Tropas israelitas continuam a massacrar palestinianos na Faixa de Gaza e a assassinar, prender e confiscar terras na Cisjordânia. No Líbano, continuam a violar sistematicamente o cessar-fogo e, na Síria, a bombardear instalações militares, ocupar mais áreas junto aos Montes Golã e a controlar fontes de água. Os EUA reforçam as suas 14 bases militares em território sírio.
«Uma catástrofe de direitos humanos continua a desenrolar-se em Gaza perante os olhos do mundo», advertiu um alto comissário da ONU, cujo gabinete divulgou um relatório mostrando o assassinato de doentes e pessoal de saúde por parte das forças israelitas. «Atacar deliberadamente hospitais e lugares onde se atendem doentes e feridos é um crime de guerra. A destruição deliberada de instalações sanitárias pode constituir uma forma de castigo colectivo, que também é um crime de guerra», denunciou.
O embaixador da Palestina junto da ONU exigiu que o Conselho de Segurança ponha fim de maneira imediata e incondicional à agressão genocida contra a população palestiniana em Gaza. O diplomata descreveu a situação na faixa como um «inferno interminável», homenageando os médicos que para salvar vidas sacrificaram as suas.
A destruição sistemática do sistema de saúde em Gaza é uma «barbaridade», acusou, referindo-se também às crianças palestinianas, que «vivem um inferno aqui na terra». Acusou Israel de querer normalizar o genocídio e de praticar uma «limpeza étnica» e condenou também as prisões arbitrárias, incluindo de pessoal médico. O diplomata agradeceu à Argélia pelos seus incansáveis esforços em defesa do povo palestiniano e a sua justa causa perante a ocupação e colonização israelita.
Nestes primeiros dias de 2025, na Faixa de Gaza, as forças israelitas continuam a atacar a população palestiniana, com bombardeamentos aéreos sobre zonas densamente povoadas e operações terrestres sobretudo no norte do território, causando mais massacres.
Desde Outubro de 2023, quase 46 mil palestinianos foram mortos e outros 109 mil ficaram feridos na Faixa de Gaza, havendo ainda milhares de corpos debaixo dos escombros dos edifícios e infra-estruturas destruídos pela barbárie israelita.
Mortos, feridos, presos…
Também na Cisjordânia as forças israelitas ocupantes continuam a assassinar, ferir e prender palestinianos, em múltiplos ataques no território, alguns deles com a participação de colonos armados.
As autoridades palestinianas revelaram que, nos últimos 15 meses, as tropas e os colonos israelitas mataram 82 palestinianos e feriram 296 na província de Jerusalém.
Nesse lapso de tempo, ocorreram mais de duas mil detenções e 127 ordens de deportação e quase 70 mil israelitas entraram na Esplanada das Mesquitas, na zona velha de Jerusalém, um lugar considerado sagrado para judeus, muçulmanos e cristãos. No mesmo período, Telavive ordenou 439 demolições de infra-estruturas palestinianas, incluindo habitações e lojas.
Diferentes entidades advertiram, nos últimos meses, que Israel planeia ampliar os colonatos em torno da zona de Jerusalém Oriental, com cada vez mais ilegais confiscações de terras palestinianas.
Israel, EUA e Turquia na Síria
A força aérea israelita atacou no dia 3 instalações militares e científicas na nortenha província síria de Alepo.
Meios de informação em Damasco noticiaram que se tratou de bombardeamentos a fábricas ligadas ao sector da defesa e a um complexo de investigação científica localizados nos arredores da cidade de Al-Safira, no sudeste da província de Alepo, 400 quilómetros a norte da capital.
Após o derrube do governo de Bashar Al-Assad, a 8 de Dezembro do ano passado, Israel intensificou os ataques aéreos para destruir a infra-estrutura militar e instalações do exército sírio, ao mesmo tempo que ampliou a sua ilegal ocupação dos montes Golã sírios: anunciou o fim do acordo de separação de forças de 1974 com a Síria e ocupou a zona-tampão desmilitarizada dos Montes Golã, assim como o Monte Hermon. Já em 2025, o exército israelita passou a controlar a barragem de Mantara, uma das maiores do sul da Síria e importante fonte de água potável localizada na província de Quneitra, a 55 quilómetros de Damasco.
Entretanto, os EUA reforçaram as suas bases militares no nordeste da Síria. Cerca de 55 camiões carregados de equipamento militar, veículos blindados e camiões de combustível, protegido por helicópteros e drones, entrou em território sírio através da passagem fronteiriça de Al-Walid com o Iraque.
O Pentágono mantém 14 bases militares em território sírio, situadas principalmente junto aos campos de petróleo e gás, usando como pretexto a dita luta contra o grupo terrorista «Estado Islâmico». Também a Turquia tem vindo a reforçar a presença das suas forças militares na Síria, particularmente no Norte deste país.
Entretanto, sucedem-se os relatos e as imagens de perseguições, repressão e execuções perpetradas pelo HTS e outras forças que tomaram o poder na Síria – contra militares, membros de minorias religiosas e étnicas e, em geral, contra a população civil. São estas mesmas forças que os EUA e potências da União Europeia pretendem “pintar” com tons democráticos.
Trégua violada no Líbano
Forças israelitas continuam a levar a cabo operações militares no sul do Líbano, violando o acordo de trégua alcançado entre Telavive e Beirute, com o patrocínio dos EUA e da França.
Desde a entrada em vigor da trégua, a 27 de Novembro último, Israel já a violou em mais de 800 ocasiões e as suas agressões custaram a vida a dezenas de libaneses.
As violações israelitas incluem operações militares terrestres e ataques com mísseis no sul libanês. Em diversas acções, as patrulhas são acompanhadas de escavadoras, que levam a cabo a demolição de várias casas, visando atrasar a instalação do exército libanês, conforme previsto no acordo estabelecido.
A imprensa de Beirute considera que o exército israelita aproveita o cessar de hostilidades para tentar chegar a zonas que não conseguiu atingir durante as suas anteriores agressões.
População da Faixa de Gaza caiu 6%
A população palestiniana nos territórios ocupados alcançou os 5,5 milhões de pessoas, apesar da diminuição de seis por cento na Faixa de Gaza, em consequência da guerra de agressão perpetrada por Israel.
O Gabinete Central de Estatísticas da Palestina pormenorizou num comunicado, divulgado a partir de Ramala, que na Cisjordânia foram recenseados 3,4 milhões de habitantes, enquanto na Faixa de Gaza se contaram 2,1 milhões.
Em Gaza, explicou, a população diminuiu em relação a 2023, em resultado da morte de 45 mil habitantes, causada pela agressão israelita, e do êxodo de mais de 100 mil pessoas.
Segundo as estatísticas divulgadas, 14,9 milhões de palestinianos vivem dispersos pelo mundo, 1,8 milhões dos quais em Israel. Do total de palestinianos na diáspora, 6,4 milhões encontram-se a viver em países árabes. 65% dos habitantes da Palestina têm menos de 30 anos.