- Nº 2650 (2024/09/12)

Ideias e soluções em debate para acção transformadora

Festa do Avante!

No Espaço Central, a análise da situação nacional e as propostas do PCP foram esmiuçadas por dirigentes e eleitos do Partido e por vários convidados, no Fórum e no Auditório, onde decorreram 14 debates, entre a noite de sexta-feira e a tarde de domingo.

Estarem umas dezenas de pessoas, por vezes além dos lugares sentados, a ouvirem atentamente intervenções sobre temas actuais da política nacional e a tomarem a palavra, para interpelarem oradores e ouvintes, é uma reconfirmada característica da Festa do Avante!. Com tantas actividades no programa, com tantos encontros de amigos e familiares, continua a ganhar lugar de relevo a discussão de ideias, problemas e soluções, sempre ligando o debate à acção transformadora diária de comunistas, aliados e outros democratas.

Foi com plateia completa que decorreu, no sábado, a partir das 15 horas, o debate designado Camões, poeta do povo num mundo em mudança, tema que continuará bem presente na agenda do Partido até ao final de 2025.

O programa do PCP para as comemorações dos 500 anos do nascimento do poeta foi apresentado por Manuela Pinto Ângelo, do Secretariado do Comité Central do Partido, que moderou o debate. Alargar o conhecimento e a fruição da obra de Luís de Camões, vendo-o inserido no seu tempo, é um dos principais objectivos desta programação, destacou.

Sobre o mundo em mudança em que viveu Camões, dissertou José Augusto Esteves, da Comissão Central de Controlo do PCP. Empurrada a navegação portuguesa costa abaixo, a descoberta de novas realidades veio demolir muito pensamento falso e dogmático – o que influenciou a visão camoniana do mundo, com reflexo na obra poética.

Responsabilizando políticas desastrosas no ensino, que têm criado gerações empobrecidas no conhecimento e nas capacidades, António Carlos Cortez focou-se no facto de estarmos a falar de «esse desconhecido». Professor, investigador, escritor e poeta, sublinhou a pertença de Camões ao povo e citou diversas estrofes de Os Lusíadas que mantêm actualidade.

Ganhando dimensão universal, Luís de Camões foi «poeta do povo e da pátria», acentuou Manuel Rodrigues, membro da Comissão Política do Comité Central do PCP e director do Avante!. Tal patriotismo contrariou o que predominava nas elites. Os versos camonianos inspiraram a restauração, em 1640, e foram, também noutras páginas da história, arma de defesa da soberania nacional.

Com as comemorações dos 50 anos ainda bem vivas na memória e nos corações, teve lugar no sábado, ao final da tarde, no Fórum, um debate intitulado 25 de Abril – Revolução emancipadora. Projecto de futuro.

Moderado por João Frazão, contou com intervenções iniciais de outros três membros da Comissão Política do Comité Central do PCP: Jaime Toga deteve-se sobre momentos da história do processo revolucionário, recordando responsáveis pelos avanços da contra-revolução, mas lembrando também quem, de forma consequente, defendeu a revolução e as aspirações do povo; João Oliveira debruçou-se sobre a Constituição e o papel que lhe cabe na luta política, desmontando ideias muito repetidas sobre a Lei fundamental, como ser «datada», quando a dos EUA vem de 1787; Ricardo Costa centrou-se na necessidade de reforçar o PCP, determinante na resistência antifascista, nos avanços revolucionários e no combate para travar a contra-revolução, tal como para abrir caminho a uma política alternativa e uma alternativa política.

Catarina Menor, da Comissão Política da Direcção Nacional da JCP, sublinhou que Abril deu «o direito a sermos quem somos», mas assinalou problemas e dificuldades que hoje se colocam a estudantes (até com obstáculos à sua organização em algumas escolas) e jovens trabalhadores (que sofrem, como todos, os efeitos dos baixos salários e da elevada precariedade).