A comunicação social dominante “informou-nos” de “ataques anti-semitas” em Amesterdão após um jogo de futebol, na quinta-feira, 7 de Novembro, entre o Ajax Amsterdam FC e o Maccabi Tel Aviv. Segundo tais notícias, após o final do jogo, grupos que guiavam scooters atacaram os apoiantes do Maccabi. Cinco cidadãos israelitas terão dado entrada no hospital com ferimentos ligeiros.
Os confrontos foram imediatamente divulgados como “anti-semitas”. Responsáveis da coligação governamental de extrema-direita falaram de “um terrível ataque anti-semita”, as manifestações pró-Palestina foram proibidas e a polícia deteve pelo menos 60 pessoas. Seguiram-se as reacções internacionais. Biden fez a ligação «com momentos negros da história quando os judeus eram perseguidos». Macron condenou «firmemente» os actos que «recordam as mais horríficas horas da nossa história». Olaf Scholz considerou os «acontecimentos que nos atacam a todos nós» como «intoleráveis» e Von Der Leyen afirmou-se «indignada com os ataques vis contra cidadãos de Israel em Amesterdão».
O que todos eles ocultaram foi a origem dos conflitos. Os factos são estes: no dia antes do jogo foi proibida uma manifestação de solidariedade com a Palestina, prevista na zona do Estádio; nesse mesmo dia as claques israelitas passearam-se pelo centro de Amesterdão gritando slogans como «não existem escolas em Gaza porque já não há crianças» ou «morte aos árabes, iremos vencer», entre outros impropérios que nos abstemos de transcrever. Foram também esses que nessa mesma noite atacaram as casas que tinham penduradas bandeiras palestinas, ameaçaram e atacaram taxistas de origem árabe, destruíram um táxi, arrancaram bandeiras palestinas e queimaram pelo menos uma na via pública e – cereja em cima do bolo – recusaram-se, já no estádio, a fazer um minuto de silêncio pelas vítimas de Valência em Espanha, Estado que reconheceu o Estado da Palestina.
Querer apresentar os conflitos posteriores como um ataque “anti-semita” é pura manipulação ao serviço de Israel e do genocídio que continua a cometer e, tudo indica, uma manobra para aumentar a repressão sobre o amplo movimento de solidariedade com a Palestina. Entretanto, a ONU emitiu um relatório que afirma que 70% das vítimas em Gaza são mulheres e crianças. Mas sobre isso nem uma palavra dos “indignados” com a violência em Amesterdão.