A vassalagem das classes dirigentes da UE e do Reino Unido ao patrão norte-americano há muito que é desastrosa. Agora instala-se o pânico, com as declarações anexionistas de Trump, cobiçando a Gronelândia (território gerido pela Dinamarca) e o Canadá (cujo Chefe de Estado continua a ser o Rei de Inglaterra). Parece que descobriram agora que o monstro que alimentaram durante tantos anos também pode devorar os seus criados. Mas isso não é novidade. Há anos que os EUA se alimentam da destruição económica da Europa. É essa a razão do acto terrorista dos EUA contra o gasoduto NordStream, encomendado e pago pela Alemanha; das múltiplas sanções e processos judiciais dos EUA para abocanhar empresas europeias; das sanções anti-russas que afectam mais quem as aplica do que o seu alvo. A única novidade é que aqueles que recebiam benesses e garantia de carreiras políticas para concretizar os desígnios hegemónicos dos EUA descobrem agora que a sua relação laboral é precária.
Trump e Musk não usam as máscaras de Biden e Zuckerberg. Mas todos são expressão da eterna natureza imperialista. Herdeiras do seu passado colonial, desde o fim da URSS que as classes dirigentes (ou melhor, vassalas) das potências da UE e Inglaterra são cúmplices activas na destruição da legalidade internacional, tentando substituí-la pelo “mundo baseado numa só regra”: os EUA fazem o que querem. Alimentaram as guerras do imperialismo, da Jugoslávia ao Afeganistão, da Líbia à Síria (a propósito, onde estão as indignadas declarações contra a violação da soberania e integridade territorial face ao retalhar da Síria por Israel, EUA e Turquia?). Se a França e Alemanha espernearam em 2003 com a invasão do Iraque, rapidamente a UE reafirmou a sua vassalagem, escolhendo como Presidente da Comissão Europeia Durão Barroso, homem das mentiras da Cimeira das Lajes. São cúmplices do genocídio israelita e atacam quem se opõe ao criminoso regime sionista. Estão na primeira linha das mentiras, bloqueios e agressões contra países que insistem em ser soberanos. “Nomeiam” Guaidós, ignoram os referendos na UE, troikam os seus Estados, alimentam golpes e agora até cancelam eleições, como confessou o ex-Comissário europeu Thierry Breton referindo-se à Roménia e, potencialmente, à própria Alemanha (RMC, 10.1.25)! Apoiaram a expansão da NATO, o golpe de Kiev e a violação dos Acordos de Minsk, que estão na origem da intervenção militar russa na Ucrânia. Alimentam a tresloucada escalada bélica que ameaça uma catastrófica guerra nuclear. A social-democracia, os Verdes alemães e a ‘esquerda de confiança’ (para o imperialismo) tentam ganhar a vida servindo um sistema que não querem derrubar. Na AR, BE, Livre e PAN juntaram os seus votos ao Chega e IL para não reconhecer os resultados eleitorais em Moçambique (notícia: o colonialismo português acabou há meio século).
Têm sido fiéis serventuários. Mas tal como Noriega ou Saddam Hussein, descobrem agora que uma vida ao serviço dos amos imperialistas não é apólice de seguro. Alimentaram o Frankenstein e agora queixam-se do monstro que ajudaram a criar.
No Japão de outrora, os samurais optavam pelo suicídio ritual do hara-kiri para limpar a sua honra. O suicídio europeu é diferente. Os seus responsáveis não têm honra para salvar e querem ficar. O silêncio sobre o NordStream sugere que rapidamente se porão a jeito. Por vontade deles, o euro-kiri será apenas o sacrifício ritual dos povos da Europa e do mundo.