Com 103 anos de vida e de luta ao serviço do povo e do País, o Partido Comunista Português, orgulha-se do seu passado e enfrenta o presente e o futuro com confiança e determinação – certo de que a sua força reside na profunda ligação aos trabalhadores e às massas populares. Como afirmou Álvaro Cunhal, em O caminho para o derrubamento do fascismo, «saibamos, pois, ser atentos à realidade e à vida, saibamos ligar toda a nossa acção às necessidades e aspirações das massas populares».
Na verdade, a luta dos trabalhadores e do povo ensina-nos que um Partido forte e profundamente ligado à vida, com organização e intervenção na classe operária, nos trabalhadores e no povo, indicando o caminho da luta e da unidade dos democratas e patriotas, é a via mais segura para a superação das injustiças e a construção de uma política alternativa e uma alternativa política, parte integrante da luta pela democracia avançada e por uma sociedade mais justa.
O caminho não é fácil, mas nunca o foi. As forças do capital contam com enormes recursos. Os ideólogos burgueses e a imensidão de serventuários ao seu serviço lançam mão do anticomunismo, inventam e desvirtuam factos, procuram minar a confiança das massas no Partido e justificar o poder do grande capital, a exploração dos trabalhadores e a perpetuação do sistema capitalista. Ainda que tal não constitua nada de novo, a verdade é que os meios ao dispor da classe dominante são hoje mais sofisticados.
Se, por um lado, importa não subestimar esse facto, por outro cabe ao Partido, ao colectivo partidário, combater a mentira, agir com base na verdade, expor a natureza predadora do sistema capitalista e mobilizar os trabalhadores e o povo para a luta pela resolução dos seus problemas e aspirações.
Tempos difíceis
Não negamos que vivemos tempos muito difíceis em que, como é referido nas Teses/ Projecto de Resolução Política do XXII Congresso, «o actual quadro político é marcado por uma crescente influência das forças políticas de direita e com uma relação de forças no plano institucional mais favorável aos objectivos do grande capital». Na verdade, as forças que se opõem a Abril e que rejubilam com o 25 de Novembro contam com importantes meios políticos, económicos, de formatação e condicionamento da consciência das massas, numa operação de grande fôlego que cria dificuldades à apreensão, a uma escala de massas, da possibilidade de superação do actual estado de coisas. Coloca-se ainda o enorme desafio de revelar o verdadeiro papel de cada força política (o que são, o que defendem e querem, que interesses representam), de intervir no sentido de, a partir do concreto, elevar a consciência política dos trabalhadores e demonstrar que a solução para os seus problemas reside na ruptura com a política de direita e com as forças que lhe dão expressão.
As massas, com a sua enorme sabedoria e querer, têm uma força e capacidade imensas de resistência e transformação. Assim foi com a Revolução de Abril, e assim é no já longo percurso de resistência ao processo contra-revolucionário. Como toda a experiência histórica do movimento operário português demonstra, e a Revolução de Abril confirma, quando tudo parece impossível a vida prova que realidade pode ser transformada.
Lutar com alegria
É preciso agir com alegria, vontade, paciência e persistência porque, conhecendo as dificuldades, sabendo a força do inimigo, com confiança no Partido e nas massas, na certeza que não estamos condenados a sucumbir à difícil situação e aos perigos com que estamos confrontados, ultrapassaremos todos os obstáculos. E sendo o Partido a pedra angular da resistência e dos avanços, é necessário reforçá-lo, acreditando nas massas e na sua força transformadora.
É preciso avançar com coragem e determinação para enfrentar a brutal ofensiva social, política e ideológica, para reforçar o Partido e a acção e mobilização dos trabalhadores e do povo. Na certeza de que aquilo que determinará as condições para a construção da alternativa será o reforço do Partido, a intensificação da luta de massas e o fortalecimento das suas organizações, em particular as organizações de classe dos trabalhadores, para que – como se afirma nas Teses – a luta atinja patamares mais elevados.
Sim, como disse Álvaro Cunhal, «a alegria de viver e lutar vem-nos da profunda convicção de que é justa, empolgante e invencível a causa por que lutamos».