- Nº 2647 (2024/08/22)

Fixar e atrair profissionais de saúde ao SNS

PCP

Na sequência das declarações do primeiro-ministro na festa do Pontal, o PCP criticou, anteontem, dia 20, a estratégia do Governo para a área da Saúde, que considerou ser insuficiente, demagógica e alicerçada em mera propaganda.

A reacção do Partido surgiu numa declaração prestada por Jorge Pires, membro da Comissão Política do Comité Central, que evidenciou o o avolumar das dificuldade de acesso aos cuidados de saúde no SNS. Esta questão, apontou, «não se resolve com a estratégia do Governo PSD/CDS em criar a ilusão de que está a enfrentar os problemas que afectam o Serviço Público e que estão na origem dos encerramentos nas urgências de obstetrícia e pediatria e nos atrasos nas cirurgias e consultas da especialidade».

«O discurso do primeiro-ministro na festa do Pontal e as medidas que aí anunciou são risíveis», criticou. «A gravidade da situação não tem resposta com actos de propaganda que acabam por criar uma situação de grande insegurança a quem precisa de recorrer aos cuidados de saúde», continuou, apontando que a principal medida que Luís Montenegro apresentou como realização sua foi a da «criação da linha telefónica especial para grávidas que no essencial as encaminha para soluções que as obrigam, nalguns casos, a deslocações de horas e centenas de quilómetros».

«É falso que a situação seja hoje melhor do que quando tomou posse», pois, «nesta competição com o PS para ver quem faz pior, confirma-se que a responsabilidade da situação actual é partilhada por sucessivos governos do PS, PSD/CDS, particularmente nos últimos 25 anos», explicou.

Segundo o dirigente, a principal dificuldade do SNS reside no facto de muitos profissionais, «nomeadamente médicos, enfermeiros e técnicos superiores de saúde», terem vindo a trocar o serviço público pelos grupos económicos, insatisfeitos que estão com a «desvalorização das suas carreiras, salários injustos e falta de condições de trabalho em muitas unidades».

Soluções de banha da cobra
«Perante esta situação quais foram as soluções milagrosas apresentadas pelo primeiro-ministro?», interrogou. «Abrir mais duas faculdade de medicina na Universidade de Évora e na Universidade de Trás-os-Montes, quando é sabido que a formação de um médico com a especialidade concluída leva no mínimo mais de uma década», respondeu.

Para o PCP, a criação de duas novas escolas só pode ser entendida enquanto «demagogia e falta de respeito pela inteligência dos portugueses». «É agora que o SNS precisa de mais médicos, pelo que a solução passa por recuperar para o serviço público aqueles que foram saindo e interromper este ciclo de saídas no final da formação de muitos jovens médicos», o que só será possível com a «valorização das carreiras, salários justos e melhores condições de trabalho», explicou, acrescentando que o mesmo é exigido para enfermeiros, técnicos superiores de saúde e outros grupos profissionais.