A Assembleia Geral das Nações Unidas debatia, nos dias 29 e 30, o relatório que é apresentado anualmente por Cuba sob o título “Necessidade de acabar com o bloqueio económico, comercial e financeiro imposto pelos Estados Unidos da América contra Cuba”. Pela 32.ª vez uma ampla maioria de países terá exigido na ONU o fim do bloqueio imposto pelos EUA, que tem implicado pesados prejuízos e consequências para o povo cubano.
Num exercício minucioso de quem diariamente enfrenta severas restrições para gerir um país, os números apresentados anualmente, neste relatório, pelo governo cubano, são avassaladores: de Março de 2023 até Fevereiro de 2024, o bloqueio provocou danos materiais a Cuba estimados em mais de 5 mil milhões de dólares – um aumento de 189,8 milhões em comparação com o valor reportado no relatório anterior. O impacto estimado de mais de 60 anos de bloqueio representa 1 bilião, 499 mil e 710 milhões de dólares de prejuízos.
São nefastas as consequências económicas e sociais do cruel, criminoso e ilegal bloqueio dos EUA, infligindo deliberadamente sofrimento ao povo cubano, que enfrenta carências de todo o tipo, incluindo alimentos, medicamentos, combustível, meios de transporte, bem como a deterioração de outros serviços básicos e infra-estruturas. A política da administração norte-americana relativamente a Cuba, desde “as primeiras horas” da sua Revolução, foi clara: procurar estrangular economicamente o país visando provocar privações, fome e desespero do povo para levar ao derrube da Revolução. Política que, perante a resistência e criatividade do povo cubano e a solidariedade internacional, foi intensificada ao longo de décadas, agravando-se nos últimos anos com as sanções contra companhias marítimas, transportadoras e seguradoras envolvidas no fornecimento de combustível a Cuba, a aplicação da Lei Helms-Burton, concebida para chantagear e punir entidades de outros países de investirem no país, e com a inclusão de Cuba na ilegítima e arbitrária lista dos EUA de “Estados patrocinadores do terrorismo”, para além da constante desestabilização.
Esta última medida avançada por Trump no final do seu mandato e ratificada todos os anos por Biden, impede Cuba de utilizar o dólar em transacções internacionais e sanciona bancos e outras entidades financeiras e comerciais – entre Janeiro de 2021 e Fevereiro de 2024 houve 1064 recusas de bancos estrangeiros em prestar serviços a entidades cubanas –, levando à perda de fornecedores de outros países.
Os acontecimentos desta última semana comprovam como o povo cubano, sob direcção do Partido Comunista de Cuba, tem enfrentado, com dignidade e determinação, as consequências demolidoras do bloqueio, superando as graves dificuldades no fornecimento de energia eléctrica à população, fruto da escassez de combustível e falta de peças de substituição para a infra-estrutura eléctrica, e mobilizando o país para apoiar as populações da província de Guantanamo que foram atingidas pelo furacão Oscar.
Perante os factos, é inegável que o impacto das medidas coercitivas unilaterais dos EUA são o principal travão ao desenvolvimento económico e social de Cuba e não o sistema socialista em construção. Face à agressão do imperialismo, a solidariedade com Cuba, o seu povo e a sua Revolução exige empenhados esforços de todos nós.