- Nº 2639 (2024/06/27)

A História os julgará

Opinião

Os crimes e o genocídio em curso na Palestina, e a situação no Médio Oriente, são uma dantesca montra do carácter e natureza do regime sionista e das forças e poderes que o continuam a apoiar, desde logo os EUA. Esta semana foi marcada por vários crimes na Faixa de Gaza e na Cisjordânia que violam elementares princípios do direito internacional e humanitário. No sábado, dia 22, mais de 100 palestinianos foram mortos em apenas 24 horas na Faixa de Gaza. Trata-se da maior matança desde o dia 8 de Junho, quando Israel matou 274 palestinianos no campo de refugiados de Nuseirat. Já na sexta-feira, dia 21, o exército israelita tinha desencadeado vários ataques no sul da Faixa de Gaza. Um deles foi o bombardeamento ao Campo de refugiados al-Mawasi, onde foram mortos 25 palestinianos e atacadas as instalações do Comité Internacional da Cruz Vermelha, ali existentes e identificadas. No domingo, oito palestinianos foram mortos e vários outros ficaram feridos na cidade de Gaza, perto de instalações da UNRWA onde se abrigavam centenas de pessoas. Desde Outubro passado foram atacadas 188 instalações da ONU.

Os relatos do terreno indicam que os tanques israelitas avançaram ainda mais nas partes ocidental e norte de Rafah, adensando o perigo de um assalto total a esse último reduto. Os crimes israelitas não se limitam ao massacre directo de vidas. A destruição em Gaza é generalizada. Não escapam nem hospitais nem escolas (69% das quais estão destruídas, segundo a ONU). A fome alastra com a chegada do tempo quente, onde os alimentos se deterioram mais facilmente. As epidemias alastram devido à contaminação das águas. É um verdadeiro inferno. Mas não apenas em Gaza. Na Cisjordânia multiplicam-se os ataques. 553 mortos palestinianos desde Outubro passado. No sábado, em Jenin, numa das muitas incursões do exército israelita, um palestiniano ferido foi amarrado ao capot de um veículo militar e assim «passeado» pelas ruas de Jenin. São estes alguns exemplos do indizível crime que está a ocorrer na Palestina. E como se isso não bastasse, Israel aprova novos planos de guerra, desta feita contra o Líbano. Ao mesmo tempo afirma cinicamente que «a fase mais intensa» em Gaza poderá estar para terminar, informando simultaneamente que a guerra e a ocupação militar de Gaza continuarão.

Os EUA tentaram várias manobras e cortinas de fumo para esconder o seu apoio incondicional a Israel. Mas a verdade é mais poderosa. Nesse fim de semana de terror aterrava em Israel mais um carregamento de armamento vindo dos EUA. Nesse mesmo dia John Kirby afirmava que «nenhum outro país [os EUA] faz mais para ajudar Israel a se defender contra a ameaça do Hamas». Responsáveis de topo dos EUA garantiram a Israel que dariam todo o apoio em caso de guerra em grande escala contra o movimento Hezbollah, segundo notícia de sábado da CNN internacional. Na segunda, o ministro da Defesa Israelita viajou para Washington para encontros de alto nível onde, segundo o próprio, serão discutidos os «desenvolvimentos nas frentes Sul e Norte» (Gaza e Líbano). É esta a verdade: os EUA são tão culpados como Israel do inferno que ali estão a criar, e a conivência do dito «ocidente» também. A história os julgará, a todos.

Ângelo Alves