- Nº 2637 (2024/06/13)

Até quando?

Opinião

A verdadeira natureza do partido imperialista da guerra está à vista no massacre cometido pela aliança Israel-EUA, com o apoio indefectível das Von der Leyens desta União Europeia. Os crimes do fascismo sionista em nada ficam a dever aos crimes das outras variantes de fascismo. A barbárie dos últimos dias ultrapassa tudo o que é imaginável.

No final de Maio, Israel atacou o campo de refugiados de Tal as-Sultan, supostamente uma «zona segura». Foram mortas mais de 45 pessoas e mais de 200 feridas, na maioria mulheres e crianças (CNN, 28.5.24). Segundo a Al Jazeera (27.5.24) «muitos dos que morreram foram queimados vivos nas suas tendas». Acrescenta que «o abrigo no local do ataque fora criado em Janeiro, aquando da chegada de centenas de milhar de pessoas desalojadas, provenientes de outras partes da Faixa». Dias depois, um novo ataque mata mais 37 pessoas «a maioria das quais albergando-se em tendas» (AP, 29.5.24). Fossem animais, muitas vozes de indignação se ergueriam. Mas como são seres humanos, a comunicação social que sempre apregoa os «valores europeus» e «ocidentais» assobia para o lado.

Nos dias 6 e 7 de Junho, Israel bombardeou duas escolas geridas pela ONU, que acolhiam milhares de desalojados, provocando dezenas de mortos (AP, 7.6.24). Nos ataques foram usadas armas fornecidas pelos EUA (CNN, 7.6.24). No dia 8 de Junho, Israel comete um novo massacre no campo de refugiados de Nusseirat. Integrado numa operação de resgate de 4 israelitas detidos (e que matou 3 outros), o ataque israelita matou 274 pessoas, das quais 64 crianças, 57 mulheres e 37 idosos. Quase 700 pessoas ficaram feridas por bombardeamentos indiscriminados que atingiram dezenas de prédios de habitação e o mercado do campo. Embora os EUA desmintam a sua participação directa na operação, o New York Times titula (8.6.24) que «As informações dos EUA ajudaram Israel», acrescentando que «o Pentágono e a CIA têm estado a fornecer [a Israel] informações recolhidas nos vôos dos seus drones sobre Gaza, nas escutas às comunicações e de outras fontes», com a colaboração do Reino Unido. Vídeos confirmam que a operação militar israelita foi realizada junto ao pontão que os EUA construíram em Gaza, alegadamente para distribuir ajuda alimentar, mas cuja verdadeira natureza se confirma ser outra. As potências imperialistas são parte integrante do genocídio em curso.

Enquanto a comunicação social ajuda a silenciar e «normalizar» os crimes de Israel, preferindo atiçar a escalada de outras guerras – da Europa ao Extremo Oriente – o massacre do povo palestiniano continua. A ex-Embaixadora dos EUA na ONU, Nikki Haley, visitou Israel e escreveu nas bombas que iriam ser lançadas sobre Gaza: «Acabem com eles!» (Reuters, 29.5.24). O belicista Senador dos EUA, Lindsay Graham, deu luz verde para que Israel use armas nucleares em Gaza (presstv.ir, 13.5.24).

A heróica resistência do povo palestiniano e a onda de solidariedade mundial face ao genocídio causam clivagens nos EUA, na UE e mesmo em Israel. Há movimentações políticas em curso. Mas o massacre não terminou. E importa que o futuro não seja mais uma traição ao martirizado povo da Palestina. O que vimos ao longo destes oito meses é a verdadeira cara, a cara de sempre, do imperialismo e do colonialismo.

 

Jorge Cadima