- Nº 2651 (2024/09/19)

A resistência e a luta estão aí e vão intensificar-se

Opinião

O PSD, através da intensa propaganda do seu Governo, tenta passar a ideia de que a política de direita ao serviço dos grupos económicos que está a realizar se destina a corrigir a política, também de direita, do anterior governo do PS. E com o mesmo Orçamento, já que não foi alterado após a tomada de posse deste governo.

Entretanto, há meses que os portugueses são diariamente agredidos com a novela mediática – em que o Presidente da Republica tem papel destacado – sobre se o Orçamento para 2025 vai ou não ser aprovado. Tudo isto acontece quando não existe ainda nenhuma proposta de Orçamento para ser discutida.

Aquilo que pode ser dado como certo, porque nisso eles estão de acordo, é que o negócio da doença continuará a transferir para os cofres dos grandes capitalistas milhões do Orçamento do Estado. Que os fabulosos lucros conseguidos com a ditadura das grandes superfícies sobre os agricultores e os consumidores estarão garantidos. Também é certo que os obscenos lucros dos bancos – autêntica vergonha nacional – estão seguros para os banqueiros. Garantido estará que o grande patronato, sob o chapéu do Governo PSD/CDS, com o apoio ou cumplicidade do PS, Chega e IL, resistirá até ao limite à luta dos trabalhadores e das populações por melhores salários e reformas e pela defesa dos serviços públicos.

É assim há mais de 40 anos. Quando chegam ao poder, PS e PSD colocam o conta quilómetros a zero, dão uma nova pintura no carro e tentam vendê-lo como novo. E, por isso, podem continuar com mais esta novela sobre as supostas “divergências”, mas não alteram os factos e a realidade. Com alguma diferença no tempo em que governaram, são os responsáveis pela situação a que o País chegou, com destaque para as graves consequências no plano social, na economia do País e na perda de soberania nacional.

Privatizações dos sectores estratégicos da economia, com a entrega a preços de saldo a grandes grupos económicos de empresas estratégicas para o desenvolvimento económico do País; destruição do aparelho produtivo nacional – indústria, agricultura e pescas; alteração das leis laborais a favor do patronato; desigual e injusta distribuição da riqueza – são alguns dos crimes levados a cabo contra os trabalhadores, o povo e o País.

 

Resistência e luta

Mas a resistência e luta dos trabalhadores e das populações continua e está em marcha. O Conselho Nacional da CGTP-IN convocou uma grande jornada de luta, que terá inicio a 7 de Outubro e terminará com uma grande manifestação em Lisboa e no Porto a 9 de Novembro.

O Partido lançou, no comício da Festa do Avante!, a campanha «Mais salários, mais reformas, para uma vida melhor». Esta acção terá início dia 26 de Setembro em todo o País e vai decorrer até ao aniversário do Partido, em Março de 2025. Até lá, todas as organizações do Partido estarão nas empresas e locais de trabalho, nos transportes públicos, escolas, junto dos reformados e na rua, a recolher assinaturas com um abaixo-assinado que tem como objectivo a recolha de 100 mil assinaturas.

Nesta alargada acção de contacto e mobilização, colocaremos os salários no primeiro plano do debate político. Ao mesmo tempo que dinamizamos e participamos na luta de massas e tomamos a iniciativa na acção política, preparamos o nosso XXII Congresso (a realizar nos dias 13, 14, e 15 de Dezembro em Almada).

Mais uma vez, todos poderão verificar que o PCP é o Partido mais democrático do País. Ao contrário do que acontece com outros, neste Partido os seus militantes não são impedidos de dar opinião e propor alterações aos documentos em discussão. Pelo contrário, a opinião de cada um é estimulada, valorizada e vista como uma riqueza a ser incorporada nas decisões e na luta organizada, por uma sociedade mais justa. De 26 de Setembro até 9 de Dezembro todos os militantes do Partido serão chamados a fazê-lo. Neste tempo em que a natureza exploradora, desumana e opressora do capitalismo é cada vez mais evidente, reforça-se a justeza e a actualidade do projecto comunista e a necessidade da luta por uma sociedade liberta da exploração do homem pelo homem.

Armindo Miranda