Israelitas continuam a atacar Palestina, Líbano, Síria e Iémen
Tropas israelitas prosseguem os ataques a hospitais e à população na Faixa de Gaza, bombardeiam e fazem incursões no sul do Líbano, multiplicam ataques aéreos e ocupam mais território da Síria. Nos últimos dias atacaram a capital do Iémen, Sanaa.
Forças israelitas destroem hospitais na Faixa de Gaza, violam tréguas no sul do Líbano, ocupam mais território na Síria
Israel atacou, no dia 26 de Dezembro, diversas infra-estruturas no Iémen, provocando a morte a várias pessoas. O bombardeamento ao aeroporto da capital, Sanaa, por pouco não atingiu o Director Geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, que ali se encontrava em missão humanitária. Um membro da tripulação da aeronave em que se encontrava o dirigente da OMS ficou ferido. Foram ainda atingidas duas grandes centrais elétricas e infra-estruturas nos portos de Hodeida, Salif e Ras Kanatib.
No Líbano, cumprido metade do prazo de 60 dias para a retirada israelita do sul do país, as forças israelitas continuaram nos últimos dias os bombardeamentos, as demolições e as incursões, violando a trégua estabelecida. Em Beirute, o general de brigada Mounir Shehadeh denunciou as contínuas agressões israelitas no Líbano desde o anúncio da trégua. Na avaliação do ex-coordenador do governo libanês junto da Força Provisória das Nações Unidas no Líbano (UNIFIL), o exército israelita tenta estabelecer o controlo de áreas e alcançar objectivos que não conseguiu obter na guerra contra a resistência libanesa.
Shehadeh indicou que o mecanismo de acompanhamento da trégua, integrado por EUA, França, UNIFIL, exército libanês e forças israelitas, não mostrou nenhuma eficácia no sentido de parar estas violações, nem de pressionar Israel para que cesse as suas repetidas agressões. Israel aceitou a 27 de Novembro uma trégua de 60 dias, patrocinada pelos EUA e pela França.
Depois da queda do presidente Bashar Al-Assad, no dia 8 deste mês, Israel intensificou os ataques aéreos contra alvos militares na Síria e ampliou a ocupação dos Montes Golan, incluindo a zona-tampão, até agora desmilitarizada, e outras áreas do território sírio. Não houve reacção por parte das novas autoridades sírias.
Entretanto, no dia 25, milhares de sírios muçulmanos alauitas saíram à rua em cinco regiões para protestar contra o incêndio de um santuário religioso, com 1200 anos, na província de Alepo. Um vídeo nas redes sociais mostra homens armados a deitar fogo ao santuário, consagrado ao sheik Al-Khasibi, considerado o guia espiritual dos alauitas, uma minoria que constitui 11 por cento da população da Síria. Em diversas localidades do país, também as comunidades cristãs denunciam ataques cometidos por elementos ligados ao HTS.
Crimes brutais na Faixa de Gaza
Na Faixa de Gaza, prossegue o genocídio. Após cercar o hospital Kamal Adwan ao longo de várias semanas, tropas israelitas assaltaram as instalações, no dia 27 do mês findo, e prenderam numerosas pessoas e expulsaram outras, incluindo trabalhadores, doentes e acompanhantes. O director daquele que era o último dos grandes hospitais no norte da Faixa de Gaza que ainda funcionava, conta-se entre os detidos cujo paradeiro continua incerto. A Organização Mundial de Saúde garante que os principais serviços do Hospital Kamal Adwan foram incendiados e destruídos.
Entretanto, a UNICEF informava – a 27 de Dezembro – que em apenas três dias pelo menos 11 crianças tinham morrido não só em consequência directa dos ataques israelitas, mas também de frio, por falta de abrigo adequado. De acordo com o Ministério da Saúde palestiniano, quatro recém-nascidos e bebés teriam morrido de hipotermia nesse período – sendo que o número deverá ter aumentado desde então. Segundo um responsável da UNICEF, a expectativa de que as temperaturas caíssem ainda mais nos dias seguintes, era «tragicamente previsível» que mais vidas de crianças se perdessem devido às «condições desumanas que estão enfrentando». Queimaduras e hipotermias são algumas das causas de morte registadas.
Organizações da resistência palestiniana criticaram os ataques contra hospitais e apelaram à ONU para enviar observadores visando refutar as acusações do exército israelita sobre o uso dessas instalações por combatentes palestinianos com fins militares. A resistência acusa Israel de ser responsável pelos «contínuos ataques» e a «destruição sistemática» de todas as instalações médicas e hospitalares no território.
Dirigente palestiniana vítima de duras condições na prisão
A Associação de Prisioneiros denunciou, em Ramala, no dia 25 de Dezembro, a decisão de Telavive de prorrogar a prisão da activista e dirigente palestiniana Khalida Jarrar, submetida a isolamento total e a duras condições num cárcere israelita.
Em comunicado, a organização defensora dos direitos dos presos palestinianos anunciou que as autoridades penitenciárias israelitas prorrogaram pela terceira vez a detenção administrativa contra Jarrar, de 61 anos.
Trata-se de um procedimento utilizado por Israel para prender palestinianos por períodos renováveis, que costumam oscilar de três a seis meses, com base em acusações não divulgadas, as quais inclusivamente o advogado do acusado está proibido de ver.
«Instamos o mundo a defender e proteger a vida de Jarrar e a enfrentar a guerra de extermínio que o governo de Benjamin Netanyahu leva a cabo contra o nosso povo», apela a associação.
Recentemente, a Fundação Addameer também condenou o total isolamento e as severas condições de prisão de Jarrar, membro do Bureau Político da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), presa há um ano.
Em 12 de Agosto deste ano, funcionários do Serviço Penitenciário irromperam na cela de Jarrar, na prisão de Damon, e, sem aviso, transferiram-na para o cárcere de Neve Tirza, usada para manter isolados os detidos.
A dirigente palestiniana está proibida de receber qualquer visita e foi fechada numa cela de dois por 1,5 metros, completamente fechada, sem janelas, onde apenas cabem um colchão e uma sanita, indicou a Addameer. A fundação revelou que proporcionam a Jarrar quantidades muito limitadas de água e alimentos, o que é particularmente preocupante dados os seus problemas de saúde e a necessidade de ter uma dieta especial.
Em Setembro de 2021, a dirigente da FPLP foi libertada depois de passar dois anos numa prisão. Reconhecida pela sua luta em defesa das mulheres e dos presos, a activista foi eleita em 2006 para o parlamento palestiniano e, depois, como presidente da Comissão dos Presos. Em Março de 2021 foi condenada por pertencer à FPLP, mas libertada meses depois por já ter cumprido a maior parte da pena antes mesmo de ser julgada.
Como Jarrar, há outros 10300 presos políticos palestinianos em prisões israelitas, entre os quais 345 menores.