1847 – Nasce Chiquinha Gonzaga

Filha de um militar ilustre e de uma descendente de escravos, Francisca Edwiges Neves Gonzaga teve uma educação burguesa. Estudou português, cálculo, francês e piano, em que cedo se destacou. O casamento imposto pelo pai e os preconceitos da sociedade patriarcal e esclavagista brasileira não refreiam a futura Chiquinha Gonzaga, ilustre pianista e compositora. Precursora em várias frentes, Chiquinha foi a primeira mulher a compor para o teatro nacional; fundou, em 1917, a primeira sociedade de direitos de autor, a Sociedade Brasileira de Autores Teatrais; foi a primeira brasileira a dirigir uma opereta, atrapalhando a imprensa por falta de léxico: maestrina era (e por vezes ainda é), uma palavra desconhecida. Chiquinha participou também nas grandes causas sociais da época, nomeadamente no combate à escravatura. Mulher muito à frente do seu tempo, enfrentou a escândalo do divórcio, acusada pelo marido, que quis proibi-la de tocar piano – de “abandono do lar e adultério”, e garantiu a subsistência através da música, facto então inédito. Chiquinha Gonzaga musicou dezenas de peças de teatro de grande sucesso, como "Forrobodó", que bateu o recorde de permanência em cartaz, dirigiu um original concerto de violões e criou marchas carnavalescas eternas como ‘Ó abre alas’.