Cada contacto, cada assinatura são exigências de uma vida melhor
A acção nacional do PCP «Aumentar salários e pensões para uma vida melhor» arrancou na quinta-feira, 26, com mais de centena e meia de iniciativas em todo o País, onde foram recolhidas largas centenas de assinaturas: pelo aumento de salários e pensões, pela garantia efectiva dos direitos à saúde, à habitação, à educação. «É isto que interessa à vida das pessoas», afirmou Paulo Raimundo junto à Exide, no concelho de Vila Franca de Xira. A acção prolonga-se pelos próximos meses.
Só no primeiro dia foram muitas centenas as assinaturas recolhidas em todo o País
LISBOA - EXIDE Castanheira do Ribatejo
Não podia ter sido melhor o arranque da acção nacional do PCP, na passada quinta-feira. Nem a chuva que caiu da parte da manhã demoveu os comunistas de contactarem com centenas de pessoas de todo o País – à porta de empresas, em ruas e praças, em terminais de transporte público, em feiras e mercados. E foram muitos os que fizeram questão de se associar às reivindicações expressas no abaixo-assinado, que se podem resumir na sua última frase: «Queremos uma vida melhor e um País com futuro, desenvolvido e soberano».
A meio da tarde na Exide, fábrica de baterias na Castanheira do Ribatejo, concelho de Vila Franca de Xira, em declarações aos jornalistas, Paulo Raimundo considerou o aumento significativo dos salários e das pensões uma «emergência nacional», valorizando o poder de compra dos trabalhadores e dos reformados, permitindo uma mais justa distribuição da riqueza e constituindo uma alavanca fundamental de dinamização da actividade económica.
«É isto que interessa à vida das pessoas», acrescentou, e não todas as encenações em torno do Orçamento do Estado e das reuniões mais ou menos secretas entre PS e PSD-CDS, unidos no fundamental – a opção que tomam (juntamente com Chega e IL) pelos interesses dos grupos económicos, que já hoje acumulam milhões de euros de lucros a cada dia.
Questionado sobre a possibilidade de uma «crise política» caso o OE não seja aprovado, o dirigente comunista respondeu que a crise que efectivamente conta é a da vida das pessoas, que está cada vez pior e que o OE não só não resolve como tenderá a agravar. Quem aprovar esse Orçamento será responsável por ele, afirmou.
O número 220
A Paulo Raimundo foram entregues, por um membro da célula do Partido na Exide, várias folhas do abaixo-assinado com 219 nomes inscritos. As assinaturas, recolhidas durante a manhã no interior da fábrica, testemunhavam a justeza das reivindicações expressas na acção nacional. O Secretário-Geral do Partido foi convidado a assinar ali mesmo uma das folhas, juntando o seu nome ao dos operários da Exide: «é um orgulho assinar uma lista destas», salientou o dirigente comunista, que passou a ser – simbolicamente – o 220.º signatário da Exide.
A um grupo de trabalhadores que ali se concentrou, à saída do turno, Paulo Raimundo agradeceu não apenas as assinaturas, mas o exemplo que dão a todos os trabalhadores do País, que produzem a riqueza e não são por isso devidamente remunerados: um exemplo de resistência e de luta, coroada recentemente com a conquista de uma compensação financeira pelo manuseamento de materiais tóxicos e perigosos, como relatou João Cruz, trabalhador da Exide.
«As pessoas vêem a bateria como uma fonte de energia, e bem, mas não se lembram do trabalho necessário para se chegar aí», prosseguiu o Secretário-Geral, lembrando que em Portugal não há um problema de criação de riqueza, mas sobretudo de distribuição dessa mesma riqueza – que é criada pelos trabalhadores. E rejeitou o estafado argumento da «produtividade», que tem crescido, aliás, muito acima dos salários: «nesta empresa, por exemplo, não falta produtividade. Há é turnos a mais, intensidade de trabalho a mais e salário a menos.»
O abaixo-assinado
Aumentar salários e pensões para uma vida melhor
Senhor Primeiro-Ministro,
Os trabalhadores, os pensionistas, os jovens, o povo, confrontam-se com grandes dificuldades nas suas vidas.
Os salários e as pensões são baixos (dos mais baixos da União Europeia) e não acompanham os preços dos alimentos, dos combustíveis, da habitação.
Os serviços públicos degradam-se e a vida de cada um é difícil.
As opções do Governo pelos interesses e pelos lucros escandalosos dos grupos económicos significam incerteza na vida de quem trabalha ou trabalhou.
Basta de exploração, injustiças e desigualdades.
Porque não tem de ser assim, precisamos, exigimos e temos direito ao aumento geral dos salários e pensões, que valorize o poder de compra, à habitação, com a redução dos seus custos, à defesa e melhoria dos serviços públicos, em particular o Serviço Nacional de Saúde, a Escola Pública e uma rede pública com creche gratuita para todas as crianças.
Queremos uma vida melhor e um País com futuro, desenvolvido e soberano.