Razões para lutar mostram-se no sábado, dia 9, em Lisboa e no Porto

No intenso esforço das estruturas do movimento sindical unitário, nas últimas semanas, ao nível de empresas, serviços e sectores de actividade,incluiu-se a mobilização para que os justos motivos de protesto e luta convirjam e se tornem bem visíveis, em unidade, nas ruas de Lisboa e do Porto, no sábado, dia 9, na manifestação nacional convocada pela CGTP-IN e que culmina a «Acção Nacional de Mobilização, Reivindicação e Luta».

O descontentamento e o protesto vão ter expressão de luta nas ruas

No Porto, os trabalhadores reúnem-seàs 10 horas, na Praça da República, manifestando-se em direcção à Praça dos Leões (Praça de Gomes Teixeira).

Em Lisboa, a concentração está marcada para as 15 horas, no Cais do Sodré, seguindo a manifestação para o Rossio.

Por todo o País, consoante os distritos e os sindicatos, estão organizados transportes em colectivo.

Para sábado, vários sindicatos apresentaram pré-avisos de greve, de modo a permitir a ausência do trabalho e participação na manifestação. Foi o caso do SINTTAV, para os trabalhadores de empresas de trabalho temporário, a laborar em regime de outsourcing (prestação de serviços a outras empresas).

Nas empresas privadas e na Administração Pública, são comuns a todos os trabalhadores os objectivos avançados pela CGTP-IN a 12 de Setembro,quando anunciou esta acção, sob o lema «Aumentar os salários e as pensões, Defender os serviços públicos e as funções sociais do Estado, Resolver os problemas do País».

Iniciada a 8 de Outubro, a «Acção Nacional de Mobilização, Reivindicação e Luta» prolonga-se até amanhã.

Nas últimas semanas, ocorreram greves, plenários, concentrações, manifestações e desfiles, em inúmeras empresas e serviços dos mais diversos sectores de actividade, envolvendo milhares de trabalhadores, em protesto e luta por aumentos salariais, pela defesa de direitos e de postos de trabalho ameaçados, contra a precariedade e os abusos patronais, pela valorização das profissões e uma mais justa compensação da laboração em situações de risco e penosidade.

Para esta sexta-feira, o CESP convocou «arruadas» de trabalhadores das IPSS (instituições particulares de solidariedade social), em Aveiro (10h30, junto da estação da CP), Braga (14h30, Arco da Porta Nova), Porto (10h30, no Largo da Misericórdia» e Póvoa de Varzim (14h30, no Largo do Cego do Maio).

Anteontem, dia 5, de tarde, o sindicato mobilizou dirigentes e delegados sindicais, para entregar na sede do Grupo Jerónimo Martins, em Lisboa, o Caderno Reivindicativo anual dos trabalhadores do Pingo Doce. Na acção, que decorria à hora de fecho da nossa edição, participou Tiago Oliveira, Secretário-Geral da CGTP-IN. Para ontem, quarta-feira, foi marcado pelo CESP um plenário de trabalhadores do Auchan Retalho do concelho de Lisboa, para discutir o Caderno Reivindicativo e outras matérias.

Em defesa do direito a diuturnidades, o SITE CSRA convocou greves de duas horas, de segunda-feira até hoje, na Sacopor (fábrica de sacos da Cimpor).

Na segunda-feira, dia 4, com adesão quase total (apenas saiu um autocarro), fizeram greve os trabalhadores da Auto Viação Feirense e da Transportes Beira Douro (ambas do Grupo Feirense, com sede em Lourosa, Santa Maria da Feira). A FECTRANS realçou as exigências de melhores condições de trabalho e cumprimento do contrato colectivo de trabalho. A federação e o STRUP voltaram a criticar a ACT, que «continua sem intervir, perante as denúncias diversas sobre ilegalidades».

O Sindicato da Hotelaria do Norte realizou, a 29 de Outubro, uma acção junto do restaurante da cadeia McDonald’s, na Circunvalação (Porto), por melhores salários e horários, pela liberdade sindical e outros direitos. Uma iniciativa semelhante teve lugar, dia 25, junto da Pizza Hut, na Foz do Douro.

Prosseguindo a luta pela negociação do caderno reivindicativo, onde se inclui o aumento dos salários, a valorização do trabalho nocturno e por turnos e o cumprimento do direito das mães ao período da amamentação, os trabalhadores da Lactogal, organizados no SINTAB, fizeram greve no dia 30. Uma delegação do PCP transmitiu ao piquete, na unidade de Oliveira de Azeméis, a solidariedade do Partido para com esta luta.

Um forte apelo à mobilização dos trabalhadores da Administração Pública, para o próximo sábado, saiu da manifestação realizada em Lisboa, a 25 de Outubro, pela Frente Comum.

Nos diferentes sectores da Administração Central, com destaque para a Saúde e a Educação, e na Administração Local, os sindicatos têm criticado fortemente a proposta de Orçamento do Estado para 2025.

Além de não responder às exigências de valorização dos serviços públicos e dos trabalhadores que os asseguram, o Governo incluiu na proposta de OE pedidos de autorização legislativa, paramodificar a Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas, em matérias como direito a férias, pré-avisos de greve, mobilidade e sistemas de protecção na doença.

 

Política e OE para rejeitar

O PCP associou-se ao esforço de mobilização, para dia 9, de trabalhadores, jovens, mulheres, reformados e outros estratos, prejudicados pela política de direita, que o actual Governo PSD/CDS quer aprofundar, e pelas opções inscritas na proposta de OE para 2025.

A par dos apelos em intervenções de dirigentes, como fez o Secretário-Geral, Paulo Raimundo, dia 1, no almoço com intelectuais em Lisboa, o PCP produziu e difundiu materiais gráficos, adestacar alguns dos mais graves conteúdos colocados no OE e aos quais é necessário dar combate.

O Governo pretende, por exemplo, gastar mais 200 milhões de euros em bancos que já faliram. Isto significa mais do que custará, em 2025, a recuperação integral do tempo de serviço dos professores. A despesa pública canalizada para apoiar a banca privada, desde 2007, soma mais de 20 500 milhões de euros (quase os 22 200 milhões do Plano de Recuperação e Resiliência). O Governo escolhe continuar a despejar dinheiro na banca e deixa para trás o povo, os trabalhadores, os pensionistas, os serviços públicos.

Em resposta à ministra do Trabalho, que alegou a necessidade de ser «realista», para justificar menores aumentos salariais, o PCP mostrou «o realismo deles», lembrando: os lucros das maiores empresas, (3000 milhões de euros em seis meses), o aumento das rendas de casa (o maior, em Junho, desde 2024) e o facto de, em cada dez trabalhadores, um estar em situação de pobreza.

Para o Partido, é inaceitável que o trabalho e os trabalhadores continuem a não ser valorizados e que persista e se agrave a desigualdade extrema, onde uns poucos acumulam quase tudo, enquanto a grande maioria trabalha apenas para sobreviver.