1938 – Três guinéus, de Virgínia Woolf

Em «Três guinéus», o livro de Virgínia Woolf em formato de carta-ensaio, a autora responde a um destinatário fictício que lhe coloca a questão: como evitar a guerra? Publicado em vésperas da Segunda Guerra Mundial, em plena Guerra Civil Espanhola e com a Áustria já anexada pela Alemanha nazi, a obra advoga a existência de uma estreita relação entre a sociedade patriarcal, o militarismo e a subordinação das mulheres a nível social, político e familiar. Considerado como um verdadeiro manifesto feminista, «Três guinéus» teve também uma versão abreviada na revista norte-americana The Atlantic Monthly, publicada em duas partes: «As mulheres devem chorar», seguida de «As mulheres devem chorar… ou unir-se contra a guerra». A resposta à questão inicial, dividida em três partes, ocupa mais de 200 páginas e defende a tese de que para evitar a guerra é necessária uma profunda alteração da sociedade, que inclui o acesso das mulheres à educação e ao mundo do trabalho, sem restrições. Numa sociedade justa e igualitária desaparecem o espírito belicista e os projectos fascistas que levam à guerra. A autora propõe-se contribuir com um guinéu (moeda de ouro britânica extinta em 1813) – um por cada parte do ensaio – a uma organização que pugne pelas mudanças propostas.