A primeira fase do cessar-fogo na Faixa de Gaza, entre Israel e a resistência palestiniana, continua a ser implementada. No entanto, Israel intensifica os ataques militares contra a Cisjordânia. Palestina e Liga Árabe rejeitam insistência dos EUA em expulsar a população palestiniana da Faixa de Gaza.
Lusa
Há duas semanas, as forças ocupantes lançaram um grande ataque militar contra a cidade de Jenin, o seu campo de refugiados e as forças de resistência palestinianas. Israel demoliu dezenas de edifícios nos últimos dias no campo de refugiados de Jenin, com cenas semelhantes às verificadas na Faixa de Gaza.
A campanha bélica israelita estendeu-se aos povoados vizinhos e à região de Tulkarem. As forças israelitas estão a reforçar o controlo da Cisjordânia, enviando mais soldados e blindados para a região.
O governador de Jenin, Kamal Abu Al-Rub, acusou Israel de planear a completa destruição da região. Em Ramala, o porta-voz da presidência palestiniana, Nabil Abu Rudeinah, condenou a expansão da guerra por parte de Israel à Margem Ocidental.
A declaração foi feita no momento em que o primeiro-ministro Netanyahu se deslocou a Washington para conversações com Donald Trump, onde espera reforçar o apoio dos EUA para o seu plano de reconfiguração do Médio Oriente, incluindo a continuação da ocupação ilegal de territórios palestinianos, da Síria e do Líbano.
Entretanto, Trump anunciou que os EUA se retirariam do Conselho dos Direitos humanos da ONU – acusado de denunciar os crimes de Israel – e que deixariam de financiar a UNRWA.
Liga Árabe rejeita expulsão
Como parte da primeira fase da trégua acordada entre a resistência palestiniana e o governo israelita, Israel libertou no sábado, 1, mais 183 prisioneiros palestinianos em troca de três presos israelitas. Entre os palestinianos libertados contam-se Mohammed Ghali, da Frente Popular de Libertação da Palestina (FPLP), e Zakharia Zubeidi, um dos líderes das extintas Brigadas dos Mártires de Al-Aqsa, então ligadas à Fatah.
Entretanto, o governo, partidos e outras instituições palestinianas condenaram de forma veemente o plano proposto pelo presidente dos EUA de expulsar a população da Faixa de Gaza e de a enviar para o Egipto e a Jordânia, cujos governos também negaram tal possibilidade. Recorde-se que tal intenção já havia sido avançada pela administração Biden, pela voz do secretário de Estado Blinken, tendo então sido igualmente recusada.
Dia 1, no Cairo, a Liga Árabe e seis países da região reafirmaram a recusa de uma qualquer expulsão do povo palestiniano da Faixa de Gaza, face à insistência da administração norte-americana, agora presidida por Trump. Numa reunião em que participaram dirigentes da Liga Árabe, um representante da OLP e os ministros dos Negócios Estrangeiros do Egipto, Arábia Saudita, Catar, Jordânia e Emirados Árabes Unidos, foram denunciadas as tentativas de forçar a expulsão do povo palestiniano da sua terra.
«Expressamos o nosso contínuo e pleno apoio à firmeza do povo palestiniano para permanecer na sua terra e à sua luta para alcançar os seus direitos legítimos» e rejeitamos «as violações desses direitos inalienáveis, quer através da colonização, da demolição de habitações, da anexação de terras ou da expulsão», assinalaram os participantes numa declaração no final do encontro.