PELA PAZ E O PROGRESSO SOCIAL
«intensificar a luta, reforçar o PCP, afirmar a CDU»
Numa situação internacional marcada pelos conflitos e a guerra que o imperialismo vai desencadeando, instigando e fazendo escalar pelo mundo, a luta pela paz fez-se ouvir na manifestação nacional, no sábado passado em Lisboa. Uma manifestação que foi uma poderosa demonstração da exigência de paz, desarmamento e cooperação entre os povos, uma denúncia das causas da guerra e das suas consequências, quer pelo sofrimento e a morte que provoca, quer pelos recursos que mobiliza para a indústria dos armamentos,com impacto negativo nos salários, nas pensões e nos serviços públicos, que tanta falta fazem aos trabalhadores, ao povo, à juventude.
Por isso mesmo, os milhares e milhares de pessoas que participaram na manifestação em Lisboa ali deixaram claro que condenam a guerra e defendem a paz e que não aceitam cortes nos salários, pensões, serviços públicos, cortes na vida de quem trabalha ou trabalhou, para transferir recursos para a indústria da guerra, do sofrimento e da morte.
Foi também a luta pela paz e de solidariedade com o povo palestiniano que impôs um acordo de cessar-fogo, nos últimos dias na Palestina, que, independentemente dos seus desenvolvimentos,é, em primeiro lugar, inseparável da tenaz e corajosa resistência do povo palestiniano em defesa dos seus direitos.
Como sublinhou o PCP, é um acordo que «deve assegurar o efectivo fim dos ataques e dos massacres levados a cabo por Israel, o incondicional acesso da urgente ajuda humanitária à população palestiniana da Faixa de Gaza – que tem vindo a ser impedido por Israel – e a total retirada das forças militares israelitas deste território palestiniano.»
É um acordo que deve levar a um cessar-fogo permanente que ponha fim ao sofrimento do povo palestiniano, e que abra caminho ao cumprimento dos seus direitos nacionais com a criação do Estado da Palestina, o que tem vindo a ser sucessivamente obstaculizado e boicotado pelos EUA e Israel, aos quais o Governo de Portugal se tem associado, ao insistir em não concretizar esse reconhecimento.
De facto, o caminho que se impõe é o da solidariedade, da cooperação e dapaz entre os povos, como exige a Constituição da República. É o caminho da afirmação dos valores de Abril, de uma outra política que promova o aumento dos salários e das pensões, resolva o problema do acesso à habitação, reforce o investimento público, defenda os serviços públicos e trave o desmantelamento do Serviço Nacional de Saúde, garanta a creche e o pré-escolar gratuitos para todas as crianças.
Uma política diferente que garanta a segurança e tranquilidade das populações com forças e serviços de segurança com direitos, meios, motivados e respeitados na função que desempenham, ao serviço das populações e da Constituição da República. Uma política queponha fim à insegurança gerada pelos baixos salários e as baixas pensões que deixam uma grande parte de quem trabalha ou trabalhou em situação ou risco de pobreza; que ponha fim ao aumento do custo de vida com os sucessivos aumentos de preços, como é o caso dos alimentos que, em três anos, aumentaram 27 por cento ou dos combustíveis que esta semana tiveram novo aumento.
Uma política que trave as privatizações, nomeadamente aquelas que o Governo prepara, e a corrupção a elas associada; que ponha fim à especulação que é a grande causa dos elevados preços da habitação, em vez de dar aos especuladores, como faz o Governo, novas oportunidades para as negociatas em torno da habitação, com alterações à «lei dos solos», que visam transformar solo rústico em solo urbano, com as mais-valias que daí decorrem para os mesmos de sempre, os grupos económicos, cujos lucros se elevam a níveis escandalosos.
Uma política de justa distribuição da riqueza que combata as desigualdades, que a aplicação do Orçamento do Estado – que PSD e CDS aprovaram e o PS viabilizou – está a agravar.
É com este cenário de fundo que é preciso exigir as respostas que faltam e a política alternativa que se mostra imprescindível. E para isso é preciso dinamizar a luta e intensificar a acção reivindicativa nas empresas e locais de trabalho. Mas é preciso igualmente dinamizar a intervenção, a iniciativa e o reforço do PCP.
E, em ano de eleições autárquicas, é preciso também preparar esta importante batalha política, em que se inseriu a apresentação da candidata da CDU à presidência da Câmara Municipal do Porto, no domingo passado, com a participação de Paulo Raimundo.
Uma batalha política que deverá ter presente que a CDU, para além das forças políticas que a Constituem – o PCP, o PEV e a ID –, é o espaço de convergência de gente muito diversa, de muita gente independente ou até pessoas que, apoiando ou mesmo sendo de outras forças, sabem que é no espaço da CDU que está o projecto de construção colectiva com as soluções para que todos vivam melhor na sua terra.
É nesta situação em que grandes perigos coexistem com grandes potencialidades para responder aos problemas e avançar para uma política alternativa de paz e progresso social que importa desenvolver a luta e tomar a iniciativa com confiança.