Os trabalhadores da VW Autoeuropa e de empresas prestadoras e fornecedoras aderiram em força aos plenários e decidiram fazer greve em apoio à petição pelo reconhecimento do desgaste rápido na indústria.
A grande adesão dos trabalhadores justificou a paragem da produção, no período do plenário, apesar de pressões e falsas informações, como o sindicato da FIEQUIMETAL/CGTP-IN denunciou na segunda-feira, em comunicado. A participação nos plenários, como esclareceu o SITE Sul, é um direito de todos e não pode ser penalizada.
O motivo principal para estas reuniões com os trabalhadores foi a exigência do reconhecimento do estatuto de desgaste rápido, com acesso à reforma antecipada sem penalizações, no seguimento da entrega na AR de uma petição, promovida pela FIEQUIMETAL e que reuniu mais de 13 mil assinaturas, a nível nacional.
Exige-se também a melhoria das condições de trabalho para todos os trabalhadores com tarefas repetitivas e elevadas cadências e em regime de turnos e trabalho nocturno.
O sindicato pretendeu ainda abordar a proposta reivindicativa anual.
Num artigo publicado no site da federação, no âmbito da acção pelo reconhecimento do desgaste rápido na indústria, o médico Carlos Silva Santos (ex-professor associado da Escola Nacional de Saúde Pública e ex-coordenador do departamento da Saúde Ocupacional da Direcção-Geral da Saúde) alerta que as doenças profissionais são «um flagelo na VW Autoeuropa», incluindo as empresas do parque industrial. Refere a alteração dos horários de trabalho, desde 2017, e «ritmos elevados e sobrecarga de trabalho», como vias para sucessivos recordes de produção. Assinala que a Medicina do Trabalho «participa mais de 140 (possíveis) doenças profissionais» e «anualmente são certificadas pelo Departamento de Protecção contra os Riscos Profissionais mais de 110 doenças profissionais». Estes números «têm vindo a aumentar» e «certamente estarão abaixo da realidade».
Greve e ida a Lisboa
No primeiro plenário – em que participou o Secretário-Geral da CGTP-IN, Tiago Oliveira –, mereceu aprovação e apoio uma resolução, marcando um dia de luta para a data em que vier a ser agendada a discussão, em plenário parlamentar, da petição da FIEQUIMETAL, com greve e uma concentração junto da Assembleia da República.
Na resolução – que iria ser colocada à votação nos restantes plenários, já depois do fecho da nossa edição – os trabalhadores declaram «total disponibilidade para continuar e intensificar a luta necessária, para reafirmar e fazer vingar os seus justos objectivos». Às administrações é exigido que «assumam a sua responsabilidade pela recolocação urgente dos trabalhadores portadores de doenças profissionais e restrições médicas».
Afirma-se igualmente «a necessidade do aumento real dos salários».
Foi aprovada uma moção de solidariedade com as centenas de trabalhadores da Vanpro e da Tenneco, atirados para o desemprego, porque a VW Autoeuropa decidiu não lhes entregar o trabalho para o novo carro, que ali irá ser fabricado.
«As decisões tomadas para o futuro destes trabalhadores representam apenas uma total irresponsabilidade e desrespeito, por parte da administração da VW Autoeuropa e do Grupo VW, por aqueles que produzem a riqueza», acusa-se na resolução. Ficou declarada disponibilidade para «participar nas acções de luta a definir colectivamente na defesa do emprego nestas empresas».