OS PROBLEMAS EXIGEM RESPOSTAS CONCRETAS E IMEDIATAS

«É preciso mudar de política»

O Governo PSD/CDS continua apostado em agravar os problemas com que os portugueses se confrontam.

Dando cobertura à sua acção com a operação de propaganda com que tenta fazer passar a ideia que está a resolver os problemas dos portugueses, o que verdadeiramente norteia a acção do Governo é o seu compromisso com o capital monopolista que, em poucos meses, viu aumentados os seus lucros à razão de 29 milhões de euros por dia, arrecadou milhões e milhões de euros em fundos e benefícios, viu anunciada a redução do IRC para 15 por cento, que lhe vai render, nos primeiros quatro anos, 4,5 mil milhões de euros.

Foi por isso, sem surpresa, que assistimos à intervenção do primeiro-ministro na festa do PSD do Pontal, onde anunciou três medidas que mais não são do que manobra de diversão para desviar as atenções dos problemas que se agravam, nomeadamente no Serviço Nacional de Saúde, para encobrir a fuga à resolução dos problemas reais do País e para dissimular a verdadeira natureza de classe da sua política, a favor dos grupos económicos.

Sobre estas medidas o que o PCP denunciou foi que o primeiro-ministro nada tenha dito sobre a questão dos salários, que precisam de um aumento geral e significativo, como questão estratégica para elevar o nível de vida dos trabalhadores e estimular o desenvolvimento da nossa economia.

É preciso também valorizar as reformas e as pensões, para repor o poder de compra perdido e dignificar a vida dos reformados e pensionistas, questão que não se resolve com um suplemento extraordinário em Outubro ou com o complemento solidário para idosos. Exige-se, sim, o aumento substantivo de todas as reformas e pensões, como o PCP propõe, um aumento extraordinário de 7,5%, no mínimo de €70. 

Sobre a habitação, que também não mereceu qualquer referência ao primeiro-ministro, o que grande parte dos portugueses sentem é que os problemas se agravam, como se agravam os problemas com a escola pública, que, em vésperas da abertura de novo ano lectivo, continua com falta de professores e outros profissionais de educação.

É preciso e é urgente resolver os problemas do SNS, como ainda na passada terça-feira, o PCP reafirmava ao colocar, mais uma vez, a urgência da valorização dos seus profissionais, nomeadamente os médicos e os enfermeiros. É necessário e urgente valorizar a sua remuneração-base, aumentando significativamente os seus salários, valorizando as suas carreiras e encontrando formas de fixar e de trazer para o Serviço Nacional de Saúde muitos médicos que nele fazem falta.

São estas respostas concretas que são necessárias. São exactamente estas respostas concretas que nós não encontrámos na intervenção do primeiro-ministro. Falou várias vezes na transformação estratégica, na transformação estrutural de Portugal. Sim, há, de facto, transformação estratégica e estrutural, mas é para os grupos económicos, que concentram cada vez mais riqueza, enquanto aqueles que a produzem enfrentam crescentes dificuldades, ou mesmo, empobrecem a trabalhar. 

E, depois, não se venha dizer que não há dinheiro. Há dinheiro, sim, está é mal distribuído. O que faz falta é uma outra política, uma política alternativa patriótica e de esquerda com medidas efectivas para um investimento naquilo que é fundamental para os trabalhadores, para o povo e para o País: uma aposta clara na valorização dos salários, das pensões e dos serviços públicos (com destaque para o SNS); na resolução dos problemas de acesso à habitação, à creche gratuita, ao transporte público; na dinamização da nossa economia, na defesa e promoção da produção nacional.

São estas respostas que nós não vemos na acção do Governo PSD/CDS, comprometido que está com o política de direita, procurando aprofundar, com o apoio ou cumplicidade do PS, Chega e IL, o rumo político do anterior governo.

No plano internacional, destaca-se a situação no Médio Oriente marcada por novos ataques de Israel na Faixa de Gaza e no Líbano, que intensificam o massacre do povo palestiniano, com ataques a civis, enquanto decorrem negociações em Doha (Qatar). Negociações em que Israel, com o apoio dos EUA, levanta novas dificuldades e procura inviabilizar um verdadeiro cessar-fogo, tentando simultaneamente responsabilizar o lado palestiniano por esse fracasso.

No momento em que nos encontramos a duas semanas do início da Festa do Avante! importa manter como prioridade, no trabalho da sua preparação, a venda antecipada da EP e a divulgação da Festa.

E é neste quadro político e social, com o desenvolvimento da luta dos trabalhadores em diversas empresas e locais de trabalho e das populações pelos seu direito a serviços públicos de qualidade (desde logo, ao SNS e à escola pública) e da iniciativa e reforço do PCP que se prepara, com determinação confiante, o seu XXII Congresso, sob o lema «Força de Abril. Tomar a iniciativa, com os trabalhadores e o povo. Democracia e Socialismo».