Dia Internacional da Juventude

«Afirmar o mundo novo com que sonhamos»

André Marques

A juventude está em luta contra todas as formas de opressão e discriminação

No dia 12 de Agosto assinala-se o Dia Internacional da Juventude. Num contexto de aprofundamento da exploração e em que a estratégia militarista do Imperialismo se intensifica e atira aqueles que falam em paz para um canto, cresce a urgência da luta da Juventude contra o abismo para onde as classes dominantes nos querem atirar, assumindo um papel determinante naquelas que são as transformações sociais que os tempos exigem.

No quadro nacional, o novo governo da AD já demonstrou para quem governa e a que interesses responde, e, justiça seja feita, se há algo de que não se pode acusar este governo é de falta de consistência, sendo que o mesmo ataca de igual forma trabalhadores, estudantes, mulheres, reformados e imigrantes.

Para a juventude, sobrou o “presente” de um novo ministério, que discorre diariamente sobre matéria fiscal e o seu impacto na vida dos jovens, técnica inserida numa mais ampla ofensiva contra os trabalhadores, que procura mudar o foco da discussão sobre o trabalho para os impostos, mitigando a essência do problema: a contradição entre salários de miséria e uma produção crescente para lucros cada vez mais elevados.

Apesar de tudo, os jovens não perdem o foco daqueles que são os objectivos e a sua luta.

Quando o governo insiste em manter a caducidade da contratação colectiva e os horários de trabalho desregulados, os jovens voltam a afirmar que aquilo que exigem é trabalho com direitos, o aumento geral dos salários e as 35 horas para todos, como fazem a cada Dia Nacional da Juventude, que se celebra a 28 de Março. Quando no ensino profissional continuamos a verificar uma obscena carga horária, responde-se com luta. No ensino secundário, onde os exames nacionais e a falta de professores voltarão a deixar à porta do ensino superior milhares de jovens que nele gostariam de ingressar, os jovens respondem com luta. No ensino superior, no passado dia 21 de Março, os estudantes voltaram a marcar o Dia Nacional do Estudante com uma luta que viu mais de 2000 jovens nas ruas de Lisboa, pelo fim da propina, por mais alojamento e por mais e melhor acção social escolar.

A Juventude está em luta, e de forma permanente, contra todas as formas de opressão e discriminação, por um meio ambiente sadio, pela abertura democrática da cultura a todos e pela promoção do desporto e de hábitos de vida saudáveis, continuando a dar combate à política de direita que coloca em suspenso o seu futuro arruinando o seu presente.

Quem ainda tenha dúvidas de que cada vez mais jovens se identificam com um projecto político radicalmente diferente do que existe, então que olhe para as ruas e sinta a força daqueles que sabem que está nas suas mãos o mundo novo porque sonhamos, como a acção da JCP tão correctamente aponta. Ou que procure pelas conclusões do último Encontro Nacional da Juventude, realizado no ano passado, na cidade de Guimarães. Conclusões que alguns quererão esconder mas que têm a marca de uma discussão profunda entre mais de 700 jovens que falaram, sem preconceitos ou ideias preconcebidas, sobre os seus problemas e sobre a forma de os resolver.

Fruto deste encontro saiu um documento que contém, para além de uma riqueza particular quanto às propostas concretas que defende, traços de um caminho claro, que têm na sua natureza o enraizamento que Abril e seu projecto emancipador têm nos jovens portugueses: a defesa de um país soberano, com educação verdadeiramente pública, gratuita e democrática, trabalho com direitos, habitação para todos; um país onde possamos ser quem somos, sem barreiras e com o direito a sonhar.

Assinala-se o dia 12 de Agosto, Dia Internacional da Juventude, que alguns querem contrapor ao 28 de Março, Dia Nacional da Juventude, que é até hoje celebrado em luta para assinalar o acampamento em Bela Mandil, promovido pelo MUD Juvenil, onde muitos jovens afirmaram a paz, a liberdade e a democracia, tendo sido violentamente reprimidos pela polícia fascista. Um dia que caracteriza a força e verticalidade da juventude.

Na JCP continua-se no trilho em que sempre se esteve, aprofundando a ligação às massas juvenis, estando onde os jovens estão, procurando compreender os seus sentimento e provando, no dia a dia, a importância da luta organizada, pois estamos certos de que «a mão da juventude ao trabalhar o presente vai criando um Portugal diferente».

 



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