Conselho Europeu: «retiro do militarismo e da guerra»
A cimeira informal do Conselho Europeu (CE), no dia 3, na Bélgica, para discutir a política belicista da União Europeia (UE) só pode merecer preocupação, garante o PCP, que fala de um «retiro do militarismo e da guerra».
A prioridade é a solução dos problemas dos trabalhadores e dos povos, não é continuar a desviar meios e fundos para a guerra
De acordo com o PCP, os objectivos da reunião do CE são claros: o aumento da despesa pública para o militarismo e a guerra, o favorecimento da indústria e do negócio do armamento, a insistência na política de confrontação e instigação de conflitos no plano internacional, o reforçado alinhamento com a NATO e a sua estratégia belicista.
«Fossem os chamados “líderes” tão prolixos a convocar retiros e cimeiras para promover a solução política dos conflitos, a paz e a segurança colectiva e para debater soluções para assegurar a melhoria dos salários, das pensões, da saúde, da educação, da segurança social ou da habitação, e os povos não estariam confrontados com a escalada armamentista, a guerra e a degradação das suas condições de vida» – consideram os comunistas. Mais: «O que os povos e a juventude precisam é que os recursos, o investimento, a ciência e a investigação sejam colocados ao serviço do desenvolvimento e do progresso social, da resolução dos problemas que afectam a Humanidade, e não para o armamento e a guerra».
Apesar das despesas militares dos países que integram a UE terem mais que duplicado desde 2016, fixando-se em 2024 em 326 mil milhões de euros, a reunião aponta a ainda maiores gastos no complexo industrial-militar, na produção de ainda mais armamento.
A UE aprovou acrescidas limitações e restrições orçamentais que procuram contrariar a valorização dos salários, do investimento nos serviços públicos e nas funções sociais do Estado ou do apoio aos sectores produtivos. No entanto, a Comissão Europeia saiu deste encontro com o compromisso de explorar todas as possibilidades que «facilitem os gastos com o militarismo e os armamentos», alerta o PCP em comunicado.
Elucidativas do caminho que esta reunião procura estabelecer foram as presenças do primeiro-ministro do Reino Unido, que tem acentuado posições belicistas e de convergência com a NATO no domínio do aumento das despesas militares, ou do secretário-geral da NATO, que defende cortes na saúde, nas pensões e prestações sociais de forma a desviar recursos para o financiamento da escalada armamentista e da guerra.
O que se exige é abrir o caminho para a paz
Ao invés deste caminho belicista e das suas dramáticas e gravosas consequências para os povos, o que se exige é que seja aberto o caminho para a paz na Europa e no Mundo – reiteram os comunistas.
«A opção a fazer não é a do militarismo e da corrida aos armamentos, com as sérias ameaças que comporta, mas sim a da promoção de iniciativas que contribuam para processos de diálogo com vista a uma solução política para o conflito na Ucrânia, à resposta aos problemas de segurança colectiva na Europa, ao fim da política criminosa de Israel e ao cumprimento dos direitos nacionais do povo palestiniano, à paz no Médio Oriente, ao respeito dos princípios da Carta da ONU e da Acta Final da Conferência de Helsínquia», pormenoriza o comunicado. E insiste: «A prioridade é a solução dos problemas que os trabalhadores e os povos enfrentam – como a resposta ao aumento do custo de vida, às dificuldades no acesso a cuidados de saúde ou à habitação –, não é continuar a desviar meios e fundos para o complexo industrial-militar e para os lucros de quem faz negócio com a guerra».
Como a realidade demonstra, defende o PCP, «a segurança não se alcança com cada vez mais armas, mais sofisticadas e destrutivas, mas com mais diplomacia, com mais solução política dos conflitos, com mais acordos com vista ao desarmamento, com mais respeito pelos princípios da Carta das Nações Unidas e do direito internacional». E reafirma: «Denunciando e combatendo o caminho do militarismo e da guerra, o PCP continuará empenhado na defesa da Paz e da cooperação entre os povos do mundo».