- Nº 2648 (2024/08/29)

SERÁ A LUTA A DETERMINAR AS RESPOSTAS

Editorial

A realidade nacional continua marcada por um brutal contraste: de um lado, os lucros alcançados pelos grupos económicos; do outro, as dificuldades sentidas pela generalidade dos portugueses, que a brutal propaganda não consegue iludir.

De facto, esta acumulação (e crescimento) brutal dos lucros dos grupos económicos é tão mais escandalosa quanto comparada com uma realidade marcada por baixos salários e pensões, pela desvalorização dos direitos, pela subida dos preços de bens e serviços essenciais, por crescentes dificuldades no acesso à habitação, pela rápida degradação dos serviços públicos, em particular do SNS, e ainda por sérios problemas com que se confrontam milhares de pequenas e médias empresas, também elas vítimas do processo de concentração e centralização de capital.

Perante esta realidade, o Governo PSD/CDS comporta-se como um agente ao serviço do poder económico e recorre à demagogia e à mentira para disfarçar a sua política.

Exemplo disso é a tese que procura projectar a ilusão de que, descendo os impostos aos mais ricos se aumenta o rendimento dos mais pobres, quando, na verdade, a descida do IRC para 15%, que o Governo quer concretizar (a que quer somar a redução ou mesmo a eliminação da derrama), o que significaria desviar em beneficio dos grupos económicos , só nos primeiros quatro anos, 4500 milhões de euros de recursos públicos, que fazem falta aos salários, à saúde, à educação, aos serviços e investimento público.

Exemplo disso foram igualmente as três medidas recentemente anunciadas pelo primeiro-ministro, que não vêm resolver qualquer problema real dos portugueses e só servem o seu objectivo de propaganda.

Este é, aliás, um Governo perito nestas operações, para desviar a atenção das opções políticas que assume e que se traduzem em medidas concretas para agradar ao poder económico, enquanto se agrava a situação dos trabalhadores, dos reformados, dos jovens, dos micro, pequenos e médios empresários, dos pequenos e médios agricultores e se deixa sem solução os problemas nacionais. Veja-se a operação em curso sobre as presidenciais, nomes e perfis. Uma fuga para a frente para desviar atenções.

É neste quadro que se desenvolve a abordagem que está a ser feita sobre o próximo Orçamento do Estado, na base da ilusão de que é possível responder àquilo que o povo e o País precisam sem pôr em causa a política de direita e as imposições da União Europeia, sem pôr em causa o poder e os lucros, cada vez maiores, do grande capital, opções que todos, PS, PSD, CDS, Chega e IL, de uma forma ou doutra, partilham.

É precisa outra política, patriótica e de esquerda, a política alternativa que o PCP defende e propõe ao povo português. Uma política que promova o aumento geral dos salários e das pensões para melhorar as condições de vida dos trabalhadores e do povo e desenvolver o País; que distribua melhor a riqueza; que assegure os recursos necessários ao funcionamento e investimento nos serviços públicos e salve e defenda o Serviço Nacional de Saúde; que defenda e valorize a produção nacional; que resolva os problemas de acesso à habitação e ao transporte público; que garanta o direito à creche gratuita; que promova a justiça fiscal.

Mas para tornar possível esta outra política, o PCP insiste que é preciso intensificar a luta dos trabalhadores e das populações, sem a qual não haverá resposta aos problemas. Luta que em pleno mês de Agosto assumiu diferentes expressões, quer no sector da saúde, quer na aviação civil e no transporte rodoviário de passageiros, quer nas indústrias hoteleira (SUCH) e conserveira, na AIMA, na grande distribuição e em numerosas empresas e locais de trabalho. Lutas que envolvem também as populações em defesa dos serviços públicos, desde logo, o SNS, como aconteceu na concentração convocada pelo PCP na passada quinta-feira, frente ao Hospital do Barreiro e em defesa do direito à mobilidade e à habitação.

O PCP reforça também a sua exigência pelo fim da guerra na Ucrânia e de uma política de promoção da Paz, no continente europeu e o fim do genocídio, o fim da barbárie perpetrados por Israel contra o povo palestiniano, com as armas dos EUA e a cumplicidade da UE.

E é também neste quadro de luta por respostas aos problemas que se vem desenvolvendo a acção do PCP, tomando a iniciativa, e preparando a 48.ª edição da Festa do Avante! - já daqui a uma semana – divulgando a Festa e promovendo a venda antecipada da EP por todo o País. Festa do Avante! que será uma imensa expressão de beleza, luta e confiança, um importante estímulo à acção pela resolução dos problemasnacionais e uma grande contribuição para a preparação do XXII Congresso do PCP, que se realiza a 13, 14 e 15 de Dezembro, em Almada.