Anne Morelli, historiadora belga especialista em história das religiões e das minorias, inspirou-se na obra do diplomata e pacifista britânico Lord Ponsonby, “A Mentira em tempo de guerra: a propaganda falsa na Primeira Guerra Mundial”, de 1928, para definir os dez princípios da propaganda de guerra. Reeditada em 2010, revista e aumentada, a obra analisa o papel da propaganda desde a Primeira Guerra Mundial a guerras mais recentes, designadamente na Jugoslávia, Golfo, Kosovo, Afeganistão, Iraque. A actualidade dos dez “mandamentos” é notória: 1.º Não queremos guerra; 2.º A parte contrária é a única culpada da guerra; 3.º O inimigo é intrinsecamente mau e assemelha-se ao diabo; 4.º Defendemos uma causa nobre e não os nossos interesses; 5.º O inimigo comete atrocidades deliberadamente, os nossos erros são involuntários; 6.º O inimigo usa armas proibidas; 7.º Sofremos pequenas perdas, as do inimigo são enormes; 8.º Artistas e intelectuais reconhecidos apoiam a nossa causa; 9.º A nossa causa é sagrada; 10.º Todos os que duvidam de nós são traidores. Os “mandamentos” de Anne Morelli são facilmente detectáveis nos media corporativos ocidentais, mesmo em situações não declaradas de guerra, e visam cativar o apoio da opinião pública a políticas de agressão. A obra está publicada em Portugal pelas Edições Avante!.