Problema da habitação agravou-se em 2024
Organismos públicos confirmam o que o Movimento Porta a Porta – Casa para todos tem denunciado: 2024 ficou marcado pelo agravamento do problema da habitação em Portugal.
Segundo o Instituto Nacional de Estatísticas (INE), só no terceiro trimestre de 2024, quando comparado com o mesmo período do ano anterior, o valor da renda mediana teve um crescimento homólogo de 10,7 por cento. No mesmo período, o preço das vendas dos imóveis subiu 9,8 por cento, revelando uma tendência de subida acelerada.
Em nota divulgada na início da semana, o Movimento pelo direito à habitação cita o Fundo Monetário Internacional (FMI) que, num artigo publicado na Finance and Development, declara que Portugal está num pequeno grupo de países que não controla a explosão dos preços da habitação. Ou seja, «os preços não param de subir e os rendimentos não chegam para suportar a habitação», explica o Porta a Porta, recordando que o FMI já havia alertado para a deterioração significativa da acessibilidade à habitação em Portugal.
Entretanto, segundo o INE, o preço médio de um metro quadrado em Portugal estava, em Novembro, nos 1740 euros mensais, valor que representa mais do dobro do salário mínimo nacional e está 200 euros acima do salário médio. Recorrendo a dados do Instituto face aos salários de 2023, refere-se que «65 por cento dos jovens e 70 por cento das mulheres recebem remunerações abaixo dos mil euros», números que confirmam haver «um problema de incapacidade financeira daqueles que vivem e trabalham em Portugal em obter casa a preços compatíveis com os salários, reformas e pensões praticados no nosso País».
«As políticas que nos trouxeram até aqui foram intensificadas por este Governo e estão a agravar o problema. A par disto, contrasta o facto de 2024 preparar-se para ser o ano mais lucrativo de sempre da banca em Portugal, muito graças aos lucros gerados pelo crédito à habitação», conclui o Porta a Porta, criticando também as «lágrimas de crocodilo» da Associação Lisbonense de Proprietários, no «ano em que as rendas mais subiram», pede «ainda mais medidas de desregulação do mercado».