1632 – Nasce Bento de Espinosa


Bento de Espinosa, o filósofo sefardita filho de judeus portugueses refugiados na Holanda, é considerado um dos primeiros pensadores do Iluminismo, o filósofo dos filósofos, e um dos grandes racionalistas do século XVII. Criado na comunidade luso-judaica de Amsterdão, foi nesta cidade que, em 1656, a Sinagoga Portuguesa o puniu com o chérem, o equivalente hebraico à excomunhão católica, pelos seus postulados a respeito de Deus e da religião. O banimento, escrito em português, afirma que, não sendo possível retirá-lo dos «maus caminhos», o Mahamad [Conselho da Sinagoga] decidiu heremizar, expulsar, amaldiçoar e esconjurar Baruch de Spinoza: «Maldito seja de dia e maldito seja de noite, maldito seja em seu deitar, maldito seja em seu levantar, maldito seja em seu sair, e maldito seja em seu entrar.» A decisão adverte que «ninguém lhe pode falar, pela boca nem por escrito, nem conceder-lhe nenhum favor, nem debaixo do mesmo tecto estar com ele, nem a uma distância de menos de quatro côvados, nem ler papel algum feito ou escrito por ele». Para sobreviver, Espinosa torna-se polidor de lentes ópticas. Os seus livros, plenos de actualidade, foram mais tarde incluídos no Index da Igreja Católica, a maior e mais influente lista de livros proibidos da História, que vigorou por mais de 400 anos, entre 1559 e 1966.