Moção de censura derruba governo francês
O primeiro-ministro francês, Michel Barnier, apresentou a sua demissão no seguimento da aprovação de uma moção de censura contra o seu governo. A denominada Nova Frente Popular exige que o presidente Macron nomeie um primeiro-ministro que emane deste conjunto heterógeneo de forças políticas, que em conjunto alcançaram o maior número de deputados nas últimas eleições legislativas.
PCF desafia Macron a olhar para a esquerda do hemiciclo e a respeitar o parlamento e os franceses
Continua a crise política em França, depois de ter sido aprovada na Assembleia Nacional, na semana passada, no quadro da discussão do Orçamento do Estado para 2025, uma moção de censura que levou o primeiro-ministro Michel Barnier a demitir-se, implicando a queda do governo.
Apresentada pelas forças que se candidataram no quadro da Nova Frente Popular (NFP) – nomeadamente A França Insubmissa (LFI), o Partido Socialista (PS), a Europa Ecologia Os Verdes (EELV) e o Partido Comunista Francês (PCF) –, a moção recebeu os votos dos deputados da extrema-direita, o que levou à sua aprovação.
Entretanto, Emmanuel Macron anunciou que vai designar nos próximos dias um novo primeiro-ministro para formar um governo «de interesse geral», com o suporte de diversas forças políticas, pelo que está a fazer uma ronda de consultas aos diferentes grupos parlamentares.
A Nova Frente Popular reclama que deve ser esta coligação eleitoral a propor o primeiro-ministro, já que nas legislativas de Junho passado foi quem elegeu mais deputados. Logo após as eleições, a NFP tinha reclamado a designação de Lucie Castets à frente do governo, mas Macron optou por indigitar, em Setembro, Michel Barnier, que agora se demitiu, apenas três meses depois da sua nomeação.
«Diplomacia activa em favor da paz»
O secretário nacional do PCF, Fabien Roussel, divulgou uma carta enviada antes a Macron, subscrita também por eleitos comunistas na Assembleia Nacional e no Senado, com contributos do partido para enfrentar a crise.
Na missiva, o PCF explica as razões da sua rejeição da proposta de orçamento para 2025, como a perda de rendimentos para os reformados e os trabalhadores em geral, perda de verbas para os departamentos, as regiões, perda de verbas para os hospitais, para a educação ou a falta de meios para a justiça, a segurança e o ambiente. E questiona: «Como deixar passar um orçamento que provocará a cólera de todos aqueles que vêem o seu poder de compra uma vez mais afectado? Como aceitar um orçamento que conduzirá o nosso país a uma recessão dramática num momento em que dos dois lados da Europa, tanto nos EUA como na China, a hora é de investimentos maciços dos Estados para proteger e dinamizar a economia, o consumo, o crescimento?»
Assim, o PCF apela «a construir rapidamente um pacto republicano e social, respeitando as escolhas expressas pelos cidadãos e trazendo respostas imediatas às suas exigências» e formula seis propostas essenciais: anulação das alterações da legislação sobre as reformas; indexação dos salários e pensões à inflação; baixa do custo de energia; apoio aos serviços públicos e às colectividades; apoio à indústria; e uma diplomacia activa em favor da paz.
O PCF lança um desafio a Macron: «Olhe para a esquerda do hemiciclo e respeite o parlamento, os franceses. Nós estaremos sempre lá para travar estas discussões e encontrar um caminho para responder às urgências do nosso país, pondo primeiro o acento na defesa dos interesses do povo».