- Nº 2661 (2024/11/28)

Não à apologia da guerra!

Opinião

«Perante o prolongamento, os impactos e os riscos da guerra na Ucrânia, [...] os EUA, a NATO e a UE devem cessar de instigar e alimentar este conflito e [...] devem ser abertas vias de negociação com os demais intervenientes, nomeadamente a Federação Russa, visando alcançar uma solução política, a resposta aos problemas de segurança colectiva e do desarmamento na Europa e o cumprimento dos princípios da Carta da ONU e da Acta Final da Conferência de Helsínquia».

Trata-se do posicionamento que há muito o PCP tem defendido. Um justo, corajoso e imperioso posicionamento em defesa da paz que tem sido sistematicamente deturpado e pelo qual o PCP tem sido tão atacado, incluindo pela miríade de arautos da guerra que pulula nos mais diversos meios de comunicação social.

No entanto, a perigosíssima escalada do conflito que resulta da decisão da Administração presidida por Biden – a dois meses do seu fim – de utilizar os misseis norte-americanos estacionados na Ucrânia para ataques à Rússia, vêm reforçar a razão do posicionamento do PCP de rejeição do prolongamento e do agravamento da guerra, consciente das seríssimas consequências que comporta para os povos ucraniano e russo, para os povos da Europa e de todo o Mundo.

A histeria e apologia da confrontação, do militarismo e de uma cada vez mais preocupante escalada armamentista por parte dos EUA, da NATO e da UE só pode suscitar profunda inquietação e alarme entre os democratas e defensores da paz. Uma inquietação e alarme que tenha expressão pública e que contribua para aumentar a consciência da necessidade de uma forte mobilização e convergência em defesa da paz.

Uma mobilização e convergência que é tão mais importante quando nos deparamos com uma insana e leviana espiral de propaganda belicista, que intenta incutir a aceitação da “normalidade” da guerra e, para tal, da “inevitabilidade” do aumento das despesas militares à custa dos direitos sociais, assim como do dispor dos povos como “carne para canhão” – sacrificando a vida dos filhos e dos netos dos outros... – em função dos interesses e da estratégia de domínio dos EUA ou das outras potências da NATO e da UE.

Na verdade, a aposta na confrontação, no militarismo e na guerra por parte dos EUA (e dos que com eles se alinham) não é de hoje e tem múltiplas expressões.

Por mais que o procurem ocultar, ela está presente no sistemático alargamento da NATO e ampliação do âmbito da sua agressiva acção; no sucessivo abandono de acordos de desarmamento; no impulsionar da corrida aos armamentos; na instrumentalização das forças mais reaccionários, fascistas, e xenófobas, como “tropa de choque” na desestabilização, fractura e desencadeamento da guerra em diversos países; no continuado incumprimento, boicote e obstaculização de acordos que visam a solução política de conflitos; na incessante instigação da tensão nas relações internacionais; no imenso rol de operações de desinformação e mentira; na imposição de inúmeras sanções e bloqueios; na prática de todo o género de ingerências e provocações; no fomento da guerra, seu prolongamento e agravamento; na cumplicidade e apoio ao genocídio de povos, como do povo palestiniano às mãos de Israel – entre muitos outros exemplos que demonstram que a estratégia belicista dos EUA, da NATO e da UE representam a mais séria ameaça com que a Humanidade se confronta.

 

Pedro Guerreiro