INTERVIR COM CONFIANÇA

«Em festa e em luta, por uma outra política»

Às 18 horas de amanhã, serão abertas as portas da Quinta da Atalaia, na Amora/Seixal, dando-se assim início à quadragésima oitava edição da Festa do Avante!, a Festa de Abril, festa dos trabalhadores, do povo, festa da juventude, festa que, volvidos 48 anos, sempre na trajectória da qualidade, que todos os anos vai assumindo, continua a ser «a maior, a mais extraordinária, a mais entusiástica, a mais fraterna e humana, jamais realizada no nosso País», como, perante a sua primeira edição,a caracterizava Álvaro Cunhal, em 1976.

Durante três dias vamos ter um programa diversificado com uma marcante dimensão cultural e uma forte dimensão política em que sobressai como momento particularmente significativo o comício da Festa.

Entretanto, como o PCP tem vindo a alertar, os problemas nacionais vão-se agravando, em consequência da política de direita que o Governo PSD/CDS (com a cumplicidade ou apoio do PS, Chega e IL) vai aprofundando, com graves consequências para os trabalhadores, o povo e o País.

É o caso, em particular, do que se está a passar no domínio da saúde onde, como o PCP, mais uma vez, denunciou na semana passada, não há médicos, não há urgências de obstetrícia abertas, não há urgências de pediatria abertas, não há urgências gerais abertas levando as pessoas a recorrer aos cuidados de saúde do sector privado, para quem o Governo, ao mesmo tempo que desinveste no SNS, transfere cada vez mais meios.

Foi o que aconteceu com a aplicação do chamado Plano de Emergência para a Saúde que o Governo anunciou e que, como se está a ver, se traduziu simplesmente no agravamento do funcionamento do SNS e na criação de melhores condições, nomeadamente pela transferência de utentes, para engrossar assim os lucros dos grupos económicos.

De acordo com o INE há mais hospitais privados (131) do que hospitais públicos (112), mas o acesso aos cuidados de saúde nunca foi tão difícil como hoje, o que demonstra, contrariamente ao que afirmam as forças de direita, que o privado não é solução, nem garante o acesso à saúde, porque o que lhe importa não é a saúde, mas o negócio da doença e a maximização dos seus lucros. 

A transferência de recursos financeiros do SNS para os grupos privados, serve para tirar cada vez mais profissionais de saúde do SNS e para o seu progressivo desmantelamento. Cada euro que vai do orçamento da saúde para os grupos privados, são mais profissionais de saúde que saem do SNS, são menos recursos para assegurar os meios e as condições de funcionamento das unidades e dos serviços de saúde do SNS.

Ora, o que se impõe é a valorização dos salários e das carreiras para atrair e fixar profissionais no SNS.

Em véspera da abertura do novo ano lectivo, também a escola pública se vê confrontada com graves problemas, onde faltam, nomeadamente, centenas de professores; faltam vagas nas creches e na educação pré-escolar para poder responder aos direitos e necessidades das crianças e dos pais; expostos a um crescente desinvestimento, os serviços públicos vão-se degradando, tornando mais difícil o acesso às funções sociais do Estado; a produção nacional enfrenta grandes dificuldades, como o Secretário-Geral do PCP deixou claro na visita que fez à AgroSemana (Póvoa de Varzim) na sexta-feira passada, ao sublinhar a importância da produção nacional, ao mesmo tempo que manifestava a solidariedade do PCP aos produtores que têm sido vítimas do processo de liberalização e concentração da produção (em particular, nos sectores leiteiro ou vitivinícola), anunciando que o PCP vai chamar à Assembleia da República o ministro da Agricultura.

E o Governo prossegue a política de privatizações, contra o País, como na TAP, numa semana em que a Inspecção Geral de Finanças confirmou o que o PCP sempre denunciou: a TAP foi comprada com o dinheiro da própria TAP. Mais um crime económico que terá de ter consequências.

E, a culminar os problemas que nos afectam estão os baixos salários, as baixas pensões e os graves problemas de acesso à habitação.

Combatendo esta política e procurando abrir caminho à alternativa patriótica e de esquerda que resolva os problemas desenvolve-se a luta dos trabalhadores e das populações.

Articulada com essa luta, desenvolve-se também a intervenção do PCP, tomando a iniciativa pela resolução desses problemas.

É pois de grande importância valorizar a preparação do seu XXII Congresso que se vai realizar a 13, 14 e 15 de Dezembro em Almada e que, sendo um momento importante para a afirmação e reforço do PCP, é igualmente importante para os trabalhadores, o povo, pelo seu papel necessário, indispensável e insubstituível na luta pelos direitos e pela concretização da política alternativa de que o País precisa para assegurar desenvolvimento e justiça social

Por isso, assumindo o seu compromisso de sempre com os trabalhadores e o povo, em luta e em festa, o PCP continuará a afirmar os valores de Abril e a intervir, com confiança, pela projecção desses valores no futuro de Portugal.