- Nº 2675 (2025/03/6)

Crescimento sustentável de Vidigueira coloca o concelho no coração do mundo

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O concelho de Vidigueira é reconhecido pelo património de trabalho, obra e realização da CDU à frente dos destinos do município ao longo das últimas décadas. A gestão deste território do distrito de Beja tem sido marcada por investimentos em áreas essenciais, como infra-estruturas, apoio social, cultura e desenvolvimento económico. O Avante! falou com o presidente da Câmara Municipal (CMV), Rui Raposo, que a CDU recandidata nas próximas eleições.

O actual mandato ficou marcado pela inauguração, no dia 5 de Maio de 2024, do Parque Verde Urbano de Vidigueira, concebido para servir toda a comunidade, com espaços verdes, espelhos de água, áreas de jogos, um polidesportivo e conexões a percursos pedonais e ciclovias. O projecto, com um investimento de aproximadamente 2,6 milhões de euros, foi parcialmente financiado pelo programa Alentejo 2020 (FEDER).

A criação deste parque visou não apenas a regeneração urbana e a qualificação ambiental, mas também a promoção de eventos culturais e desportivos que reforçam as tradições locais e incentivam a fixação de residentes e empresas na região.

«Esta foi uma ideia com mais de 30 anos, que vem de mandatos anteriores. O município era detentor do espaço, dentro da malha urbana, com uma área considerável, de cerca de três hectares», salientou Rui Raposo.

Mas foi no programa eleitoral apresentado pela CDU em 2017 que a ideia se transformou em proposta. «Na altura tínhamos que aproveitar os fundos do programa operacional» e, perante a «desistência de um outro projecto», a recuperação da Praça da República, que «tinha que ser revisto» pela proximidade à Igreja Matriz, com a possibilidade de ser inviabilizada a obra, decidiu-se avançar com o Parque Verde Urbano de Vidigueira, pensado pela equipa da Câmara Municipal, recordou o jovem autarca.

A epidemia de COVID-19 não travou a concretização deste equipamento, apesar do aumento dos custos de produção, em virtude das interrupções na cadeia de abastecimento e da escassez de mão-de-obra. «Continuámos em negociações com a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo (CCDRA) e tivemos a coragem de avançar. Em 2024 inaugurámos o espaço e continuámos a criar uma dinâmica muito forte, quer a nível desportivo, quer a nível cultural», envolvendo todas as freguesias (Pedrógão, Selmes, Vidigueira e Vila de Frades), clubes e associações do concelho, destacou Rui Raposo.

Continuar a trabalhar
No parque infantil está uma réplica da Nau São Gabriel, embarcação que fez parte da frota de Vasco da Gama na sua primeira viagem à Índia em 1497-1499, com a componente «de ensinar a brincar».

Mas o espaço ainda não está terminado. «Ainda nos falta reabilitar o edifício central, que tem duas componentes, de hotelaria/cafetaria, para dar apoio a todo o espaço, e museológica», referiu, adiantando estar já formalizado um protocolo com a Marinha Portuguesa para associar o nome de Vasco da Gama ao concelho, tendo em conta que em 1519 foi nomeado Conde da Vidigueira pelo Rei D. Manuel I. A sua família passou a residir ali e o navegador foi sepultado inicialmente no Convento de São Francisco, localizado na vila. Só mais tarde, os seus restos mortais foram transferidos para o Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa.

«Os projectos, para além de crescerem e de se adaptarem à realidade, têm sempre que ter uma novidade, uma outra atractividade», para que «continuem a ser visitáveis» e isso passa pela interactividade, como acontece já com o Museu Municipal e o Centro Interpretativo do Vinho da Talha.

Voltando ao Parque Verde: «Aquilo que nós sentimos é que a população reconhece o trabalho realizado» e «zela para o manter sempre em perfeitas condições». «Também quem nos visita é surpreendido», valorizou.

Inverter o ciclo de desertificação
Naquela «zona nobre», junto do Centro de Saúde, da Piscina Municipal, do Agrupamento de Escolas, a autarquia adquiriu um terreno para construção de habitação a custos acessíveis, praticamente aprovada pelo Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU), para arrendamento de 34 vivendas, nas tipologias de v2 e v3, de modo a fixar jovens.

A estratégia já deu resultados, e dados oficiais mostram uma inversão da situação, com o número de habitantes a subir no concelho. «Tudo isto é uma consequência do trabalho feito anteriormente» pela CDU, procurando «inverter» a desertificação do Alentejo, a partir da «divulgação dos nossos produtos de excelência e do território» com «investimentos no enoturismo» e na Casta Antão Vaz, com «um peso muito grande a nível nacional e internacional».

