Israel não cumpre acordo e ameaça reiniciar guerra em Gaza
Desrespeitando o acordo estabelecido com a resistência palestiniana, o governo de Israel bloqueou a ajuda humanitária e ameaça reiniciar a guerra na Faixa de Gaza. As autoridades israelitas recusam-se a iniciar a negociação da segunda fase do acordo de cessar-fogo,tentando impor novas condições. Ao mesmo tempo que prosseguem os ataques na Cisjordânia.
Resistência palestiniana exige o cumprimento por parte de Israel do acordo estabelecido
Lusa
As autoridades palestinianas condenaram os apelos de políticos israelitas de extrema-direita para retomar a agressão militar contra a população palestiniana na Faixa de Gaza, território devastado por 15 meses de ataques sionistas. O Ministério dos Assuntos Exteriores e Expatriados da Palestina criticou, num comunicado divulgado na terça-feira, 4, as exortações em Israel para «recomeçar a guerra de genocídio e o deslocamento forçado do povo palestiniano». A entidade palestiniana considerou que o uso da força sobre o direito internacional e a linguagem da razão representam uma ameaça directa às Nações Unidas e aos seus principios, instando a que se adoptem medidas urgentes para travar os planos de agressão israelita.
Dirigentes de extrema-direita de Israel apoiaram, nos últimos dias, a decisão do governo de impedir a entrada da ajuda humanitária na Faixa de Gaza e sugeriram, entre outras medidas, cortar o fornecimento de água e recomeçar a guerra, exigindo que a resistência palestiniana liberte os presos israelitas nos próximos dias, sem que Israel cumpra a sua parte do acordo.
Resistência insiste no cumprimento do acordo
Responsáveis da resistência palestiniana não aceitam o prolongamento da primeira fase do acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza e insistem na aplicação gradual do acordo tal como foi assinado, considerando que os termos do acordo com Israel não podem ser revistos. A resistência palestiniana exortou os mediadores do Catar e Egipto a obrigar as autoridades israelitas a aplicar o acordo, sublinhando que os prisioneiros deverão ser entregues mediante um acordo de intercâmbio.
Entretanto, o gabinete do primeiro-ministro israelita anunciou que Israel aceita o plano de prolongamento da primeira fase do cessar-fogo apresentado pelo enviado dos EUA, Steve Witkoff, a vigorar durante o Ramadão (até 29 de Março) e a Páscoa (de 12 a 19 de Abril).
Mais de 1700 ataques num mês na Cisjordânia
As forças militares e os colonos israelitas levaram a cabo, em Fevereiro, 1705 ataques contra a população palestiniana na ocupada Cisjordânia. O chefe da Comissão de Resistência ao Muro e aos Colonatos denunciou que as forças armadas israelitas aproveitaram o cessar-fogo na Faixa de Gaza para intensificar os seus ataques na Margem Ocidental. Precisou que no mês passado o exército israelita cometeu 1475 agressões e os colonos outras 230. As regiões mais afectadas foram Nablus (300), Hebron (267) e Ramala (263), pormenorizou. As agressões incluíram ataques armados, assassinatos, expropriações de terras, confiscação de propriedades e colocação de barreiras militares.
Desde princípios de Fevereiro que os colonos israelitas tentam estabelecer oito novos colonatos na Cisjordânia. Estas construções fazem parte de uma estratégia de colonização que pretende impor no terreno uma política de factos consumados.
Também ao longo de Fevereiro, as autoridades israelitas demoliram 156 infra-estruturas palestinianas, incluindo 109 habitações e 34 centros agrícolas. Em 2024, as forças militares e os colonos israelitas levaram a cabo 16.612 ataques contra a população palestiniana na Cisjordânia. Cerca de 770 mil colonos israelitas vivem ilegalmente na Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental, distribuídos em 180 colonatos e 256 «postos avançados».