Fuga de Peniche foi há 65 anos

Foi no dia 3 de Janeiro de 1960, há precisamente 65 anos, que dez dirigentes e quadros comunistas, dando corpo a um plano que levou longos anos a preparar, fugiram de um dos mais seguros cárceres fascistas, o Forte de Peniche.

A 3 de Janeiro de 1960 evadiram-se de Peniche dez dirigentes e quadros do PCP


No conjunto das evasões realizadas a partir do Forte de Peniche, bem como as realizadas de outras cadeias, a fuga de Álvaro Cunhal e de mais nove dirigentes e quadros comunistas, a 3 de Janeiro de 1960, pela sua organização, complexidade dos problemas que foi necessário resolver para o seu sucesso e as repercussões políticas que teve, assume um lugar cimeiro.

A fuga de 3 de Janeiro de 1960 exigiu longa preparação, um elevado espírito de organização, persistência, serenidade e rigorosa disciplina na execução dos trabalhos preparatórios, cuidada e eficaz coordenação no interior e no exterior da cadeia, coragem e audácia, para vencer os riscos que comportava o longo trajecto a percorrer das celas até à muralha exterior e o ultrapassar de altas muralhas. Uma fuga que pôde contar com a colaboração de um soldado da GNR do corpo de segurança externo às instalações prisionais, factor decisivo para o seu êxito. Expressão dos sentimentos antifascistas do povo foi o silêncio solidário dos populares que se deram conta da realização da fuga.

Os poderosos meios utilizados para recapturar os presos fracassaram. Salazar só foi informado da fuga no dia 5 de Janeiro. Só a 7 a censura deixou sair a notícia. A fuga de 3 de Janeiro de 1960 representou um duro golpe para o regime fascista e o seu aparelho repressivo e uma muito importante vitória do PCP e de toda a resistência antifascista.

A fuga, o congresso, a luta, a Revolução

Com a fuga de Peniche o PCP recuperou um elevado número de valiosos dirigentes, que prosseguem imediatamente a luta clandestina fora da prisão. Desenvolveu-se um importante processo de discussão interna, foi corrigido o desvio de direita, Álvaro Cunhal foi eleito Secretário-Geral do PCP em 1961, dinamizou-se e intensificou-se a acção do Partido e a luta de massas – de que são importante expressão o 1.º de Maio de 1962 e a luta que conduziu à conquista das oito horas de trabalho nos campos do Sul.

O VI Congresso do PCP, realizado em 1965, que apontou o caminho que conduziu à vitória de Abril com a aprovação do programa da Revolução Democrática e Nacional (preparado na base do relatório Rumo à Vitória elaborado por Álvaro Cunhal sobre a linha política e táctica do Partido nessa etapa da revolução), não teria sido possível sem a audaciosa fuga de Peniche. Este Congresso deu uma contribuição decisiva na análise da situação nacional, no traçar da orientação, na definição das tarefas e na direcção da acção política do Partido, no combate ao oportunismo de direita e às tendências sectárias e esquerdistas do radicalismo pequeno-burguês, no alargamento e intensificação da luta nas diversas frentes.

A fuga de Peniche, os quadros que disponibilizou para a luta revolucionária, com particular destaque para Álvaro Cunhal e o seu papel como Secretário-Geral do Partido na preparação e êxito do VI Congresso e na luta intensa para a concretização das suas conclusões, está na base das condições para a Revolução de Abril e para o seu desenvolvimento.

 

 



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