Julian Assange em liberdade após cinco anos preso em Londres

O jornalista e activista Julian Assange saiu da prisão de máxima segurança de Belmarsh, perto de Londres, na manhã de segunda-feira, 24, depois de ter ali passado 1901 dias. «O Tribunal Superior de Londres concedeu-lhe liberdade sob fiança e foi libertado durante a tarde no aeroporto de Stansted, onde embarcou num avião e deixou o Reino Unido», pormenorizou a plataforma WikiLeaks, onde foram publicados documentos classificados que denunciaram crimes de guerra dos EUA, razão pela qual Assange foi perseguido durante anos por Washington.

A WikiLeaks confirmou que os advogados do activista australiano conseguiram um acordo com o Departamento de Justiça dos EUA. O acordo prevê uma audiência num tribunal federal nas Ilhas Marianas, território norte-americano no Pacífico, sessão que estava prevista para ontem, 26.

«Depois de mais de cinco anos numa cela de dois por três metros, isolado 23 horas por dia, em breve reunir-se-á com a sua esposa, Stella Assange, e com os seus filhos, que só conheceram o pai atrás das grades», precisou a plataforma.

O fundador da WikiLeaks devia declarar-se culpado de algumas das acusações, como parte do acordo com as autoridades de Justiça norte-americanas, o que lhe permitiu sair em liberdade após passar cinco anos numa prisão britânica. Os procuradores dos EUA solicitaram uma condenação de 62 meses, ou seja, o tempo que Assange passou no cárcere de Belmarsh, o que permite ao activista regressar à Austrália.

Segundo a WikiLeaks, a libertação do jornalista é resultado de uma campanha global em que participaram organizações de base, defensores da liberdade de imprensa, legisladores, dirigentes de um amplo espectro político e até as Nações Unidas. Recorde-se que, no Parlamento Europeu, os deputados do Partido Comunista Português promoveram, com outros parlamentares, diversas iniciativas a exigir a libertação de Assange.

Ao longo de anos, a WikiLeaks publicou peças jornalísticas sobre corrupção governamental e abusos contra os direitos humanos, lembrou agora a plataforma criada em 2006. Entre as informações divulgadas, revelou crimes de guerra cometidos por militares dos EUA no Iraque e no Afeganistão.

«Como editor chefe, Julian pagou severamente por estes princípios e pelo direito do povo a saber», destacou a WikiLeaks, que agradeceu a todos os que apoiaram, lutaram e permaneceram totalmente comprometidos com a luta pela liberdade do activista.

A esposa, Stella Assange, pela sua parte, manifestou «imensa gratidão» a todos os que, ao longo de anos, se mobilizaram e apoiaram a libertação do marido.

Assange, de 52 anos, foi acusado em Maio de 2019 de conspirar para obter documentos classificados e publicá-los na sua plataforma WikiLeaks. Foi acusado de difundir informação classificada do governo dos EUA, «crime» pelo qual poderia ser condenado a 175 anos de prisão.

O fundador da WikiLeaks foi detido pela polícia inglesa na embaixada do Equador em Londres, em Abril de 2019, depois de ali ter estado asilado durante sete anos.

 



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