Mais de 250 acções reforçam a exigência de uma vida melhor

Mais de 250 iniciativas deram corpo, anteontem, 14, a mais uma jornada inserida na acção nacional Aumentar Salários e Pensões, para uma vida melhor. Por todo o País, os comunistas estiveram nas ruas, à porta dos locais de trabalho, escolas, estações de transportes públicos e noutros locais a recolher assinaturas, a ouvir queixas e aspirações, a transmitir confiança. Paulo Raimundo participou numa acção junto ao Hospital de Santarém, para contactar com utentes e trabalhadores.

Só num dia, em mais de 250 acções foram recolhidas milhares de assinaturas

«Estamos hoje a realizar pelo País inteiro mais de 250 acções deste tipo. Nos hospitais, nos centros de saúde, nos locais de transporte, nas empresas e locais de trabalho», salientou Paulo Raimundo à porta do Hospital Distrital de Santarém. O Secretário-Geral do Partido falava à imprensa, à margem de uma das muitas iniciativas que se estavam já a realizar e que se realizariam ainda por todo o território nacional – do continente às ilhas.

O sol não raiava ainda quando o dirigente comunista chegou ao local. À sua espera estava já cerca de uma dezena de militantes que o acompanhariam durante a acção. Entre o frio que gelava, e que não os demoveu, os comunistas foram entregando os panfletos (ver caixa na p.6) a quem passava: utentes e acompanhantes, trabalhadores do hospital, bombeiros e outros mais.

«Venho cá há 26 anos», exclamou uma utente que, para lá dos dos problemas daquela unidade de saúde, desabafou ainda não concordar com o alargamento dos horários das creches. A resposta, do outro lado, surgiu rápida e em coro: «Nós também não. Os horários dos pais estão cada vez mais desregulados, mas esse não é o caminho». «Então onde é que assino?», perguntou por fim a utente.

«Onde assino?», questionou também um bombeiro que acompanhava outros dois utentes.

Tal como no resto do País, no mesmo dia e em ocasiões anteriores, a adesão da população a esta iniciativa do PCP tem-se revelado muito positiva. Explica-se isto pela justeza do que propõe o Partido e a seriedade com que o PCP enfrenta os problemas relacionados com os baixos salários e pensões e as diversas deficiências dos serviços públicos: «Nesta nossa campanha estamos a levar muito a sério os problemas da vida das pessoas e são esses os problemas que é preciso resolver», afirmou Paulo Raimundo.

«Estamos empenhados na resolução dos problemas das pessoas. O abaixo-assinado desta acção conta com mais de 82 mil assinaturas. Está no terreno e em andamento e trata-se do contributo que estamos a dar para a mobilização, esclarecimento e exigência de uma política diferente que responda aos problemas das pessoas», assegurou.

Defender o SNS
Particular destaque foi dada à questão do SNS na iniciativa em que participou o Secretário-Geral. «Estamos a tratar das questões da saúde, aqui, em Santarém», salientou o dirigente, num hospital, precisamente, onde a falta de médicos, enfermeiros e outros profissionais tem levado ao encerramento intermitente dos serviços de urgência. «Fala-se tanto de insegurança e instabilidade, mas a maior insegurança que pode haver é uma grávida não ter acesso a um serviço de urgência ou uma criança não poder aceder a um serviço de urgência pediátrica», afirmou.

«Vê-se um Governo com pressa para implementar as suas opções de fundo que são erradas. Com pressa em desmantelar o SNS, em transformar valências da saúde em áreas de negócio», afirmou, acrescentando que «isso é muito bom para os grandes grupos económicos» como o grupo José de Mello (sócio maioritário da CUF). «É uma grande oportunidade de negócio, mas para as pessoas é uma desgraça», lamentou.


Ir o mais longe possível

Aumentar Salários e Pensões, por uma vida melhor é o lema da acção nacional que o PCP está a desenvolver desde 26 de Outubro de 2024. Para além do contacto com os trabalhadores, perceber o que os afecta no local de trabalho, agitando-os e dando a conhecer o Partido, o objectivo é a recolha de assinaturas que comprovem a necessidade de aumentar salários e pensões, garantir o direito à habitação, um lugar em creches públicas para todas as crianças, e defesados serviços públicos.

Com as mais de 250 iniciativas realizadas na jornada de dia 14, deu-se um forte impulso no objectivo das 100 mil assinaturas. Mas nem por aí ficará descansado o colectivo partidário: pretende-se chegar o mais longe possível até ao final Março, data que terminará esta acção nacional.

 

E o povo, pá?!

«É possível, é justo, é necessário o aumento do salário. São os trabalhadores que produzem a riqueza. Ela tem de ser distribuída com justiça! Temos direito a uma vida melhor!», afirma o Partido num folheto distribuído nestas mais de 250 acções, onde questiona: «E o povo, pá?!».

No documento, os comunistas denunciam a borla fiscal, prevista no OE 2025, de 1800 milhões de euros, que se somam aos gigantescos lucros dos grupos económicos, como na energia (2089 milhões) ou na banca (3900 milhões). «O que sobra em benefícios fiscais, em redução de impostos, em privilégios e benesses para o grande capital, falta para os salários, para a habitação, para o SNS e para a Escola Pública», destaca o Partido.

No sentido de dar combate a esta política, o PCP aponta um caminho claro, que passa por aumentar todos os salários em 15 por cento (no mínimo de 150 euros) e o SMN para 1000 euros. Esta é uma proposta que contrasta com o actual SMN de 870 euros (em comparação com 1200 em Espanha).

Os comunistas propõem, igualmente, no folheto, a valorização de todas as pensões em cinco por cento (no mínimo de 70 euros), dando resposta aos «milhões de pensionistas que continuam a receber reformas que impedem uma vida digna».

O documento reafirma, também, outras exigências, como: um médico de família para todos os utentes (quando 1,58 milhões não têm um profissional atribuído); creche e pré-escolar gratuitos a todas as crianças (são 129 mil sem vaga nestes estabelecimentos); todos os estudantes com professores (o número de professores em falta no início deste ano lectivo chega aos 20 mil); habitação pública e controlo dos preços das rendas e prestações ao banco no crédito à habitação (são 77 mil as famílias a viver em habitações com condições indignas); e uma política de controlo de preços de bens essenciais como a alimentação ou os combustíveis.