Cuba qualificou de «acto de brutalidade» o anúncio dos EUA de que tencionam enviar imigrantes deportados para a base naval militar norte-americana em Guantánamo. Washington, entretanto, aplicou mais medidas coercivas contra o país caribenho.
Lusa
«Num acto de brutalidade, o novo governo dos EUA anuncia o encarceramento na base naval de Guantánamo, situada em território de Cuba ilegalmente ocupado, de milhares de migrantes expulsos à força, que serão colocados junto das conhecidas prisões de tortura e detenção ilegal», criticou o presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel.
O ministro dos Negócios Estrangeiros cubano, Bruno Rodríguez, também condenou a decisão da administração norte-americana e assinalou que enviar imigrantes para a base militar onde os EUA criaram centros de tortura e detenção indefinida mostra desprezo pela condição humana e o direito internacional. Realçou ainda que a base naval está localizada em território cubano, ilegalmente ocupado, fora da jurisdição dos tribunais dos EUA.
Recorde-se que no início dos dois mandatos presidenciais de George W. Bush (2001-2009), os EUA construíram uma prisão em Guantánamo onde desde então foram flagrantemente violados direitos humanos, nomeadamente através do desrespeito do direito à justiça e de práticas de brutal violência, incluindo com a aplicação da tortura. Depois de mais de duas décadas e apesar de várias promessas a prisão não foi encerrada.
A nova secretária norte-americana de Segurança Nacional, Kristi Noem, revelou na semana passada planos de Washington para enviar para Guantánamo imigrantes deportados que não são acolhidos pelos seus países de origem.
No mesmo dia em que retornou à Casa Branca, o presidente Donald Trump assinou uma ordem executiva autorizando operações policiais para prender e expulsar milhares de estrangeiros «ilegais» nos EUA, provenientes na sua maioria da América Latina e das Caraíbas (ver página 25).
Alguns destes países estão a criar as condições para receber os seus cidadãos de volta e denunciam o tratamento desrespeitoso a que são submetidos os seus emigrantes durante as detenções massivas e o posterior repatriamento por parte das autoridades dos EUA.
Mais medidas coercivas dos EUA contra Cuba
O ministro dos Negócios Estrangeiros de Cuba, Bruno Rodríguez, criticou no dia 31 de Janeiro as medidas coercivas adicionais anunciadas pelo Departamento de Estado dos EUA e denunciou que com pretextos enganosos se pretende justificar acções contra Cuba.
O responsável cubano escreveu nas redes sociais que, tal como as medidas tomadas por Washington a 20 de Janeiro – de voltar a incluir de Cuba na arbitrária lista dos EUA de ditos «países patrocinadores do terrorismo» –, não há justificação para este «novo atropelo gratuito ao povo de Cuba». Reafirmou que o endurecimento das criminosas medidas contra Cuba provocará mais carências, separações e o aumento da emigração. Catalogou as medidas como um novo acto provocador «daqueles que retomam o controlo do tema Cuba com fins e resultados contrários aos proclamados».
O governo dos EUA aprovou no dia 31 a reedição de uma lista de entidades sancionadas de Cuba, visando proibir as transacções financeiras com empresas estatais cubanas e negar-lhes recursos. As autoridades de Cuba denunciaram que se trata de impor uma guerra económica contra o país, para atentar contra a soberania e o bem-estar do povo cubano.
Num comunicado intitulado «Restabelecimento de uma política dura EUA-Cuba», o responsável da diplomacia norte-americana, Marco Rubio – que enquanto senador foi um dos principais arquitectos da política contra Cuba no Congresso dos EUA –, não só devolve à lista as entidades já anteriormente sancionadas como acrescenta uma outra, que procura atingir o envio de remessas para Cuba.