimos censos, continuar negativo. «Pode não ter vindo muita gente, mas pelo menos não abalaram os que são daqui, o que é bom», reforçou Fernando Saião.

Dos 8...
Outro projecto que permitiu fixar população no concelho – e criar postos de trabalho, cerca de 40 funcionários e 50 professores – foi o novo Centro Escolar de Monforte, inaugurado em 2021, que substituiu a antiga escola primária da vila. Abrange várias valências, incluindo a educação pré-escolar e o Ensino Básico (1.º ciclo). Nesta área, a vereadora destacou o ATL (actividades de tempos livres) que oferece valências como apoio ao estudo, actividades lúdicas e recreativas, actividades ao ar livre, desenvolvimento de habilidades. No período de férias são organizadas actividades especiais. «Nos concelhos vizinhos há actividades pontuais. Em Monforte o ATL é a tempo inteiro. Nem em Agosto fechamos», destacou.

Entretanto, a descentralização de verbas do Estado para o município, tal como no resto do País, é insuficiente face às necessidades, nomeadamente de funcionários e no valor atribuído por criança/refeição. Outro problema prende-se com o apoio às crianças com necessidades especiais, que carecem de apoio suplementar.

aos 80
Nestes últimos tempos, importante foi também a inauguração do Lar de Idosos de Santo Aleixo. «A IPSS não tinha condições, nem logísticas, nem financeiras, para levar a cabo uma obra daquela envergadura. Como éramos elegíveis para o financiamento, avançámos», elucidou a vereadora. O novo equipamento permitiu criar dezenas de postos de trabalho e a gestão do lar foi confiada ao Centro Social e Paroquial de Santo Aleixo.

Ambos os eleitos deram ainda conta de diversos problemas no sector da saúde, que tem impacto na qualidade dos serviços prestados à população. Destaca-se pela negativa a carência de especialistas e profissionais de saúde. Num dos maiores concelhos do distrito de Portalegre existem apenas dois médicos.

Este mandato ficou ainda marcado por condições meteorológicas adversas no dia 14 de Dezembro de 2022 que afectaram várias-infraestruturas, incluindo estradas e serviços públicos. No total, a autarquia teve que despender do seu orçamento cerca de um milhão de euros [de um total de 1,5 milhões de euros].

 

Trabalhar para a população

Fernando Saião, 55 anos, encabeça a lista da CDU à Câmara Municipal de Monforte. O técnico superior de Contabilidade, com bacharelato em Gestão Comercial e Marketing e licenciatura em Marketing pela Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Portalegre, possui também pós-graduações em Contabilidade e Finanças Públicas Locais e em Gestão Autárquica. É, desde 2013, vereador a tempo inteiro no município.

O candidato integra a Comissão Concelhia de Monforte e a Direcção da Organização Regional de Portalegre do PCP, tendo assumido o cargo de presidente da Junta de Freguesia do Assumar entre 2009 e 2013.

É sócio fundador e ex-presidente da Direcção do Centro de Dia «Nossa Senhora dos Milagres» em Assumar, e fez parte do Sporting Clube Assumafrense. Também fez parte da Comissão de Festas de Assumar.

A candidatura visa dar continuidade ao trabalho desenvolvido pela CDU em Monforte, enfatizando uma gestão democrática e de proximidade, com foco no desenvolvimento sustentável do concelho. «A minha motivação é a mesma de sempre: fazer o melhor pela população do concelho de Monforte, sob a consigna da CDU: trabalho, honestidade e competência», frisou.

Ao Avante! revelou algumas ideias para os próximos quatro anos, algumas das quais vêm do actual mandato, que coincidiu com o fecho de um ciclo financeiro comunitário e o início de um novo. «Tudo aquilo que é o nosso trabalho vem daquilo que são as necessidades da população», acentuou. Destacou, por isso, a necessidade de «continuar a investir» na educação, em todas as quatro freguesias do concelho.

Na área do desporto existem projectos para requalificar os polidesportivos e as piscinas municipais (coberta e descoberta), em Monforte, bem como criar campos de padel, junto à Casa do Povo, que será intervencionada para «devolver o espaço que está devoluto» à população.

A CDU tem ainda projectos de loteamento em Assumar, freguesia que tem uma «grande ambição» de ter um pavilhão, estando, neste momento, o município a adquirir um imóvel para o efeito. A necessidade de ali construir novas casas prende-se também com a existência do Centro de Recuperação de Menores Assumar - Irmãs Hospitaleiras, com alguns recursos humanos que não se conseguem fixar.

A freguesia de Santo Aleixo, além da requalificação do polidesportivo e da construção de um bairro social, terá o maior investimento municipal de sempre, avaliado em cerca de sete ou oito milhões de euros, destinado à requalificação da rede de água e esgotos.

Para Vaiamonte está agendada a construção de uma conduta para desviar as águas, evitando assim inundações nas habitações, como ocorreu em 2022.

 



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