 

Centro Interpretativo do Vinho de Talha dinamiza economia local

Outro equipamento que veio reforçar a identidade do concelho como um dos grandes guardiões da tradição do vinho da talha [um método de vinificação introduzido pelos romanos há mais de dois mil anos] foi o Centro Interpretativo do Vinho de Talha (CIVT), inaugurado a 11 de Novembro de 2020 na freguesia de Vila de Frades, que colocou o concelho de Vidigueira no mapa do enoturismo e da valorização do património imaterial ligado à produção ancestral do vinho.

O CIVT oferece aos visitantes uma experiência imersiva, utilizando tecnologia de realidade aumentada para narrar a história do vinho de talha. O espaço conduz os visitantes através do ciclo produtivo do vinho, desde a cultura da vinha, passando pela produção nas talhas, até à tradicional taberna. Além disso, o centro promove eventos culturais e científicos relacionados com o património imaterial do vinho de talha.

Neste concelho existem outros espaços dedicados à história e cultura do vinho na região, como a Adega-Museu Cella Vinaria Antiqua e a Casa das Talhas. Em 2024, o músico António Zambujo foi nomeado embaixador dos Vinhos da Vidigueira.

Projecto de excelência
Segundo Rui Raposo, o Centro Interpretativo – inaugurado em plena pandemia de COVID-19 – já foi visitado por perto de 20 mil pessoas. «É um projecto muito interessante» que foi corrigido e melhorado, após o Tribunal de Contas ter recusado o visto ao contrato de empreitada em Setembro de 2017, recordou, acrescentando que aquela decisão deu-lhe tempo – com três semanas de exercício do cargo – de «olhar para o projecto e adaptá-lo». Antes, «era só um espaço de eventos; uma sala ampla para servir refeições e uma taberna. Não tinha mais nada. Um investimento de 600 mil euros que ia servir para duas iniciativas anuais», referiu, considerando não fazer sentido que o Centro «não fosse de interpretação e de conhecimento», com «conteúdos de realidade aumentada e digitais», onde não é esquecido «o património arqueológico e a ligação às ruínas romanas de São Cucufate» e «a tradição e identidade do vinho de talha».

Candidatura à UNESCO
O próximo passo foi avançar com uma candidatura da técnica de produção do vinho de talha a Património Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO, num processo que envolve 22 municípios e sete entidades, que já foi submetido para avaliação à Direcção-Geral do Património Cultural, visando a inscrição no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial.

A «estratégia» foi «mostrar o vinho de talha, atrair mais visitantes para o concelho e dar sustentabilidade aos projectos que vão surgindo, de recuperação de adegas, de produção de vinho e criação de marcas de vinho de talha».

«Foi um processo de oito anos, de promoção e divulgação, também com uma componente internacional, com memorandos de entendimento com vários países, como a Itália, o Japão ou a Geórgia. Hoje estamos capacitados para poder apresentar uma candidatura nacional e transnacional», reforçou Rui Raposo.

Aguarda-se pela decisão de a candidatura nacional ser apresentada à UNESCO. Se for aprovada, para além da divulgação mundial, o produto vinho de talha terá um valor acrescido e surgirão novos projectos no território.

Várias atractividades
As restantes freguesias integram este plano de acção municipal. Em Selmes aposta-se no turismo religioso e no Pedrógão no de natureza. «Criámos várias atractividades para ajudar a hotelaria, os turismos rurais, as padarias, os cafés, os restaurantes, as lojas, e, desta forma, criar novos empregos. Este é um crescimento sustentável», frisou.

Pretende-se também criar um Centro Experimental do Pão Alentejano, tendo a autarquia já adquirido um edifício com o forno mais antigo da vila. O projecto já está no Turismo de Portugal a aguardar aprovação.

Num futuro muito próximo, este executivo pretende ainda criar melhores condições nos serviços de saúde; renovar todas as escolas do concelho; construir um cineteatro; reabilitar a Praça da República, a malha urbana [na sede do concelho e nas freguesias] e a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Vidigueira; criar um centro de comando de Protecção Civil. Depois, continuar projectos como o «Vidigueira Férias», que chega a centenas de crianças [até de outros concelhos vizinhos] ou o «Vidigueira Mais Inclusão», de ocupação temporária de pessoas desempregadas.

Em todas estas «decisões» estão «os valores da CDU», de «preocupação com o bem-comum», num território que está a «crescer de forma sustentável, equilibrado e integrado para toda a gente», assegurou o presidente da Câmara.

 

António Rocha, natural de Vidigueira, é o único artesão especializado na construção de talhas de barro na produção do vinho de talha. Cada peça pode levar semanas para ser concluída, exigindo um trabalho minucioso de modelagem, secagem e cozedura em fornos especiais, pensados e construídos pelas suas mãos. A sua oficina, o Telheiro Artesanal, é um espaço de referência para quem deseja compreender o processo de produção das talhas e a tradição vinícola da região