BCE satisfaz banca mas arruína vida do povo

A política do BCE de combate à inflação é errada, é injusta e tem de ser alterada porque satisfaz a banca mas arruína o povo. A exigência foi feita por João Oliveira, deputado do PCP no Parlamento Europeu, que denunciou os «lucros escandalosos» dos bancos e grupos económicos, também em Portugal.

«O caminho certo e justo é o da rápida descida das taxas de juro para aliviar as famílias e as pequenas e médias empresas»

Intervindo no Parlamento Europeu (PE), no passado dia 10, em Estrasburgo, o deputado João Oliveira, eleito pelo PCP, considerou que a política do Banco Central Europeu (BCE) «satisfaz a banca mas arruína a vida do povo».

«A sua política de combate à inflação a partir do BCE é errada, é injusta e tem de ser alterada. É errada porque quer combater a inflação esmagando o poder de compra do povo em vez de intervir nos preços. É injusta porque arruína a vida dos trabalhadores e das pequenas e médias empresas, mas garante lucros escandalosos aos bancos e aos grupos económicos», afirmou o parlamentar comunista, dirigindo-se à presidente do BCE, Christine Lagarde.

João Oliveira destacou que a rapidez da subida das taxas de juro não foi a mesma da descida e a situação é «insustentável». Referiu que as famílias continuam sufocadas com os custos do crédito à habitação, que as pequenas e médias empresas enfrentam dificuldades com o aumento dos custos do crédito; mas que o custo de vida não pára de aumentar porque «os grupos económicos continuam a fixar os preços a Lagardère, como bem querem e lhes apetece».

Segundo o deputado do PCP, na União Europeia, os lucros dos bancos em 2024 renderam aos seus accionistas 123 mil milhões de euros de dividendos. «Só em Portugal, em 2024, os maiores grupos económicos e financeiros tiveram 32 milhões de lucros por dia», enfatizou.

João Oliveira desafiou a presidente do BCE a mudar de política, «porque com esta política arruína a vida do povo». O caminho certo e justo é o da rápida descida das taxas de juro para aliviar as famílias e as pequenas e médias empresas, apontou. Mais: «O caminho certo e justo é o do combate à inflação, com medidas de controlo, fixação ou tabelamento de preços, sobretudo de bens essenciais, cujos preços aumentaram de forma especulativa nos últimos anos».

«E a União Europeia fica em silêncio?...»
O deputado João Oliveira abordou em Estrasburgo a situação na Faixa de Gaza e, perante os reafirmados planos de expulsão da população palestiniana das suas casas e terras por parte dos EUA e de Israel, quis saber se a União Europeia fica em silêncio.

«A Declaração Universal dos Direitos Humanos tem o significado maior de centrar os valores do progresso social dos povos e de encorajar o desenvolvimento de relações amistosas entre as nações. E quando discutimos o valor desta declaração perante a barbárie da guerra e as consequências para as suas vítimas, vale a pena questionarmos o que têm feito as instituições da União Europeia perante a barbaridade da política genocida de Israel contra o povo palestiniano» – afirmou o parlamentar comunista português.

Dirigindo-se directamente à comissária europeia Maria Luís Albuquerque, questionou: «Onde estão as instituições da União Europeia quando ouvimos o presidente dos Estados Unidos da América fazer declarações como aquelas que fez nos últimos dias que apontam no sentido da limpeza étnica, do genocídio do povo palestiniano, assumindo a intenção de ocupar o território da Faixa de Gaza e expulsar o povo palestiniano da sua terra, impedindo o seu regresso? Onde estão as instituições da União Europeia quando se assume daquela forma tão aberta a intenção de violar o direito internacional?»

Finalizou a sua interpelação exortando a que «haja coragem para enfrentar essas concepções, essas afirmações e essas políticas» e a que «haja coragem para defender o direito internacional e defender os direitos nacionais do povo palestiniano».

 



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