As ciências em Portugal são «portas que Abril abriu»
«As Ciências em Portugal, as portas que Abril Abriu» é o lema deste ano no Espaço Ciência da Festa do Avante!, que pretenderá relevar a importância da Revolução para a evolução do conhecimento no País: experiências, jogos, debates é parte do que o espaço terá para oferecer.
O Avante! conversou com o Grupo de Trabalho da Ciência, que tem como tarefa propor e desenvolver temáticas e abordagens para cada uma das edições da Festa. Na sua sala notam-se os «vestígios comprometedores» do espaço de trabalho e de reflexões ao longo de anos: equipamentos de laboratório, quadros com etiquetas, plantas de projectos, planos de trabalho, agendas cronológicas e até maquetas do espaço físico da exposição.
Só este ano, com lutas e eleições pelo meio, houve sete reuniões deste colectivo, que já adiantou muito trabalho. O Espaço Ciência permanece no mesmo lugar, mas terá novos suportes de exposição, pontos fortes de observação e experiências para curiosos e especialistas, miúdos e graúdos, momentos de debate, reflexão e reconhecimento aos que, ao longo dos 25 anos, contribuíram para que a ciência chegasse aos visitantes da Festa de forma acessível, mas com rigor científico.
A conversa flui e somos conduzidos numa visita guiada, antecipada, à exposição. Na entrada, haverá uma introdução e um elemento «escultórico» simbolizando os 50 anos do 25 de Abril, feito com materiais reutilizáveis. No corredor central estará patente uma cronologia, dividida em três períodos, entre 1970 e 2024: dar-se-á relevo aos momentos mais destacados e marcantes das ciências em Portugal, do seu papel antes e depois de Abril, da importância da Constituição da República Portuguesa no desenvolvimento da Ciência, das instituições e das personalidades, da função social da ciência e da sua relação com os tempos e momentos políticos. E, ainda, as políticas públicas para a Ciência e as propostas do Partido.
Na Praça central da exposição haverá um cubo de grandes dimensões onde serão tratadas três grandes questões: a Ciência e a paz; o Partido e o futuro dos trabalhadores científicos; a retrospectiva das 25 exposições de Ciência na Festa.
Crianças, debates e muito mais
De um lado da praça, fica o Espaço Criança, que todos os anos atrai a atenção – e a presença – de filhos e netos, pais e avós. Do outro lado, o espaço de experiências, que uma vez mais contará com a colaboração do Núcleo de Física do Instituto Superior Técnico (NFIST). Entre eles situa-se o auditório, com uma programação digital a tempo inteiro, dois debates e uma evocação.
À semelhança de anos anteriores, será possível às crianças (e aos adultos) aprenderem brincando, para que os «pequenos cientistas» sintam a proximidade com a pedagogia, a criatividade, o conhecimento do que é complexo através de simples brincadeiras, onde não faltarão projecções, enigmas, oficinas de construção manual de objectos ligados ao tema, com materiais reutilizáveis e recicláveis.
O NFIST estará uma vez mais presente, como desde há anos, trazendo numerosas e diversificadas observações e experiências que os visitantes tanto admiram e valorizam.
No Auditório haverá uma mostra de «Artes e Letras das 25 Exposições de Ciência», que «correrá» a todo o tempo em formato digital, onde poderemos ver a literatura, a arquitectura, o cinema, a música, entre outras que são partilhadas por cientistas e artistas através do pensamento crítico e criativo. Haverá ainda espaço para «Curiosidades e Entretenimento», onde serão apresentadas várias personalidades da vida científica, com as quais interagiremos. Um espaço sério, mas com muita animação, é a promessa.
A programação já está definida e contará com dois debates que terão como eixo central as duas gerações de instituições e personalidades ligadas à Ciência em Portugal, onde serão confrontadas as experiências do passado recente, do presente e as perspectivas de futuro. Será ainda feito um reconhecimento aos profissionais que, ao longo destes 25 anos, conceberam e compuseram do ponto de vista gráfico as exposições.
O primeiro passo, recorde-se, foi dado por um grupo de militantes de Coimbra, que levaram à Festa de 1999 uma exposição sobre rochas e minerais.